Ao ver tudo o que se tem passado no futebol em Portugal, a primeira coisa que me vem à cabeça é que é um mundo à parte, que não se rege pelas mesmas leis de todos os outros quadrantes da sociedade. Aliás, nem a sociedade se importa muito que assim seja, desde que o seu clube lucre com isso.
A verdade é que nas últimas semanas se têm observado vários momentos que parecem saídos de uma realidade paralela, um mundo ao contrário quase saído de um guião de filme ou telenovela, ao qual poderia mesmo sugerir uma banda sonora de um grupo musical cujo nome se enquadra perfeitamente no desporto que aqui discutimos, Xutos & Pontapés. O nome da música: Mundo ao contrário.
Pois bem, estamos perante um universo em que um grupo organizado de adeptos ou sócios não é considerado claque. Em que mundo?
Nesse mundo também temos comunicação social que prefere assumir o erro em vez de o corrigir apenas para ter mais comentários e “clickbaites”. Vemos agora, constantemente, troca de imagens a ilustrar noticias que a única coisa que têm relacionado é a coincidência de a pessoa da foto e a das notícias partilharem nomes parecidos. Quem não gostaria de ver Vítor Pereira, o treinador, a dirigir a arbitragem grega? Bem, talvez ficassem mais bem servidos, mas não vem isso ao caso. E quem não gostaria de ver o Douglas, central do Sporting, rumar ao outro lado da segunda circular? Particularmente, esta última eu apoiava. São apenas dois exemplos do mau profissionalismo que se apoderou da comunicação social neste país, apenas para o Lucro. Já alguém dizia que pouco importa se falam mal ou bem, desde que falem…
Estamos a falar de um universo futebolístico em que se apoia o erro porque dá espectacularidade ao jogo. Eu diria que, para mim, espectáculo mesmo era ver as equipas com mais mérito e menos ajudas exteriores ganharem os campeonatos, ainda que consigam marcar menos golos espectaculares. Prefiro muito mais festejar um golo limpo, ainda que com “delay”, do que festejar golos irregulares na hora.
Neste universo paralelo consegue-se até dizer que um jogador que, sempre que aparece a falar do seu clube o faz de voz embargada e olhar vidrado, está a forçar a sua saída. Acredito sim que ele quisesse ter mais oportunidades de jogar e poder lucrar financeiramente em outras paragens, mas com certeza nunca forçando por estar insatisfeito ou querendo prejudicar o seu clube.
Mas infelizmente no meu clube também se vêem casos que parecem saídos desse mundo, porque parece que temos uma massa adepta bipolar. Ou então não há bipolaridade, e há apenas os que só gostam de se expressar quando há algo a criticar e se escondem quando tudo está bem, e os que só escrevem quando há vitórias e se escondem quando aparecem as derrotas. Diria que falta apenas bom senso.