Baixaram a cortinas do ‘espetáculo’ permanente que foi o campeonato português na época 2016/2017. Não é pelas melhores razões que esta temporada será recordada para a posteridade, seja pelas fracas produções futebolísticas que a generalidade dos artistas teimou em não apresentar com regularidade ou pelas controversas decisões dos poderosos órgãos regentes da competição, que (e não vale a pena desmenti-lo) a desvirtuaram monstruosamente. Não obstante toda a inclinação verificada em favor de uns, é tempo de uma profunda, coerente e minuciosa análise daquilo que falhou por parte de quem podia e devia ter feito muito, muito mais.
Numa altura em que se vai especulando e acrescem os rumores sobre quem será o próximo treinador do FC Porto, importa refletir, acima de tudo, naquilo que foi a passagem de Nuno Espírito Santo pelo Dragão. Poucos se esqueceram do belo discurso que o antigo guarda redes havia feito naquela desgostosa época (2009/2010) em que os túneis prevaleceram sobre a verdade desportiva. Nuno juntara todo o plantel na sala de imprensa e, perante as objetivas e microfones dos jornalistas, anunciou ao país a revolta de um grupo de jogadores, oficializando a famosa expressão “Somos Porto!”.
Seis anos se passaram e o timoneiro estava de volta a uma casa que ele mesmo pretendia fosse uma verdadeira fortaleza, temível e intransponível para os adversários que por lá passassem. Na memória de todos os portistas estavam ainda as famosas palavras e, mais do que isso, a “confiança cega” de que havia chegado o homem que, finalmente, incutiria o espírito guerreiro e combativo num plantel que carecia de atitude fazia tempo. Na verdade, esse é um facto que abona claramente a favor de NES. Ao fim de sensivelmente três anos tivemos uma equipa…uma verdadeira equipa e não apenas um conjunto de jogadores. Em termos de atitude e do dar tudo em campo não há nada a apontar a cada um. A forma como muitos deles evoluíram e se tornaram valiosos ativos prontos a desafogar as cantas de uma SAD falida também é algo a ter em conta. Casos como os de Marcano e Brahimi, que já cá estavam, e do próprio Felipe, que foi um tiro certeiro no que à necessidade de centrais de qualidade diz respeito, dizem bem da capacidade de Nuno para tirar o melhor dos atletas. Isso, naturalmente, não se verificou com todos e, por isso, importa recordar o desaparecimento de Layún, como um dado negativo que, espero, não provoque a saída do mexicano.