O Futebol Clube do Porto venceu o Clube de Futebol os Belenenses por 3-0. O Porto fez um jogo consistente, com segura troca de bola e certeza nos processos. A vitória é incontestável e o resultado justo, embora a exibição, mais concretamente na segunda parte, tenha ficado marcada por algum desacerto técnico e pouco nexo táctico.
Os azuis e brancos actuaram no seu usual 4x3x3, com a equipa titular composta por Fabiano na baliza; a defesa com José Ángel (que substituiu Alex Sandro por suspensão), Martins Indi, Maicon e Danilo; o meio-campo constituído por Casemiro, Óliver Torres e Herrera e o trio de ataque juntando Cristian Tello, Quaresma e Jackson Martínez.
O destaque positivo da exibição do Porto centra-se na articulação entre os dois médios interiores (Herrera e Óliver) e o ponta-de-lança Jackson. O espanhol teve uma inteligência de jogo superlativa: ora baixava para iniciar a saída de bola e possibilitava o jogo de posse, ora se chegava mais à frente para o último passe ou remate, interagindo bem com o jogo vertical de Herrera; ambos dialogaram bem com o colombiano. A jogada do golo é exemplo dessa profícua “tríplice aliança”: Óliver rasga a defesa belenense com um passe no pé a solicitar o mexicano que, depois de uma temporização inteligente, serviu com precisão o aparecimento voraz de “el Cha Cha Cha” Martínez. De ressalvar também a aliança Quaresma/Danilo, que, não estando particularmente inspirada, se movimentou num “bailado” complementar que proporcionou bons envolvimentos tácticos. Embora muitas vezes as jogadas tenham sido mal finalizadas, visto que o último passe não saía (mais desacertado o brasileiro do que o português), a sua pró-actividade foi um pavor para os “novos do Restelo”. Devo destacar ainda da primeira parte portista o posicionamento muito alto de toda a equipa, com os dez jogadores no seu meio campo ofensivo, numa predisposição predatória para roubar a bola ao adversário, o que foi conseguido com rapidez em vários lances.
O facto de o Belenenses ter sido esmagado em Braga para a Taça a meio da semana explica tão pobre exibição. O sismo que os azuis viveram na pedreira bracarense esmagou a confiança dos “homens da cruz de cristo”. A depressão instalou-se na mente dos futebolistas entorpecidos, desconfiados e desmoralizados. Quase nada fizeram no Dragão. Jogaram muitíssimo recuados, ocupando apenas 30 metros de relvado em processo defensivo, e também não tiveram frieza no passe para construir um contra golpe rápido. Apenas uma envolvência com perigo num remate seguido de recarga.
Quanto às substituições, saíram Óliver, Casemiro e Quaresma para entrarem Evandro, Quintero e Adrián. Todos os suplentes utilizados se comportaram bem e dinamizaram a partida. O médio brasileiro foi aquele que mais se destacou, tendo marcado um belíssimo golo, com um remate colocado, imbuído de efeito, num gesto técnico intencional e correcto.
A Figura
Óliver Torres – Jogo muito bom, na linha das suas últimas exibições. Toque curto/médio/longo sempre com precisão. Controlou e decidiu o ritmo de jogo da equipa. Foi elegante, eficiente e finalizador. Marcou ainda um bom golo. Aos 20 anos, já não tem muito por onde melhorar, apenas pode aprimorar o seu futebol graúdo e repleto de recursos e inteligência técnico/táctica. O melhor médio interior do Porto desde João Moutinho.
O Fora-de-Jogo
Fabiano – Apenas duas defesas em todo o jogo. Numa agarrou a bola; na outra deveria ter encaixado mas não o fez, tendo sido Maicon a impedir o tento dos do Restelo com um inacreditável corte em carrinho. Tem as atenuantes do pouco trabalho e do frio que se fazia sentir.
Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto