Há uns meses escrevia que as grandes equipas conseguem ganhar jogos mesmo quando a exibição não é convincente mas o resultado é lhes favorável. Porém, no universo do FC Porto, a tentativa de jogar bem e de ligar o jogo foi deixada um pouco de lado, tendo agora sido apoiado o resultadismo, que resulta em bater bola na frente e contar com o poder de choque dos seus avançados André Silva e Soares, principalmente este primeiro.
NES tinha afirmado que queria a sua equipa a fazer pressão intensa para recuperar a bola e que queria chegar rapidamente a zonas de finalização para decidir os lances.
Esta equipa, e isso vê-se nos últimos jogos, deixou de tentar construir em posse para abrir espaços e penetrar nas linhas adversárias. Por outro lado, o processo defensivo de ganhar a bola rapidamente, ser agressivo e matar o mais cedo possível as jogadas tem sido praticado e com o reconhecido sucesso. Podendo comparar dados estatísticos, o FC Porto nos últimos jogos (excluindo Tondela) teve 46% de posse de bola frente ao Rio Ave, 52% frente ao Estoril, 34% contra o Sporting, 42% em Guimarães. Pouco, muito pouco porque esta equipa, quando tem a bola não sabe o que fazer tendo as suas linhas muito afastadas, sem o meio campo conseguir fazer a ligação entre setores de forma pensada.
A primeira parte contra o Tondela foi má, sem haver outros adjetivos para descrever a exibição portista nos primeiros 45 minutos e, nesse período, os centrais do FC Porto e o médio mais recuado estavam já amarelados. Faltava, inúmeras vezes, alguém que descesse para receber a bola entre linhas e uma referência no eixo central. André André não podia avançar em demasia sob ameaça da bola entrar entre a linha média e a defensiva e desproteger Rúben Neves, pois só sobraria este no meio-campo, e Otávio aparecia poucas vezes em zonas interiores, a denotar falta de ritmo e de entrosamento até. Jogar com apenas dois médios obriga a uma disciplina e versatilidade na dinâmica da equipa que o FC Porto, com estas unidades, ainda não revelou da forma desejada.
Há que melhorar muito porque amanhã o FC Porto recebe a Juventus e será um teste à mudança de paradigma porque assim, os azuis e brancos jogarão da forma que agora adaptaram que é a de esperar pelo adversário, destruir jogo, bloco defensivo forte e agressivo e meter a bola rápido na frente.
O campeonato ainda tem muito jogo e o próximo é uma deslocação ao difícil Estádio do Bessa onde a equipa não conta com Felipe, sendo substituído, se não houver nada em contrário, por Boly. Uma prova de fogo que terá de ser ultrapassada.
Foto de Capa: UEFA