Sporting 2-0 Gil Vicente: Coincidências, chamam-lhe

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    Há dois tipos de pessoas: os que acreditam em coincidências e os que não. Os que acreditam, aceitam as evidências sem as questionar e, muitas vezes, sem entender que as tendências têm quase sempre razões que as originam. Os que não acreditam em coincidências vão mais vezes ao fundo das questões. No campeonato português, e no Sporting em particular, há coincidências que parecem, umas mais do que outras, perfeitamente ocasionais. Não o são.

    O Sporting de Marco Silva passou a conceder menos golos (e menos ocasiões aos adversários!) sensivelmente pela mesma altura em que deixou de apresentar a fluídez ofensiva que até aí vinha conseguindo gerar. Até aqui nada de novo. Mas porquê? Ainda hoje, o Gil só dispôs de uma oportunidade de golo, e mesmo essa foi gerada mais pela equipa de arbitragem do que pelo adversário leonino. O Benfica teve exactamente o mesmo número de oportunidades: uma. E mais exemplos existiriam.

    Hoje, o Sporting não marca mais porque o guarda-redes do Gil Vicente assim não permitiu mas, por norma, a equipa de Alvalade não tem tido tantas oportunidades de golo como na primeira metade da época. A colocação dos extremos a dar largura, ao invés da procura pelo espaço interior que vinham adoptando, faz com que o jogo leonino seja exageradamente lateralizado e, por isso, menos perigoso. Assim, os laterais até passam a ter de atacar um pouco menos e, sobretudo isto, o espaço no corredor central passa a ser despovoado. O número de cruzamentos cresce, o número de perdas no meio diminui e, por isso, há menos situações de perigo… para cada lado. William passa a controlar melhor o jogo (na verdade, tem menos transições adversárias para controlar e mais espaço com bola para executar; daí a subida de rendimento), os extremos passam a desequilibrar menos porque estão mais longe da baliza (daí a descida de rendimento de Nani e de Carrillo), Montero passa mais dificuldades porque passa a ser solicitado através de cruzamentos e o jogo torna-se mais entendiante e cada vez mais parecido ao de Leonardo Jardim. Mas o Sporting deixa de sentir as dificuldades defensivas que sentiu na primeira metade. Este conjunto de factores é uma das coincidências que muitos analistas se esquecem de apresentar como uma não coincidência: a forma de atacar interfere com a forma de defender e o contrário também é verdade.

    Por outro lado, hoje também é um bom fim-de-semana para falar de uma outra “coincidência” que se tem revelado decisiva para o encaminhamento do campeonato. Hoje, em Alvalade, deu-se mais uma arbitragem que poderia ter complicado o jogo aos leões. Ainda no início do jogo, João Mário foi (claramente) derrubado à entrada da área, existindo apenas lugar a dúvidas sobre se teria sido feita a falta dentro da área ou fora. Foi dentro, mas nada foi assinalado. Um pouco mais tarde, no final do primeiro tempo, o Gil dispôs da sua única ocasião de golo depois de Yazalde ter interferido no livre de William sem dar um metro que fosse para a cobrança do mesmo. A equipa visitante acabou por falhar, mas se marcasse estaria dado um passo gigante para que o Sporting acabasse por perder mais pontos na liga. E as coincidências, perguntam-me.

    A coincidência é ontem, no terreno do Moreirense, o Benfica ter beneficiado (outra vez!) de muitas ajudas do apito. Desde a atribuição de um canto quando o correcto seria um pontapé de baliza até a uma misteriosa expulsão (por vermelho directo!!) por palavras, passando pela carga ilegal de Luisão no golo do empate ou do penalty por marcar de Eliseu sobre Danielson, com o resultado em aberto. Semanas antes, sem que se fale sequer nisso, Maxi Pereira estava em fora-de-jogo posicional (interfere na jogada porque pressiona o jogador do Sporting que era portador da bola) no lance do golo de Jardel, em Alvalade. Tal como em todas as coincidências viciadas, muito mais exemplos poderiam ser dados. E quem está atento (quem quer estar, sobretudo) sabe-o bem.

    De resto, de assinalar as muitas alterações no onze do Sporting: Miguel Lopes cumpriu, mas continuo a achar que não dá a mesma profundidade de Cédric; André Martins, sem brilhar, esteve bem e porventura mais assertivo do que Adrien se tem apresentado; Mané não é, definitivamente, melhor do que Carrillo na actualidade; Tanaka está confiante e as coisas saem-lhe bem, embora me pareça que, nesta forma de atacar, Slimani vai ser sempre a primeira escolha de Marco Silva, assim esteja disponível. Do lado do Gil, pouco futebol e muito Adriano. Só assim evitaram a goleada.

    A Figura:

    Adriano – As defesas a Mané, na primeira parte, a Nani, de livre directo, e as diversas boas saídas dos postes foram muitíssimo positivas. Mas a defesa à finalização de Tanaka foi incrível.

    O Fora-de-Jogo:

    Jorge Tavares – Acaba por não ter influência no resultado, devido à superioridade do Sporting e devido ao falhanço do Gil na sua melhor oportunidade de golo, mas cometeu erros graves que poderiam ter mudado a história do jogo. Para além dos lances mencionados, é incrível como Semedo não vê o segundo amarelo e como foi muito mal assinalado um fora-de-jogo a Tanaka pouco antes de isolar Carrillo.

    Foto de Capa: FPF

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