O encontro em Arouca tinha tudo para ser um dos jogos mais interessantes da 4ª jornada. Não apenas por se defrontarem dois dos líderes do campeonato, mas também porque Arouca e FC Porto mostraram nas jornadas anteriores que a sua ideia de jogo potenciaria um encontro emocionante.
Do lado portista, Julen Lopetegui decidiu promover várias novidades no onze. Layún e Jesus Corona, os últimos reforços do mercado de inverno, foram duas das alterações na equipa inicial. Rúben Neves e André André foram as outras novidades no onze portista, com Indi, Danilo Pereira, Herrera e Varela a serem os jogadores preteridos. Na equipa arouquense, Lito Vidigal apenas trocou Ivo Rodrigues por Zequinha, não mexendo no habitual 4x3x3 que tão bons resultados tem dado. O jogo, que tão bom cartaz tinha, acabou por ir encontro do que se esperava. E para que isso tenha acontecido, em muito contribuiu a excelente réplica dada pelo Arouca, sobretudo na primeira parte. Sem nunca se encolher nem recuar o bloco, os pupilos de Lito Vidigal foram sempre deixando o FC Porto desconfortável durante o primeiro tempo.
Ainda assim, destaque para a boa entrada dos dragões no encontro. Com Corona e Brahimi nas alas a potenciarem desequilíbrios na defensiva contrária. No meio campo, André André era o homem mais avançado, protegido nas costas por Imbula e Rúben Neves. Esta foi uma fórmula que não correu bem a nível defensivo, tendo em conta o espaço entre linhas que o duplo pivô provocou na equipa portista. Contudo, o golo apontado por Jesús Corona aos 15 minutos – excelente combinação com Aboubakar – veio acalmar as hostes portistas e dar um novo cunho à partida. O Arouca, com uma postura autoritária, não se deixou afetar pela desvantagem no marcador e foi à procura do golo da igualdade. Apesar de na primeira parte Casillas praticamente não ter sido incomodado, a verdade é que o Arouca foi sendo sempre uma equipa perigosa. Pelo lado direito do ataque, Jaílson e Artur foram aproveitando o pouco entrosamento de Layún com Marcano e o desposicionamento de Imbula no momento defensivo. É certo que, mesmo no período de maior fulgor do Arouca, foi o FC Porto que teve as melhores oportunidades para marcar, mas é igualmente verdade que o comportamento da equipa de Lito Vidigal merece nota de destaque.
O segundo tempo trouxe um FC Porto com as linhas mais subidas e com uma pressão mais intensa sobre o meio campo adversário. Não foi por isso de estranhar que, na segunda parte, o tridente composto por Nuno Coelho, Nuno Valente e David Simão tenham tido muitas mais dificuldades em saltar a linha de pressão portista. Ainda assim, só novo golo de Corona – na recarga a remate de André André – permitiu ao FC Porto por uma pedra sobre o jogo. Aboubakar dava para todas as encomendas do jogo portista e a sua inteligência tática no encontro fez com que os portistas tenham sido mais afoitos à medida que os espaços na defensiva contrária foram aparecendo.
Por essa razão, o segundo golo portista acabou por abalar o comportamento do Arouca que, a partir daquele momento, nunca mais foi aquela equipa pressionante que havíamos visto nos primeiros sessenta minutos. Por isso, o golo de Aboubakar – mais do que justo, tendo em conta a exibição do camaronês – foi a cereja no topo do bolo para uma segunda de parte de qualidade ofensiva do FC Porto. Com as alterações na equipa e já com o pensamento no encontro da próxima quarta feira em Kiev, os últimos minutos trouxeram um FC Porto em gestão e um Arouca à procura do tento de honra. Isso acabou mesmo por acontecer, com Maurides, irmão do portista Maicon, a dar justiça ao resultado. O comportamento agressivo e intenso do Arouca ao longo da maioria do encontro justificou a obtenção do golo do avançado brasileiro.
Com esta vitória, o FC Porto chegou aos 10 pontos no campeonato, isolando-se na liderança da Liga. A próxima semana traz duelos de alto risco com Dínamo Kiev e Benfica e terá que ser um FC Porto mais forte e intenso aquele que defrontar ucranianos e lisboetas. Ainda assim, alguns bons apontamentos e exibições de bom nível – como de André André, Corona e Aboubakar – fazem com que Lopetegui possa acreditar que o caminho é este e que mais vitórias surgirão.
Figura do Jogo: André André/Aboubakar/J. Corona – Estes foram claramente os três principais protagonistas da vitória portista. O médio português encheu o campo e foi, em muitos momentos, o cérebro que a equipa precisava; Aboubakar fez o quarto golo no campeonato e, mais do que isso, fez mais uma exibição de grande nível no apoio ao jogo dos colegas; Corona dificilmente podia ter tido melhor estreia, com dois golos a rechearem uma exibição com pormenores de grande qualidade.
Fora de Jogo: Critério disciplinar de João Capela – Já nem me vou referir ao histórico que João Capela tem com o FC Porto, pois acho que isso é chão que já deu uvas. Ainda assim, a dualidade de critérios a nível disciplinar no jogo desta noite foi tão evidente que merece alguma reflexão a quem manda na arbitragem em Portugal.