A defesa foi um dos principais problemas do Sporting na época que está a terminar. A equipa verde e branca tem atualmente 28 golos sofridos em trinta jogos na liga, o que dá uma média de quase um golo sofrido por jogo, absolutamente impensável para um candidato ao título em Portugal. Basta ver que, dos outros candidatos, o FC Porto tem metade desse número e o Benfica tem apenas quinze golos sofridos, treze a menos que os leões.
O principal problema nem esteve no centro do setor. O guarda redes Rui Patrício continua a dar enormes garantias, sendo absolutamente intocável. Além disso, quando Patrício está indisponível, Beto exibe bastante segurança e dá conta do recado. Já nos centrais, Sebastián Coates também é imprescindível e, salvo raros erros, dá enorme segurança aos responsáveis da equipa, sendo por isso o elemento mais utilizado. É um jogador muito experiente, internacional uruguaio e que já passou pela competitiva Premier League. É o patrão da defesa e uma das “trutas” que Jorge Jesus sempre exige ter nas suas equipas. O seu companheiro de setor tem variado. Ruben Semedo tem sido mais vezes primeira escolha do que Paulo Oliveira, mas os resultados e as exibições mostram que devia ter sido mais vezes ao contrário. Semedo é ainda um jovem, que arrisca demasiado em certos lances, esquecendo-se por vezes da sua principal função dentro das quatro linhas: defender.
Apesar disto, o principal problema está nas laterais, onde nenhum dos atuais jogadores dá mostras de ser primeira escolha “de caras”, o que vai obrigar o clube a investir para estas posições específicas no próximo mercado de verão. Mas esse problema está mais que identificado e não é o tema principal desta análise. O tema principal são os centrais.
Paulo Oliveira, natural de Famalicão, é um dos centrais mais seguros do futebol português, já desde o tempo em que era o patrão da defesa do Vitória de Guimarães. Veio para o Sporting em 2014 e, nas duas primeiras temporadas, efetuou 71 jogos na equipa principal. Nesta temporada, o central de 25 anos tem tido menor utilização e tem sido uma época com muitos golos sofridos em Alvalade. Não me parece que seja coincidência. Paulo Oliveira não é especialmente rápido, nem especialmente alto. Contudo, é um jogador bastante fiável, tanto no jogo aéreo como à flor da relva. “Fiável” talvez seja a palavra que melhor define Paulo Oliveira. Antes do jogo, conseguimos logo saber o que é que Paulo Oliveira vai dar ao mesmo: segurança, acerto no desarme, marcação apertada ao avançado contrário, eficácia e, acima de tudo, esforço, dedicação e devoção. Sim, isso mesmo. Acho que Paulo Oliveira é mesmo um jogador “à Sporting”, como foi, por exemplo, Beto num passado não muito distante e na mesma posição no terreno de jogo.