Noite de Liga dos Campeões, noite de afogar as mágoas depois do jogo traumatizante de sábado. Lopetegui obviamente mexeu na equipa e entraram para o onze inicial Fabiano, Alex Sandro, Martins Indi, Brahimi e Tello.
O Porto entrou pressionante, com marcações mais fortes e com mais entreajuda entre jogadoes. Não arriscou tanto nos passes transversais mas continuou a demonstrar lacunas na circulação de bola. A transição defesa-ataque continua a ser um pouco deficiente e não muito rápida e a dificuldade de circulação no meio-campo é uma constante. Mas o cenário mudava assim que a bola chegava aos homens da frente – Tello estava com o turbo ligado e Quintero calçou as chuteiras de porcelana. Brahimi não esteve muito eloquente mas foi dando sequência às jogadas contruídas, assim como Jackson. Então o que estava realmente diferente em relação ao último jogo? A forma de fazer as transicções.
Tello afirmou-se como o motor da equipa e o Porto jogou com passes directos para os alas ou para o pivot Jackson – teve, portanto, uma abordagem muito mais virada para o jogo directo. Parece ser esta a solução portista. Com centrais muito recuados e com lacunas técnicas, com médios que não sustêm a bola como Casemiro e Herrera, e com extremos rápidos em que a principal arma é o sprint (mais para Tello, dado que Brahimi joga de forma diferente) o futuro do Porto parece ser um 4-3-3 de transições velozes e não um 4-3-3 de posse e circulação, tal como Lopetegui queria (e, parece-me, como os portistas queriam também).
Ao longo da primeira parte foram surgindo diversas oportunidades para os portistas mas o jogo nunca esteve controlado – mais uma recorrente desta época – e foi sem surpresa que o Athletic Bilbao foi criando perigo com uma bola no poste de Fabiano. No entanto, quem dispõe de jogadores como Quintero tem magia assegurada e num passe a rasgar à entrada da área, descobrindo Herrera, o mexicano fez o primeiro para o Porto. Que talento tem Quintero!, quem melhor que ele rasga uma defesa com fintas e passes curtos?
A segunda parte arrancou com o Atlhetic Bilbao pressionante, o que expôs as fragilidades dos nossos centrais e médios. Muitos passes falhados, más decisões e ataque pouco apoiado. Assusta a facilidade com que uma equipa anula o Porto, sendo tão fácil provocar o erro nos nossos jogadores e expor as lacunas individuais. Como resolver este problema que é não jogarmos um futebol apoiado? Cabe ao treinador responder desta vez.
Foi fruto de mais um erro individual que surgiu o golo da equipa espanhola – aliás, já é norma oferecer pelo menos um golo ao adversário. Herrera em mais um passe disparatado e Casemiro (não estará com peso a mais?) sem velocidade deram a bola ao Athletic que num contra-ataque curto e rápido chegou à igualdade no marcador. Lopetegui retirou Quintero e Casemiro, entrando Ruben Neves e Quaresma. O Dragão aplaudiu o ‘Harry Potter’ – é interessante ver que os adeptos recompensam sempre quem gosta do clube – e Quaresma não se coíbe de o demonstrar, sendo algo que agrada – são precisos mais jogadores que sintam o clube, que saibam o que significa a derrota para os portistas. E foi Quaresma que mexeu com o jogo: cheio de vontade de ajudar, deu novo fôlego aos Dragões e num golpe de cinema o filho pródigo marcou. Estava feito o 2-1 e reposta a justiça depois de termos perdoado alguns golos aos Bascos. Restava então primeiro segurar a vantagem e depois tentar alargá-la – conseguimos a primeira e foi o suficiente.
Com alguns sustos lá pelo meio e com golos falhados da nossa parte, o certo é que a vitória ficou no Dragão e deixa o Porto com 7 pontos e a passagem muito mais perto. Somos uma equipa de Liga dos Campeões e não de Liga Europa – aqui lambemos as nossas feridas porque as grandes equipas querem os grandes palcos.
A Figura
Quaresma – Fez-lhe bem o banco: entrou com muita vontade, como já não lhe víamos há muito. Espero que mantenha o ímpeto, pois o Porto precisa de um Quaresma líder ao mais alto nível.
O Fora-de-Jogo
Casemiro – Não fez um jogo tão mau como contra o Sporting mas continua a falhar, a fazer entradas duras e a demonstrar dificuldade em reagir rápido. Parece fora de forma.