Chegam ao fim as competições de clubes e todas as atenções se viram para o Brasil. O Mundial 2014 está ai à porta e as convocatórias são as grandes incógnitas. Como adepto do bom futebol, estou naturalmente ansioso pelo pontapé de saída do Mundial. Como comentador do Porto, a minha atenção volta-se para os potenciais jogadores do clube que possam ter um bilhete de ida para o Brasil.
Para alguns jogadores a presença é certa. No México, tanto Herrera como Reyes carimbaram o passaporte para o Brasil. A escolha dos mexicanos do Porto não é surpreendente. Tanto Herrera como Reyes têm sido escolhas habituais na equipa do México e a convocação parecia garantida. Embora Reyes vá ser, provavelmente, suplente, Herrera é aposta habitual no miolo mexicano. Com uma corrente de jogo construída à volta do 4-3-3, é provável que Herrera vá ser um dos três homens a jogar de início pelo México.
Quem ainda não está certo mas tem o caminho aberto são os colombianos do Porto. Tanto Jackson como Quintero são nomes muito falados para a convocatória da Colômbia. Com Falcao ainda a recuperar de uma lesão grave – lesão no joelho que o chegou a pôr em dúvida a ida ao Mundial – Jackson tem espaço para finalmente sair da sombra de El Tigre. Existe, porém, a possibilidade de os dois avançados jogarem ao mesmo tempo. Caso José Pékerman, o seleccionador da Colômbia mantenha o esquema habitual de 4-4-2 Jackson, apresenta-se como o favorito para acompanhar Falcao na frente do ataque colombiano.
Para Quintero a titularidade é muito mais complicada. Embora seja um jogador de grande qualidade, com grande visão e técnica, na equipa da Colômbia joga um grande jogador que também passou pelo Porto: James Rodriguez. No 4-4-2 com número 10 é James que parte na pole position para ficar com o lugar. No entanto, aos 21 anos, Juan Quintero pode estar a caminho do seu primeiro Mundial pela selecção principal da Colômbia.
O grupo H é possivelmente o único grupo onde dois jogadores do Porto podem medir forças directamente. É composto pela Rússia, Bélgica, Argélia e Coreia do Sul e é daqui que vai sair o opositor de Portugal, partindo do pressuposto que a selecção das quinas passa a fase de grupos. Na Argélia, Ghilas deverá ser convocado mas vai ficar na sombra de outro argelino que joga em Portugal: Slimani, do Sporting. O esquema táctico argelino privilegia o ponto de lança único e Slimani parte para o Brasil como o dono da posição 9. Defour, pela Bélgica, pode ter um caminho mais fácil. O médio é uma peça influente no xadrez belga e já foi titular no passado. A Bélgica parte como favorita a vencer o grupo e é, potencialmente, o outsider mais forte tendo em conta a qualidade do plantel. Apoiados na classe de Hazard, Dembelé e Lukaku na frente de ataque, o miolo é assegurado pelo trio Witsel, Fellaini e Defour. Este trio de médios é muito forte na recuperação de bola e é capaz de construir jogo desde o seu próprio meio-campo.
Por cá, há várias incógnitas acerca de quem pode, do plantel do Porto, representar Portugal. O único jogador que aparenta ter lugar reservado para o Brasil é Silvestre Varela. O extremo ganhou quase que o estatuto de “jogador talismã” dentro das escolhas de Paulo Bento. Varela tem sido uma constante dentro dos convocados da selecção portuguesa e dificilmente vai perder esse estatuto. As grandes incertezas pendem sobre Quaresma e Josué. Josué foi debutante sobre a alçada de Paulo Bento mas não tem sido aposta fixa. Dos dois, é aquele com menos hipóteses de seguir para o Mundial. A grande dúvida recai então sobre Ricardo Quaresma, a situação mais delicada. Desde o seu regresso ao Porto que Quaresma têm mostrado que está numa forma invejável. Apesar dos 31 anos de idade, o Mustang tem fôlego para 90 minutos, é capaz de mexer no jogo e possui uma veia goleadora afinada.
Quaresma já afirmou que o Mundial é ambição pessoal e que tudo está a fazer para garantir o seu lugar. A história mostra que Quaresma não tem um feitio fácil. É um jogador que ferve em pouca água e que não está habituado a ficar no banco. O maior entrave à chamada à selecção nacional não pende sobre a qualidade do jogador, pende sobre se será capaz de lidar com a frustração de ficar no banco. É uma questão a ver que dará a Paulo Bento uma boa dor de cabeça. No entanto, na minha opinião, Quaresma merece um lugar nos 23 conquistadores que partem para o Brasil. O mister Paulo Bento é que escolhe e dia 19 estamos cá para ver que são aqueles que vão representar Portugal no Brasil.