Delegação do F.C.P. em Lisboa, Francesinhas e Títulos…

    dragaoaopeito

    Em semana de selecção nacional, decidi falar-vos daquela que é a minha realidade, assim como a de muitos outros, enquanto adepto do Futebol Clube do Porto em Lisboa…
    Admito que, muitas vezes, o discurso da instituição Futebol Clube de Porto tenha registado traços fortes de regionalismo numa divisão Porto/Lisboa; as suas razões são extensas e acredito que, se as fosse enumerar, facilmente cairia no erro de, por esquecimento, não referir uma ou outra que adeptos do meu ou de outro clube qualquer achariam de importância extrema, e por essa razão não o vou fazer. O que digo é que este discurso tem vindo a decrescer nos últimos anos da presidência do “Sr. Presidente”, algo que certamente agrada não só a mim como a todos os adeptos do Futebol Clube de Porto que vivem efectivamente a Sul do Rio Douro.

    Quem vive em Lisboa (ou a quem simplesmente calhe estar na cidade em dia de comemorações do F.C.P.) festeja títulos maioritariamente num local, na Delegação do Futebol Clube do Porto em Lisboa – Os Dragões de Lisboa, situada na Avenida da República. Sendo este um local pequeno, é simbólico que, tal como no Dragão, os festejos ocorram mediante cânticos provenientes dos elementos que se encontrem na varanda da Delegação, para com os adeptos que se encontrem na rua. Dependendo da ocasião (um jogo decisivo ou um campeonato “ganho no sofá”), os adeptos vão-se juntando, muitos deles tímidos até chegar junto dos seus, festejando o prazer que é serem filhos do Dragão. Em conjunto mostram os seus equipamentos, os seus cachecóis, gritam bem alto o nome do clube que já os obrigou a marcar no calendário que em Maio há festa.

    Porto: um clube com história Fonte:http://www.dragoesdelisboa.pt/
    Porto: um clube com história
    Fonte:http://www.dragoesdelisboa.pt/

    A festa faz-se no Porto, sim; seja no Dragão ou na Câmara Municipal (o que tem sido impossibilitado nos últimos anos por um Presidente de Câmara que não abria as suas portas), a dimensão é completamente incomparável àquela que é feita em Lisboa, mas o sabor, esse é diferente. O gosto de festejar numa cidade povoada de vermelho (e algum verde) é mais saboroso, pois claro, e acredito que muitos dos que vivem no Porto gostariam de (nem que fosse uma vez) fazer uns Km’s para acordar Lisboa numa noite em que estranhamente ninguém sai à rua, assim como ninguém vai à janela. Estranho? Não, certamente os lisboetas de outros clubes preferem aumentar bem alto o som da televisão e jamais parar em canais noticiários ou desportivos. Não os censuro…

    Há provocações, claro; mesmo a polícia (na sua generalidade) não se mostra muito contente por estar a fazer o seu trabalho em dia que o Porto é campeão. A pouco e pouco uma mancha azul vai-se formando em Lisboa; de suas casas vão apitando até chegar ao salão de festas (não me refiro neste caso especifico ao Estádio da Luz), sendo que alguns chegam até a ir ao Marquês (nos festejos da Liga de Campeões em 2003/2004 estava composto), que normalmente é reservado para outras celebrações que teimam em não acontecer.
    Ir beber um fino, comer uma francesinha e ver o Porto, é isso que todos nós, adeptos, fazemos na “Sede”, como eu lhe chamo. Normalmente nem meia página ocupamos nos jornais desportivos, nem 20 segundos nos telejornais, mas estamos lá. Centenas, milhares? Não sei. O que sei é que durante umas horas todos os Dragões de Lisboa lá estão.

    Que fique bem claro, ser corajoso não é caminhar ao lado de 2499 adeptos de uma claque por um trajecto de três ou quatro km até entrar no estádio de uma equipa adversária. Corajosos são os adeptos que se juntam no mesmo sítio, todos os anos (regularmente, vá), a apitar nos seus carros por Lisboa, a cantar e gritar pelo clube que muitas vezes não podem ver ao vivo mais do que duas ou três vezes por ano, mostrando que são tão portistas como os portistas do Porto. Ser corajoso não é pegar em pedras da calçada nem muito menos é vestir de forma anónima para passar despercebido à Polícia; corajosos são os adeptos (e incluo não só os do meu clube como também os restantes) que saem de casa e vão festejar, independentemente de estarem em Lisboa ou no Porto, sem a intenção de teatralizar uma batalha campal.

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