Aquilani para a pré-reforma ou reencontro com o destino?

    a norte de alvalade

    Por força da Supertaça e dos acontecimentos que a precederam e sucederam não tinha tido oportunidade de me pronunciar sobre a aquisição de Alberto Aquilani. Trata-se de um jogador que, desde que surgiu, me despertou a atenção e a quem reconheço enormes qualidades. Contudo, estas apenas foram notórias quando surgiu no seu clube de coração, a Roma, perdendo-se em pequenos fogachos desde que começou o seu périplo fora da Cidade Eterna.

    Eleito para substituir Xabi Alonso no Liverpool, então de Benitez, a sua estada ficou-se por um pálido saldo de dezoito jogos, uns mais cinzentos que outros, e um golo, na Premier League. Não terá ajudado muito o facto de ter chegado lesionado e ter apanhado os vermelhos já sem o fôlego que lhes permitiu arrecadar uma Champions e quase um título no ano que antecedeu a chegada do playmaker italiano.

    De empréstimo em empréstimo, entre Juventus e Milão, onde teve duas épocas regulares, voltou a Liverpool para descobrir que já não era aí desejado. Acabou por sair para Florença, por uma pechincha de cinco milhões de euros, muito longe dos dezassete milhões de libras que os ingleses desembolsaram antes.

    Esteve em Florença os últimos três anos, sendo a sua passagem uma boa representação da sua carreira: promessa à chegada, estagnação e desilusão. Convenhamos que não era fácil a um príncipe romano ser rei onde governaram os Medici e onde a rivalidade entre romanos e viola é profunda e ancestral. Teria de ter feito muito mais para as suas origens serem esquecidas, porém a imagem que deixou entre os adeptos foi a de um jogador talentoso mas acomodado e pouco comprometido com o clube. Em tudo semelhante à impressão deixada em Liverpool.

    O italiano é o novo camisola 6
    O italiano é o novo camisola 6

    São estes insucessos consecutivos que o fazem chegar agora a custo zero ao Sporting. Aquilani foi sempre considerado um jogador de enorme talento mas que, com tempo, criou a imagem de um jogador frágil fisicamente, muito atreito a lesões – o que em algumas épocas foi um facto -, das pequenas lesões, recidivas, até algumas de grande tempo de paragem.

    Quando Aquilani rejeita a proposta de renovação da Fiorentina, com corte significativo no vencimento, e escolhe um novo agente para lhe gerir a carreira, imaginava-se como próximo destino a Major Soccer League. Foi para aí que o seu amigo e novo empresário, Andrea d’Amico, já havia levado Giovinco, estimamdo-se que fosse também o Toronto o destino. Esse é o primeiro bom sinal: se fosse pelo dinheiro ou por uma pré-reforma em tons de dourado, certamente que teria já atravessado o Atlântico.

    Mas (pode até ser uma coincidência, a noticia saiu quando este artigo estava já escrito), os mesmos sinais de fragilidade estão novamente à vista quando diz que ontem não treinou por lesão. Têm sido esses contratempos que têm aprisionado o génio do italiano numa garrafa, de onde só sai para revelar pormenores como algumas das ilustrações deste post documentam.

    É isso que tem faltado a Aquilani: consistência e constância. É esta dúvida que torna estranha a sua escolha, quando sabemos hoje as razões que levaram a descartar Kevin Prince Boateng. Ao contrário do que foi dito do ganês, Aquilani não padece de um problema num ponto específico. As suas lesões consecutivas têm-se manifestado nos tornozelos, joelhos, anca, ligamentos, etc.

    Faltará apenas saber o que JJ lhe vai pedir. Pode ser um “8”, pode ser um “10”, onde mostrará a sua qualidade técnica, imprevisibilidade na colocação da bola, que lhe advém de uma qualidade de passe e visão extraordinárias. João Mário e Adrien têm aqui não apenas concorrência mas também um mestre. Dificilmente poderá ser um “6” porque, apesar do seu 1,87m, falta-lhe intensidade e capacidade para sofrer na busca permanente da bola. Esperemos que seja, pois, em Lisboa que Aquilani se reencontre com o destino que há muito lhe é augurado: o de um grande jogador.

    Imagens retiradas do facebook do atleta

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    José Duarte
    José Duarte
    Adepto do Sporting Clube de Portugal e de desporto em geral, especialmente de futebol.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.