“Mário Jardel, Mário Jardel, Super Mário, Mário Jardel”. Foi desta forma que, entre 1996 e 2000, as bancadas do Estádio das Antas foram prestando tributo a Mário Jardel de Almeida Ribeiro, provavelmente a maior máquina goleadora da história do FC Porto. Ao longo de quatro épocas de dragão ao peito, os números de Jardel são absolutamente impressionantes e, quiçá, irrepetíveis: 168 golos marcados em 175 jogos disputados.
Tendo conquistado três Ligas Portuguesas, duas Taças de Portugal e três Supertaças Cândido de Oliveira ao serviço do FC Porto, Jardel ficará para sempre na memória dos adeptos do clube como um ponta de lança clássico, um homem de área, um finalizador. É difícil dizer que Mário Jardel terá sido o melhor ponta de lança da história do FC Porto quando, pelo clube, passaram futebolistas como Fernando Gomes ou outros que, pelas suas caraterísticas, somavam ao golo uma maior capacidade de envolvimento nas dinâmicas coletivas da equipa, como Radamel Falcao ou Jackson Martínez. Porém, é difícil não gostar de um jogador que vale uma média de 0,96 golos por jogo!
O modus operandi de Jardel era simples, até algo repetitivo, mas tremendamente eficaz: colocava-se na grande área (posicionando-se soberbamente na mesma), dava um primeiro passo numa determinada direção de modo a enganar o(s) defesa(s), e depois mudava de direção para felinamente atacar a bola. Desta forma, conseguia antecipar-se frequentemente e fazer golos…muitos golos! Com uma técnica de finalização ao nível das melhores na história do futebol mundial, Jardel marcava golos de várias formas mas, o que mais se destacava, era a sua capacidade ao nível do jogo aéreo. A história era simples e repetiu-se muitas e muitas vezes: Ljubinko Drulovic avançava pela esquerda e, com o telecomando que parecia ter no seu pé esquerdo, cruzava para o cabeceamento de Mário Jardel. Resultado: golo do FC Porto.
Tal era a admiração generalizada pelo ponta de lança brasileiro que, certo dia, Carlos Tê escreveu e Rui Veloso cantou: “Eu só queria perceber os pássaros, voar como o Jardel sobre os centrais”. E assim foi a carreira de Mário Jardel, voando sobre os centrais e marcando muitos golos, tendo no Sporting CP formado mais uma dupla gloriosa com João Vieira Pinto. É também sabido que, ao nível da seleção, a carreira de Jardel nunca foi tão brilhante, tendo realizado 10 jogos ao serviço da “canarinha” nos quais marcou apenas um golo. É também sabido que, depois de abandonar Alvalade, o brasileiro desceu do céu ao inferno: os consumos de drogas tornaram-se, cada vez mais, parte da sua vida e, desde aí, Jardel deixou de ser sinónimo de golos.
Apesar de todos os problemas que acometeram a vida pessoal de Mário Jardel, o ponta de lança brasileiro será sempre recordado em Portugal e, em particular, no FC Porto, como um dos melhores de sempre na arte de marcar golos. Como tal, mais do que colocar o enfoque no seu precoce final de carreira (ao mais alto nível), importa recordar o que de melhor o brasileiro sabia fazer: colocar a bola no fundo das redes do adversário.
Foto de Capa: Campeões 1980
Artigo revisto por: Beatriz Silva