Paulo Fonseca: fim de ciclo

    portosentido

    É o fim de percurso de Paulo Fonseca. O treinador do Porto já não tem como continuar no comando técnico do Porto. O jogo de ontem com o Estoril demonstra bem a incapacidade de Paulo Fonseca para manter a cabeça à tona da água.

    A notícia de que o lugar de treinador do Porto está à disposição é a sentença já há muito prevista. Nos últimos tempos via-se perfeitamente que não havia espaço de manobra. Seja pelos resultados, que não eram favoráveis, seja pela forma da equipa, que deixa muito a desejar. Podia até ser pelas acções de Paulo Fonseca e pela forma como se comporta dentro e fora das quatro linhas. Independentemente da razão, está na hora de ceder o lugar e fazer controlo de danos.

    Desde o início da sua campanha no Porto que Paulo Fonseca não conseguiu reunir consenso. As decisões de, à partida, alterar o esquema táctico para introduzir dois pivôs no “reino” de Fernando e a gestão de jogadores como Quintero não caíram bem no universo azul e branco. Porém, a supertaça Cândido de Oliveira, conquistada ao Vitória de Guimarães, acalmou as hostes e deu algum espaço de manobra ao treinador.

    O Porto nunca se sentiu verdadeiramente à vontade com o novo esquema. Na maioria dos jogos sofria para marcar e as vitórias chegavam com demasiado esforço e trabalho. O momento de forma e o jogo não eram os melhores. Na Champions League, não conseguiu passar da fase de grupos. Com apenas uma vitória perante o Áustria de Viena e duas derrotas em casa com Atlético de Madrid e Zenit, a aventura milionária rapidamente chegou ao fim. O Porto saía da Liga dos Campeões, fazendo má figura, rumo à Liga Europa.

     

    Paulo Fonseca aparenta não ter mais espaço de manobra no Porto  Fonte: Record
    Paulo Fonseca aparenta não ter mais espaço de manobra no Porto
    Fonte: Record

    Paulo Fonseca dirigiu então o foco para a Taça de Portugal e para o campeonato. Em confronto directo com o Benfica no topo da Liga, estava bem encaminhado o percurso no campeonato. Seguiu-se a Taça de Portugal e novas dificuldades. Dificuldades no jogo com o Trofense (vitória pela margem mínima), Vitória de Guimarães (2-0) e, ironicamente, Estoril-Praia (2-1). O próximo adversário é o Benfica, que, neste momento, está num melhor momento de forma do que o Porto.

    Com a Taça da Liga veio a novela dos cerca de três minutos de atraso. Na “secretaria”, após a decisão da Federação Portuguesa de Futebol, ficou estabelecido que o Porto passaria às meias-finais da competição (embora ainda esteja para ser conhecida a decisão do recurso apresentado pelo Sporting). Paulo Fonseca levou o Porto à passagem. No entanto, não foi uma viagem tranquila, foi repleta de dificuldades e sem mostrar a qualidade do Porto. Segue-se o Benfica, embora ainda falte para o embate…

    O cerco à volta de Paulo Fonseca ficou cada vez mais estreito. A Liga Europa surge quando o Porto já se encontra atrás do Benfica. Novo desaire, desta vez com os alemães do Eintracht Frankfurt. Nova exibição fraquinha, com demasiadas lacunas ofensivas, mas sobretudo defensivas. Falta a segunda mão, na Alemanha, país onde o Porto apresenta sempre dificuldades. Perante um adversário que está a ter uma época terrível, o Porto não foi capaz de se impor, num confronto europeu em que a experiência do Porto é bastante superior.

    A conferência de imprensa após o jogo de ontem foi atendida por um Paulo Fonseca cuja cara não mente. Embora ele tenha dito, nas poucas palavras que proferiu, que deseja continuar a comandar o Porto, não está em condições de o fazer. Tendo em conta a conquista da Supertaça, a qualificação para as “meias” da Taça de Portugal e Taça da Liga, esta não aparenta ser uma época terrível, como foi a época 2012-2013 do Sporting. No entanto, é manifestamente pouco para um clube do calibre do Porto. O Porto joga mal, não inspira confiança e afasta os seus adeptos com pobres espectáculos. O jogo de ontem, assim como os lenços brancos, mostram isso mesmo.

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    José Rafael Lopes
    José Rafael Lopes
    O José rejeita a expressão “portista desde pequenino”, uma vez que até nem nasceu do Porto. Mas rapidamente entendeu que é no norte que se pratica bom futebol. E, como defensor dessa prática, afirma convictamente que o Porto é mesmo a melhor equipa em Portugal.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.