Depois de Custódio Pinto, “um organizador de jogo primoroso e com enorme inteligência técnica e tática” da década de 60, eis que recuamos uns anos para conhecermos ou até recordarmos um enorme caso de sucesso e de verdadeiro amor à azul e branca. Falo, pois, de Manuel Belo Correia Dias, ovarense nascido a 24 de março de 1919 e que ficou gravado na história do clube pela quantidade inusitada de golos que apontava, época após época.
Correia Dias sempre se revelou um atirador frutífero dentro da grande área, e nem os 113 quilos que carregava o impediram de apontar um golo por cada quilo que tinha, ou seja, este ponta de lança apontou 113 golos ao longo de oito épocas de dragão ao peito, num total de 122 jogos. O caminho para as balizas do Campo da Constituição estavam mais do que sabidos para Correia Dias, essencialmente na época de 41/42, quando fez o gosto ao pé em 37 ocasiões, num total de 22 jogos, perfazendo uma média de 1,69 golos por jogo.
Em 1947, quando se preparava para abandonar a carreira de futebolista, o trinador de então, o argentino Eládio Vascheto, face à escassez de soluções para a linha avançada, conseguiu convencê-lo a permanecer mais uns anos. Correia Dias sempre deixou bem claro que permaneceria no clube desde que não recebesse salário, contudo isso não seria possível, e Correia Dias teria mesmo de ser remunerado como previam as regras do profissionalismo.
A história de Correia Dias no FC Porto conta-se essencialmente pelos seus golos (37 em 41/42; sete em 42/43; 14 em 43/44; oito em 44/45; 29 em 45/46; seis em 46/47 e 12 em 47/48) mas também pelos cinco títulos que ajudou o clube a conquistar. Fica, ainda, ligado a um dos primeiros e maiores feitos do FC Porto, quando, a 7 de janeiro de 1948, apontou dois golos na vitória por 3-2 diante do Arsenal, que valeu a conquista de uma taça oferecida pelos sócios do clube, ganha àquele que seria, à época, o melhor conjunto do mundo.
Foto de Capa: Bibo Porto
artigo revisto por : Ana Ferreira