Mais do que um obrigado

    porta

    Data de Abril de 1993 a primeira recordação que tenho de Alvalade. O Sporting de Figo, Valckx, Cadete, Juskowiak, Cherbakov e acima de tudo de Balakov – saudades tuas, mágico 10! – jogava contra o Chaves. O resultado foi o menos importante, mas foi uma goleada das antigas, cinco a zero, ainda que com três golos apontados no final do jogo.

    Sinceramente, não sei se foi a primeira vez que me levaste à bola, e que entrei de mão dada contigo no nosso velhinho paraíso; mas para mim é das melhores e mais bonitas memórias que tenho. Lembro-me de tudo, da boína tweed horrível que usavas, e que te dava um ar de taxista; da tua almofada desdobrável para pôr no cimento gélido das bancadas , e que contrastava com o vulcão em erupção que vivia na Sul que me captivava o olhar e me prendia a atenção, e do teu inseparável rádio a pilhas, auxiliar fantástico pelo qual confirmavas que o árbitro era quase sempre um ladrão e aproveitavas para lhe chamar uma série de nomes injuriosos, entre os quais o inesquecível “Boi Negro”.

    Sabes pai, poucas vezes te disse obrigado por estas memórias. Tu não me fizeste ser Sportinguista, acho que já nasci assim, no entanto o meu Amor por este clube aumentou e tornou-se o que é hoje por momentos como o que agora recordei.

    Nunca me hei de cansar de te ouvir a falar sobre o Damas e o Yazalde Fonte:  Facebook Sporting
    Nunca me hei de cansar de te ouvir a falar sobre o Damas e o Yazalde
    Fonte: Facebook Sporting

    Lembro-me também da primeira vez que ouvi o Hino da Champions em Alvalade, num jogo frente ao Mónaco de Barthez e Trezeguet. O relvado estava horrível porque tinha havido um concerto pouco tempo antes, e ganhámos três a zero. Mais uma vez, lembro-me de olhar para ti e de te ver feliz como raramente te via, e de ficar contente por partilhar tamanho Amor contigo.

    Com os anos foste perdendo este entusiasmo, deixei de ir contigo a Alvalade, Jamor, ou até mesmo à antiga nave de Alvalade. As equipas de formação deixaram de treinar nos pelados, e com isso deixei de te ouvir falar nos “putos” que jogavam nos juniores, como aquele Simão Sabrosa que ia ser uma máquina.

    Não sei se foi o Roquettismo que te afastou, ou se foi mesmo a tua idade que começou a pesar, mas tenho saudades desse tempo. Mesmo quando nada ganhávamos, o teu amor pelo Sporting era inquestionável, a paixão que punhas em cada Domingo de bola moldou-me na pessoa que sou hoje e até no que quero ser no futuro.

    Como disse, tenho saudades. Saudades que me compres um nougat ou umas queijadas, saudades de olhar para ti e te ver com os fones nos ouvidos a ouvir o relato e até mesmo dos teus insultos; saudades tuas ali comigo.

    Acredita que hoje muito se perdeu daqueles dias “nossos” que passávamos em Alvalade. Já não há tanta magia e não se respira tanto Sportinguismo; já não conheces os teus parceiros do lado e nem precisas de levar a tua almofada. Ainda assim, gostava que fosses, que fosses a minha companhia, e de me abraçar a ti no nosso próximo golo.

    Feliz dia do Pai, Obrigado por tudo!

    Viva o Sporting.

    Foto de Capa: Wiki do Fórum SCP

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    Vítor Miguel Gonçalves
    Vítor Miguel Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
    Para Vítor, os domingos da sua infância eram passados no velhinho Alvalade, com jogos das camadas jovens de manhã, modalidades na nave e futebol sénior ao final da tarde.