Na passada segunda-feira, o meu colega Pedro Morais aproveitou a primeira intervenção neste espaço para relembrar a ausência de Herrera. Ora, numa altura em que o FC Porto está em primeiro lugar no campeonato e na Liga dos Campeões e, para além disso, tem um meio-campo com elementos que jogam e fazem jogar… Para quê relembrar Herrera?
Bem, sem dúvida alguma que a ausência de Herrera numa eliminatória da Taça de Portugal contra o Varzim acaba por ser um pouco estranha. Longe de mim menosprezar o Varzim, ora essa! Mas seria de esperar que o treinador português desse minutos a alguns jogadores menos utilizados, como aconteceu com Tello ou Bueno, por exemplo. Mas não foi só a ausência de Herrera que se notou. Sérgio Oliveira também é um caso de estudo depois de ter dado tanto nas vistas durante o verão.
Ora, Herrera? Para quê, Pedro? Deixa estar o mexicano sossegado onde ele joga melhor: no banco ou na bancada. Creio que o facto de ter sido um dos homens-chave da época transata se prende mais com a necessidade de o colocar na “montra” para que algum clube se chegasse à frente. Mas não é de estranhar que tal não tenha acontecido. Mesmo que Herrera continue a evidenciar-se na seleção, pelo que muito se diz por aí.
Posso relembrar, por exemplo, o empate do México contra a Argentina há um mês atrás. Há um lance fabuloso criado pela Argentina em que Herrera faz aquilo que sabe fazer melhor quando se trata de defender: fica a olhar para a jogada à espera do desfecho da mesma. A jogada acaba por não dar em nada, e um minuto depois… Golo de Herrera! E com isto fica-se a pensar que ele protagonizou uma grande exibição!
Já agora, fica também aqui um vídeo de grandes momentos do Herrera, onde se pode apreciar tudo o que de bom o mexicano faz. Talvez o grande problema seja mesmo a bola ser redonda…
Pedro, compreendo quando dizes que o mercado de transferências é um dos grandes fatores que colocam Herrera no banco. Mas, tendo em conta que o homem já leva tantos anos de casa e que se assumia como figura chave do FC Porto de Lopetegui, o mercado de transferências não pode, de forma alguma, servir de base para explicar a ausência de Herrera do onze titular. Herrera está no banco porque é muito mais fraco do que Imbula e André André. E, ao ser fraco, não consegue superiorizar-se a nenhuma destas figuras. No futebol jogado, não são os milhões que falam mas sim o que cada jogador oferece, a cada momento, à equipa.
De forma muito simples é possível dizer que Herrera jogou tantos jogos o ano passado porque era suposto sair neste defeso. Não saiu? Então temos de pensar duas vezes em colocá-lo na equipa neste ano… É que urge ganhar títulos, e com o mexicano estamos sempre mais longe de conseguir. As contas são fáceis de fazer. Coloca-se os melhores jogadores, estamos mais perto de ganhar.
Mas Herrera é mau? Não… Herrera não é mau. Mas é preciso contextualizar isto! Herrera não é mau num futebol sul-americano de correrias desenfreadas, de futebol vertiginoso e menos pensado. Um futebol onde há mais espaço para jogar, onde as coberturas são poucas. Contra equipas onde tenha espaço para jogar e para dominar a bola ao terceiro toque, Herrera evidenciar-se-á. No futebol europeu? Dificilmente.
Pedro, faz-me um favor e deixa-o estar sossegado. Ou ainda não sabes que os cristãos portuenses já rezam “(…) mas livrai-nos do Herrera, ámen”? Nem faças questão de o voltar a mencionar e deixa-o descansado onde está! Ou então chama-me para o levar ao aeroporto. Sou o primeiro a ir contigo, e depois pago-te uma Super Bock!
Foto de capa: FC Porto