Numa noite fria e chuvosa, em que os céus da cidade do Porto não deram tréguas ao longo dos 90 minutos de jogo, os adeptos da equipa azul e branca mantiveram-se firmes até ao final no apoio à sua equipa e, como contrapartida, foram brindados com um recital de bom futebol. Antes do jogo Mancini havia dito que, do FC Porto, apenas conhecia dois futebolistas: Capucho e Deco; no final, certamente terá regressado a Roma aliviado por não ter saído do Estádio das Antas com um resultado ainda mais “pesado” do que aquele com que acabaria por terminar o encontro.
As imagens do final da partida são memoráveis: os adeptos do FC Porto ainda no estádio, molhados da cabeça aos pés, ao telemóvel a expressar a sua alegria com o resultado e a exibição da equipa; fora do estádio, enquanto chovia copiosamente, os adeptos concentrados na subida para a Torre das Antas a cantar pela equipa. A noite haveria de ser inesquecível e são muitos aqueles que, até hoje, guardam religiosamente o bilhete que lhes permitiu assistir a uma exibição imperial que colocou o FC Porto, em definitivo, na rota dos títulos europeus.
Se dúvidas havia, naquela noite elas acabariam por ficar desfeitas: o FC Porto era um dos principais, senão mesmo o principal favorito a vencer a Taça UEFA 2002/2003. Os mind games de José Mourinho estavam no seu auge e faziam escola, com clara repercussão na forma como os seus jogadores encaravam cada partida e cada minuto de jogo, nunca dando uma bola por perdida mas sem nunca perderem, igualmente, a organização e o rigor tático. A vitória frente à SS Lazio seria o primeiro passo para a glória europeia do FC Porto que haveria de estender-se até ao ano seguinte, com a conquista da Liga dos Campeões, em Gelsenkirchen, frente ao AS Monaco FC.
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