Muitas vezes comentei, ao longo desta época, o quão difícil era ser avançado do FC Porto, especialmente Ponta-de-Lança. Corriam que se fartavam, levavam com os defesas sozinhos, eram obrigados a progredir desde o meio-campo com bola nos pés e enfrentar defesas em inferioridade numérica, mas, com o fim da época, e o início da próxima, ser treinador do FC Porto vai ser ainda mais complicado que isto.
Vejamos o seguinte: quem vier a ser treinador do FC Porto, sabe, de antemão, que não foi a primeira escolha e que essa primeira escolha optou pelo Watford, militante da Premier League.
Sabe que o FC Porto atravessa uma crise de confiança e, acima de tudo, de resultados como nunca se viu no passado recente e nos últimos anos. Sabe também que o dinheiro escasseia e que a formação tem de ser cada vez mais uma realidade. Que o SL Benfica vem dominando o futebol dentro das quatro linhas mas fora delas também.
A SAD portista está com problemas financeiros e a necessidade de vender está cada vez mais agudizada com o jejum que reino do Dragão vai vivendo nos últimos quatro anos. A SAD teve de contrair mais um empréstimo obrigacionista, o que mostra a fragilidade das contas portistas. Quem vier a ocupar a “Cadeira de Sonho”, vai saber que vai perder referências no próximo plantel, sendo as mais prováveis: Danilo, Brahimi, Casillas, André Silva, Maxi, Filipe, Layún, Herrera. Nomes de peso em que, a maioria, figurava no onze outrora orientado por NES.
Posteriormente, coloca-se a dúvida: será que o treinador, com as suas ideias, vai poder contratar quem ele acha que irá interpretar melhor a sua ideia de jogo? Haverá dinheiro para o fazer? Ou vamos ter de render a prata da casa e poupar nas transferências?
Rafa Soares fez uma excelente época no Rio Ave, Hernâni o mesmo no Vitória, Kayembé e Galeno oriundos da equipa B foram chamados a fazer pré-temporada, Fernando Fonseca foi chamado ao jogo contra o Marítimo e também é uma opção válida, Diogo Dalot continua a dar cartas seja nos juniores, equipa B como nas seleções.
Este nome, seja Sérgio Conceição, Paulo Sousa, Pedro Martins ou outro, terá de ter uma bagagem emocional forte e, acima de tudo, comprovar a sua qualidade, colocando o FC Porto a jogar um futebol bonito, com qualidade e que coloque a equipa a querer ganhar, e não a estar preocupada em não perder. Também tem de ser dado, ao novo técnico, tempo para implementar as suas ideias e filosofias.
Complicado é um eufemismo em toda esta situação, mas que depressa terá de ser enfrentado se os dragões querem voltar ao trilho vencedor a que tanto habituaram os seus adeptos.
Longe vão os tempos em que qualquer treinador vencia no FC Porto e que os treinadores queriam treinar no FC Porto…
Foto de capa: FC Porto