Kelvin terá sempre um lugar no coração de cada sócio, adepto e simpatizante portista pelo minuto 92, eternizado no museu do FC Porto. Mas, esse momento não impediu o jovem brasileiro de ser emprestado sucessivamente a emblemas do Brasileirão, nomeadamente, Palmeiras e São Paulo. Nesta presente temporada realizou 22 jogos pelo São Paulo, marcando um golo e dando cinco a marcar. Registos medianos para um jogador com reconhecida qualidade e que se precisa de afirmar verdadeiramente, não o tendo conseguido com Paulo Fonseca nem Lopetegui.
O seu regresso aos dragões pode ser visto de duas formas, a meu ver: a primeira com o facto de Kelvin se inserir numa posição onde faltam opções e profundidade de plantel que são as alas portistas. Brahimi na Taça das Nações Africanas e Corona sempre intermitente, misturando jogos de grande classe como, no jogo a seguir, desaparece completamente. Mas, a falta de opções no banco (Varela é muito pouco para um candidato ao título, Diogo Jota está a jogar como segundo avançado e Otávio, podendo jogar lá, continua indisponível), tornava urgente a aquisição ou resgate de um extremo e, aparentemente, o escolhido foi Kelvin para ocupar esse lugar.
A segunda forma é o do simbolismo que o brasileiro carrega e traz consigo para o FC Porto, o de estar ligado à última conquista do campeonato e esse mesmo espírito de sacrifício, entrega e, acima de tudo, vitória que têm de regressar à cidade Invicta num curto espaço de tempo.
Kelvin, todos reconhecemos o seu talento, mas perdia-se em fintas e dribles inconsequentes na maioria das vezes, sem ter a melhor capacidade de decisão que distingue os bons dos grandes jogadores. Era urgente que Kelvin adquirisse experiência para provar o que realmente valia e não ficar no plantel pelo momento que proporcionou a todos os portistas. Se cresceu como jogador? Ainda é cedo para descobrir mas as suas estatísticas, fora do reino do Dragão, não são favoráveis mas essa avaliação só poderá ser feita depois do jogador ter oportunidades sob o comando de Nuno Espírito Santo e demonstrar o seu verdadeiro valor.
Todos esperam uma melhoria significativa no miúdo que o FC Porto viu nascer para o futebol, tendo sido contratado no Brasil com tenra idade e agora, com 23 anos, está na hora de mostrar que vale mais do que um golo importante na história do clube e que pode replicar isso e ser regular com golos, assistência e trabalho de equipa (sempre foi acusado de individualismo extremo) durante esta segunda metade de época de dragão ao peito.
Vem preencher uma lacuna no plantel? Sem dúvida alguma e acrescenta diversidade ao plantel. Se é a melhor solução ou o mais capacitado? Só o tempo e as exibições poderão dar razão, ou não, à estrutura.
Foto de Capa: FC Porto