Chegou ao fim a inércia do FC Porto no mercado de transferências mas, surpreendentemente, após ter sido anunciada a continuidade de Iker Casillas no clube o primeiro escolhido para reforçar o plantel dos azuis e brancos para a temporada 2017/18 foi…um guarda-redes! Vaná, ex-CD Feirense, aos 26anos de idade assinou um contrato válido por quatro épocas com o FC Porto, não sendo ainda conhecidos os valores envolvidos na transferência, e irá disputar com Casillas a vaga para defender a baliza dos azuis e brancos.
Se por um lado esta contratação surge como um pontapé na inércia, por outro lado muitos têm questionado a lógica de juntar, num mesmo plantel, Iker Casillas (que parece, claramente, a primeira opção para o lugar de guarda-redes), José Sá e Vaná. Do brasileiro aquilo que se sabe é que realizou um excelente temporada 2016/17, que é ainda relativamente jovem para a posição que ocupa, e que tem alguns predicados importantes: posiciona-se bem na baliza, é extremamente ágil, faz bem a “mancha” e consegue ser eficaz não só entre postes mas também nas saídas aos cruzamentos, aspeto no qual parece até mais competente do que Casillas. Porém, Vaná nunca teve qualquer experiência a um nível competitivo tão elevado e, como tal, é sempre incerta a forma como irá conseguir lidar com a pressão de defender a baliza de um clube dito “grande”.
O que parece estar errado nesta transferência é o momento na qual esta ocorre, isto é, numa fase em que a baliza do FC Porto parece estar (bem) entregue. Porém, é também o momento que parece justificar que esta contratação se realize agora e não apenas na próxima temporada futebolística. São conhecidas as dificuldades que o FC Porto atravessa para conseguir cumprir com o fair play financeiro imposto pela UEFA e, assim sendo, é também sabido que os azuis e brancos dificilmente conseguem, atualmente, competir com outros emblemas do mesmo nível desportivo para a contratação de futebolistas.
Assim sendo, numa fase em que a concorrência por Vaná não era ainda muito apertada, este parece ter sido o momento certo para avançar para a sua contratação, já que na próxima temporada, ou até mesmo no mercado de inverno, tal poderia revelar-se mais difícil.
Evidentemente não é positivo para um guarda-redes (ou para qualquer outro futebolista) estar sem competir em jogos oficiais durante um ano, mas essa circunstância também lhe permite ir-se adaptando gradualmente aos meandros de um clube de maior dimensão. Ainda assim, não se exclui a hipótese de se proceder ao empréstimo de Vaná a um clube de dimensão similar (ou ligeiramente inferior) à do FC Porto, como forma de o guarda-redes brasileiro ir competindo a um nível mais exigente, comprovar os predicados que exibiu ao longo da temporada passada, e voltar à Invicta com mais experiência e capacidade para agarrar o lugar na baliza dos azuis e brancos.
Qualquer que seja a opção tomada pela Direção e pelo treinador do FC Porto, esta não foi uma contratação unanimemente compreendida pelos adeptos do clube. Ainda assim não parece descabida e, caso se concretize a hipótese do empréstimo do guardião brasileiro a um clube (e campeonato) que lhe permita somar minutos de jogo num contexto em que o estímulo seja mais elevado do que aquele a que este foi submetido em Santa Maria da Feira, a contratação de Vaná e o momento em que esta ocorreu parece tratar-se até de uma estratégia inteligente e bem pensada para preparar a substituição de Iker Casillas, no futuro, na baliza do FC Porto.
Foto de Capa: FC Porto
artigo revisto por: Ana Ferreira