Nos bastidores da corrupção – A Nova Ditadura

    «Achámos logo que o Benfica era o melhor.»

    A 12 de Novembro de 2002, a manchete do jornal “Diabo” revela que foram desviados 750 mil euros no passe de Mantorras. Os contornos do estilo do empresário, agora nos quadros do Benfica, começam a ser desvendados. Ao que tudo indica, o diretor desportivo dos encarnados teria comprado 60% do passe do jogador, fazendo a transferência dois meses antes de se mudar para a Luz. Do Alverca, levou todo o dinheiro consigo, incluindo investidores e empresas externas que injectavam capital no clube, deixando os Ribatejanos com uma dívida de 2,5 milhões de euros. Em Outubro de 2005, o presidente do Alverca António Manuel Fernandes informa que o clube não irá conseguir manter-se na primeira divisão devido à divida contraída. Como LFV já tinha retirado todos os negócios inerentes ao seu mandato, os activos do Alverca não eram suficientes para cobrir todo o dinheiro em falta. A impossibilidade de vender jogadores, de arranjar patrocínios e investidores levou o clube à segunda divisão portuguesa e posterior nova descida de divisão.

    No mesmo ano de 2005, Hérman José convida LFV para o seu programa. Na apresentação dos convidados, o agora presidente do Benfica informa que na plateia estavam várias pessoas consigo, incluindo José Santos. (Para quem não está a par, José Santos, mais conhecido como “Zé do Benfica”, é o ex-motorista de LFV condenado em 2016 por tráfico de droga.) No programa, LFV refere que “Zé é um dos meus melhores amigos, quem me atura todos os dias e ouve os meus desabafos”. Portanto, o melhor amigo de LFV, o Zé do Benfica, é apanhado com droga no porta malas do carro que normalmente transportava o presidente encarnado. Sendo os “melhores amigos”, LFV não sabia que José Santos traficava droga? Não sabia que o melhor amigo estava a passar por dificuldades económicas como alegou em tribunal?

    O negócio de Pedro Mantorras ainda deixa dúvidas no dia de hoje Fonte: Facebook Oficial Sport Lisboa e Benfica
    O negócio de Pedro Mantorras ainda deixa dúvidas no dia de hoje
    Fonte: Facebook Oficial Sport Lisboa e Benfica

    Outra prova da gestão danosa de LFV pode ser consultada no “Semanário do Mirante”, datado a 11 de Janeiro de 2006:

    “(…) Depois de Luís Filipe Vieira ter abandonado o barco e ter levado consigo para o Benfica o Manuel Ribeiro. Segundo o actual presidente afirmou ao vosso jornal, Luís Filipe Vieira demitiu-se e retirou as assinaturas de todas as responsabilidades que tinha. Uma atitude pouco digna de um homem que se serviu do Alverca para se aproximar dos poderosos, projectar-se e chegar a presidente do maior clube português, o Benfica.” É facilmente percetível que o melhor património que Manuel Vilarinho deixou no Benfica foi LFV. Vilarinho não tinha a capacidade de poder comandar o futebol português de forma clara e transparente. Teve, sim, a clarividência de que para ser presidente de um grande clube em Portugal era preciso ser pior ou igual ao Presidente de FC Porto, Pinto da Costa. Para LFV, o futebol era visto como um meio acessível e de fácil ascensão, foi o palco ideal para conseguir atingir o seu objetivo primordial: de forma legal ou ilegal, enriquecer.

    Enquanto presidente do Alverca, Vieira era sócio dos três grandes clubes portugueses, numa tentativa de se tentar aproximar de algum deles. Durante esse tempo, a amizade com outro dos maiores corruptos da história, Pinto da Costa, foi crescendo à medida que eram feitos negócios de jogadores para o FC Porto. Apesar desta franca amizade, surgiu a proposta do Benfica para integrar a direcção. Até à altura deste convite, LFV nunca tinha estado presente em assembleias do clube ou sequer ter ido ao estádio. O negócio da transferência de Pedro Mantorras foi a prova cabal suficiente para se abrirem as portas da Luz. Para não serem criados atritos ou suspeitas em assembleias gerais, foi atribuído a LFV um número de sócio de uma pessoa já falecida.

    No dia que é nomeado presidente do Benfica, contrata Paulo Gonçalves, ligado à SAD Portista e do Boavista, grande amigo de Valentim Loureiro e Pinto da Costa, e contrata também José Veiga, que era a pessoa que servia como elo de ligação ao FC Porto quando presidia em Alverca. A sua admiração pelo FC Porto e, nomeadamente, por Pinto de Costa, serviu de inspiração ao esquema que foi montado com alicerces de mentiras e comportamentos deploráveis.

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    António Gonçalves
    António Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
    O António considera-se um analista de verdade e verde e branco com seriedade.                                                                                                                                                 O António não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.