O FC Porto é um clube especial. Sei que todos os adeptos dizem isso do clube que amam, mas no caso do FC Porto é mais do que uma frase feita. O clube tem uma massa adepta com uma paixão enorme e guia-se por valores e ideais cada vez menos comuns. “Mais que um clube” é o lema do Barcelona, mas não ficaria mal no FC Porto. E serve esta pequena introdução para quê? Já lá vamos.
No passado, não muito distante, sempre que as coisas corriam mal, ou menos bem, o FC Porto tinha o dom de se unir contra um adversário comum e, em pouco tempo, jogadores, administração, equipa técnica e adeptos estavam todos a remar no mesmo sentido. Era esta a Alma Portista, aquela que nos piores momentos nos fazia pensar “vamos deixar as nossas diferenças de lado, o FC Porto é o mais importante.” Pois bem, esse costume, primeiro pouco a pouco, depois todo de uma vez, perdeu-se. Começaram a surgir rumores de que Pinto da Costa iria abandonar a presidência e isso cegou muita gente. A busca pelo poder sobrepôs-se, por algum tempo, ao amor pelo FC Porto.
Dessa forma, começando na administração e passando para os adeptos, o FC Porto viveu por demasiado tempo sob um clima de guerra interna onde o insucesso era quase que celebrado por alguns só pelo gosto de poder dizer “eu bem avisei.” E debaixo deste tipo de situações e de acusações de parte a parte, o FC Porto caiu num buraco fundo. Mas engana-se quem pensa que de lá mais não sai.
Tem sido evidente o esforço posto em prática por Pinto da Costa para eliminar as fontes de cisões. Antero Henrique, apontado por muitos como o principal candidato à sucessão, acabou fora do clube e é o exemplo máximo disso mesmo. A politica de comunicação foi repensada e é agora bem mais agressiva: o FC Porto já não se esconde; vai à guerra e põe nomes aos burros! Toda a estrutura remou para o mesmo lado durante a época que agora terminou, sendo a excepção o treinador. E essa falta de coragem pode ter sido determinante para a saída de Nuno Espírito Santo e para a contratação de Sérgio Conceição.
Com o antigo extremo no comando da equipa não se espera menos do que uma equipa à imagem do treinador, capaz de fazer das tripas coração para ganhar cada jogo. Fora de campo, a administração pode contar com a solidariedade do técnico quando assumir uma postura mais forte em relação aos temas quentes do futebol português. Sérgio Conceição não tem por costume virar a cara à luta e nem deixar coisas por dizer.
Pode-se gostar mais ou menos do estilo de jogo, ou da pessoa, ou simplesmente do que essa postura representa, mas para mim a única coisa que está aqui em causa é o regresso do FC Porto ao lema “a união faz a força” e, esperemos, à rota do sucesso.
Foto de Capa: FC Porto