Finda que está a primeira volta da Primeira Liga, importa fazer um primeiro balanço. É certo que resta ainda muito campeonato por disputar e que tudo está longe de estar decidido, no entanto, algumas conclusões e considerações podem ser feitas acerca do percurso do FC Porto de Sérgio Conceição nos primeiros 17 jogos de principal prova do nosso futebol.
Numa perspetiva mais “resultadista” podemos afirmar sem pejo que a primeira volta do FC Porto roçou a perfeição. Se tivermos em conta os 45 pontos conquistados (liderança isolada com 2 pontos de vantagem sobre o Sporting CP) em 51 possíveis e que 4 dos 6 pontos perdidos foram nos empates (com sabor a derrota diga-se) nos confrontos diretos com os rivais na luta pelo título, seria difícil pedir mais a uma equipa que não viu chegar qualquer reforço no mercado de Verão e que foi construída com o recurso a matéria prima que se encontrava espalhada um pouco por toda a Europa e que o FC Porto teve o condão de recuperar. Jogadores como Ricardo Pereira (Nice), Aboubakar (Besiktas), Diego Reyes (Espanhol) ou Marega (Vitória SC) estavam emprestados e são, hoje, figuras de proa do clube. Resta, portanto, o empate na Vila das Aves como resultado mais dececionante da temporada. O saldo fica-se, então, pelas 14 vitórias (das quais destacaria as deslocações aos sempre difíceis terrenos de SC Braga e Rio Ave) e os, já abordados, três empates.
Recorrendo ao saldo de golos marcados (melhor ataque com 45 golos apontados) e sofridos (melhor defesa com nove golos concedidos), é possível perceber que o FC Porto tem sido a mais forte e mais acutilante equipa da Primeira Liga. As exibições têm sido autoritárias, como o comprova a superioridade evidenciada nos jogos frente a Sporting, em Alvalade, e Benfica, no Estádio do Dragão (pese embora os empates obtidos nessas partidas). Na minha opinião, este FC Porto tem vivido, essencialmente, de três grandes virtudes: a procura da profundidade (Aboubakar e, principalmente, Marega têm espalhado o pânico nas defesas contrárias), a bola parada ofensiva e, acima de tudo, a reação à perda de bola. A agressividade no pressing e uma rápida e inteligente ocupação dos espaços após a perda da posse de bola têm sido fundamentais para o sucesso do Porto e têm servido para maquilhar algumas dificuldades no ataque posicional e na construção de jogo a partir da defesa. As deficiências na construção de um meio campo composto por Danilo e Herrera (Óliver dá outro perfume neste capítulo do jogo) têm sido compensadas com altas percentagens no ganho de duelos físicos e de segundas bolas, o que permite ao FC Porto queimar linhas, recuperando a bola em zonas mais adiantadas do campo. Aqui, importa reconhecer o infinito mérito do treinador e elogiar a disponibilidade física e mental dos jogadores para colocarem em prática tão exigente plano de jogo.