As Arestas por Limar

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    Após o jogo da passada segunda-feira, que opôs o Sporting Clube de Portugal frente ao Belenenses, ficou bastante claro, para mim, uma das dificuldades, se não a maior, com que Jorge Jesus se tem deparado. Falo da falta de largura, até certo ponto voluntária, do jogo do Sporting. O que pretendo com este artigo é tentar perceber o porquê do surgimento deste problema; se é voluntário ou não e ainda as formas de este não ser tão notório.

    A chegada do treinador bicampeão nacional a Alvalade trouxe mudanças importantes no que ao capítulo tático diz respeito; o habitual 4-3-3, com diferentes nuances consoante o treinador, foi substituído pelo 4-4-2 de Jesus. Ora, este sistema, apesar de apresentar grandes vantagens, sobretudo contra equipas teoricamente inferiores – maioritariamente no plano nacional -, não traz apenas mais valias.

    O 4-4-2 de Jesus obriga a que os laterais joguem bastante subidos e, consequentemente, que tenham um cariz atacante bastante elevado. Se olharmos para os seis anos de Jorge Jesus ao serviço do Benfica, podemos constatar que teve sempre ao seu dispor laterais com estas características (à direita, Maxi Pereira; à esquerda, Coentrão, Siqueira e Eliseu). Contudo, e retirando Jefferson desta lista, que curiosamente não esteve ao dispor do treinador leonino na passada segunda-feira, Jorge Jesus não tem atualmente jogadores com essas características ao seu dispor (João Pereira, que é o elo mais fraco do plantel do Sporting; Jonathan e Esgaio, que, apesar de terem uma margem de progressão enorme, ainda não cumprem os requisitos que Jesus pretende).

    Posto isto, e porque não gosto de faltar ao prometido, respondo agora às duas primeiras questões a que me propus no início deste artigo.

    A posição de defesa direito tem sido uma das maiores preocupações de Jesus Fonte: Sporting CP
    A posição de defesa direito tem sido uma das maiores preocupações de Jesus
    Fonte: Sporting CP

    Em primeiro lugar, o surgimento deste problema, como pretendo que tenha ficado claro nos parágrafos anteriores, é provocado pela pouca qualidade dos laterais do Sporting – volto a referir, retiro Jefferson desta lista. Em segundo lugar, penso que será claro para todos a obsessão de Jorge Jesus pelo jogo interior – a inclusão de Bryan Ruiz e João Mário como interiores constata isso mesmo. No entanto, o facto de as equipas de Jorge Jesus privilegiarem o jogo interior, e bem, é colmatado com as constantes subidas dos laterais, que, na equipa do Sporting, não se verificam. Isto leva-me ao último ponto do meu artigo.

    Certamente, e melhor do que ninguém, Jorge Jesus já se terá apercebido deste problema e não será por acaso que os nomes já assegurados para a segunda metade da temporada – Marvin Zeegalar, lateral esquerdo que ainda carece de confirmação oficial e Ezequiel Schelotto, que é lateral direito – vem colmatar esta falha. Contudo, e porque o mês de Dezembro vai ser bastante exigente, penso que, e partindo do principio de que a produção dos laterais do Sporting não sobe substancialmente de nível, a inclusão de jogadores como Gelson Martins ou Matheus Pereira no onze inicial poderá colmatar esta lacuna.

    Apesar destas pequenas arestas no jogo do Sporting, gostava de reforçar que nem por isso deixa de ser, até agora, a mais regular e melhor equipa no futebol português.

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