Um dos temas mais discutidos internacionalmente é o facto de durante anos e anos muitas mulheres terem sido assediadas por homens, seus superiores hierárquicos, que aproveitando o seu poder associado à posição profissional, conseguiam favores sexuais. Apesar de tudo, elas mantiveram o silêncio, não conseguindo ter a coragem de denunciar todos os abusos que sofriam.
Acontece que, a determinado momento, uma dessas mulheres denunciou o seu caso, o que deu coragem a todas as outras que, ao verem que não eram as únicas com aquele problema, vieram expor algo que até ali as poderia envergonhar ou expor.
Quanto à primeira que tomou a iniciativa, fosse por ter ganho coragem, por não aguentar mais a humilhação, ou porque já não estava dependente daquele homem que a tinha subjugado psicológica e fisicamente, deve ser aplaudida por ter decidido não continuar a ir contra os seus valores e princípios, e ter-se libertado das correntes de medo e vergonha que lhe tinham sido impostas pelo real criminoso.
Ora, o futebol português vive um pouco sob esse principio. Não quero de forma nenhuma equiparar a gravidade de uma e outra situação, mas o principio de decência, valores, omissão de situações de imposição de uma vontade pelo poder é similar, e ainda estamos à espera que surja o corajoso que se liberte da vergonha de qualquer favor que tenha aceite ou tenha feito, e possa motivar outros a seguir o seu exemplo.