SCR Altach 2-1 V. Guimarães: Quem era o estreante afinal?

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    A deslocação do Vitória ao Tivoli Innsbruck, casa emprestada do Altach para as provas europeias, poder-se-ia perspectivar como relativamente acessível para abrir as hostilidades no que a jogos oficiais dizia respeito. No entanto, a contabilidade final veio a demonstrar que as facilidades só no plano teórico fariam sentido, uma vez que a formação vimaranense acabou por ficar aquém das expectativas traçadas.

    Armando Evangelista optou por lançar de início Arrondel na lateral direita em detrimento de Pedro Correia, uma dupla de centrais formada por João Afonso e Moreno, entregando a lateral esquerda a Luís Rocha. No meio campo, ficou-se de imediato a perceber que a vertigem ofensiva não seria a nota dominante, ao escalar uma parelha defensiva com Cafú e Bruno Alves. Montoya ficaria com o papel de condimentar o meio campo, Alex e Valente nas alas e a dianteira reservada para Tomané.

    Os homens da casa rapidamente tentaram deixar vincada a sua posição, ameaçando seriamente as redes por duas vezes antes de se atingirem os cinco minutos da partida; valeu a falta de acerto de Netzer à entrada da pequena área e a boa estirada de Douglas momentos depois. Na outra baliza, Alex esteve perto de gelar a assistência com uma autêntica bomba que só a barra conseguiria suster. Iniciava-se assim o melhor período da turma portuguesa, facilmente se percebendo que o recurso à falta iria ser a mais eficaz forma de suster a maior capacidade técnica dos visitantes. Tomané dispôs de ocasião soberana com a baliza à sua mercê, mas uma intercepção in extremis evitou o golo à passagem do quarto de hora e escassos minutos depois, Lukse, com uma intervenção milagrosa, evitou um autogolo na sequência de um lance de bola parada.

    Poucos preveriam o desnorte que estava prestes a suceder. Num contra-ataque muito bem conseguido, só um corte em cima da linha por intermédio de Cafú evitou o golo do Altach, aliviando pela linha de fundo; do canto, e perante alguma passividade na marcação vitoriana, Mahop cabecearia para o fundo das redes de Douglas, levando ao delírio as hostes austríacas com o primeiro golo europeu de sempre da história do clube. Antes do intervalo, e uma vez mais de bola parada, o Altach podia ter ampliado a vantagem.

    O Vitória tendia nesta fase a conseguir ter durante mais tempo a posse do esférico, mas quase invariavelmente decidia de modo inconsequente. A tendência manter-se-ia no início da segunda metade, mas com uma quebra acentuada de qualidade na circulação de bola. Não obstante, e sem justificar tamanho fosso no marcador, o Altach haveria de fazer o segundo. João Afonso, algo ingénuo na abordagem a um passe longo, daria demasiado espaço a Aigner, que, na cara de Douglas, arrancaria a ferros uma grande penalidade. Bola para um lado, guarda-redes para o outro e missão bastante complicada para os comandados de Evangelista.

    O Altach fez a festa frente ao V. Guimarães Fonte: Site Oficial do Altach
    O Altach fez a festa frente ao V. Guimarães
    Fonte: Site Oficial do Altach

    Depois, e até à entrada de Henrique Dourado aos 70 minutos, quem assistiu ao jogo pôde presenciar uma quase total incapacidade do Vitória em furar a compacta muralha adversária e um Altach bastante satisfeito com o rumo dos acontecimentos. Alex, então, inventou uma assistência brilhante para Tozé (entrou para render Montoya aos 50’), que fugiu à apertada marcação e disparou cruzado para um golo que se pode vir a revelar decisivo na eliminatória. A confiança e o atrevimento que faltaram durante boa parte da contenda pareciam ter finalmente surgido e o recém entrado Henrique esteve muito perto de ter a estreia de sonho, servido com conta, peso e medida por Arrondel; valeu a segurança de Lukse uma vez mais.

    O jogo terminaria sem mais ocasiões de relevo, mas com uma certeza: a equipa portuguesa, apesar da derrota e da pálida imagem deixada em Innsbruck, tem outros pergaminhos para levar a melhor na eliminatória e seguir para o playoff de acesso à fase de grupos. Porém, a organização e a determinação evidenciadas na região do Tirol pelos homens da casa prometem uma segunda mão bastante intensa e sem vencedores antecipados. O jogo de hoje foi a prova cabal de que ter algum calo em provas europeias de nada vale se for desacompanhado de eficácia.

    A Figura: Lukse – O guarda-redes austríaco esteve bastante seguro e transmitiu essa confiança ao sector mais recuado. Com algumas excelentes intervenções segurou o triunfo histórico do Altach no jogo de estreia em provas da UEFA.

    O Fora de Jogo: Armando Evangelista – A opção pela dupla Cafú-Bruno Alves no meio campo mais defensivo foi a face mais visível do excessivo respeito perante um imberbe adversário nestas andanças. Tardou em mexer nas peças, mesmo quando esteve perto do descalabro. Tozé revigorou o meio-campo, Henrique entrou demasiado tarde e Licá foi chamado já nos descontos. Seguramente uma estreia para esquecer à frente da equipa principal.

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    Tiago Lima
    Tiago Limahttp://www.bolanarede.pt
    A simples referência à palavra “futebol” é suficiente para captar a sua atenção. Adepto do Vitória Sport Clube, que segue religiosamente, devora com voracidade todo o jogo que lhe apareça à frente, desde a Premiership à Premier League de Malta, com paragens frequentes na Bélgica, na Bolívia ou noutro qualquer apeadeiro desde que haja uma bola a rolar.                                                                                                                                                 O Tiago não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.