Em dia de dérbi, ao acordarmos dávamos já de caras com um triste cenário de violência e morte, e não vou dizer que alguém matou pela simples razão de ser adepto de um determinado clube, mas o que antes poderíamos considerar um acidente começa agora, pela reincidência, a tornar-se preocupante. Tudo isto é culpa de quem mata, de quem festeja a morte, e de quem os apoia ainda que sem ser de uma forma oficial.
Este dérbi deixou portanto de ter qualquer importância para quem tem um mínimo de humanidade e valores, excepto para aqueles que provavelmente irão ter um novo cântico para levar aos estádios e pavilhões.
A ver pela amostra verificada nas redes sociais, houve quem rejubilasse mais com este triste episódio do que com qualquer vitória em campo que o seu clube pudesse alcançar, o que poderia ser um sinal premonitório do ambiente que se poderia gerar num dia que deveria ser de festa. Juntando a isto o facto de termos treinadores que precocemente dizem que não se cumprimentarão e um presidente a recusar um convite com intuito de passar a imagem para as massas do espírito com que se deveria enfrentar este desafio, bastava-nos apenas rezar para que houvesse bom senso de adeptos, que viessem ao jogo com a única finalidade de apoiar o seu clube. De qualquer forma, e tentando focar-me apenas no jogo jogado pelos verdadeiros artistas, vamos ao rescaldo de um jogo que tinha tudo para ser um excelente espectáculo.
Antes de começar o jogo, houve um momento de homenagem a Marco Ficini, vítima de atropelamento provocado por um suposto adepto do Benfica. Estranha foi a forma como a claque deste clube decidiu cumprir o momento de silêncio, mas cada um saberá de si, e tenho a certeza de que muitos não se irão rever nesses actos. As constituições das equipas não trouxeram quase nada de novo. Apenas confirmaram a ausência de Jonas por lesão na equipa visitante, e uma epifania de Jorge Jesus ao, finalmente, voltar à melhor dupla de centrais que o Sporting tem nas suas fileiras.
O jogo começou com uma entrada forte do Sporting, a pressionar alto, a não permitir que a equipa adversária saísse a jogar, obrigando-a a trocar bolas na defesa. E foi numa dessas trocas, com um toque a mais de Ederson na bola, que Bas Dost encarnou a veia pressionante, que nunca desiste de um lance, de Slimani ou Liedson, conseguindo roubar a bola ao guardião encarnado e sofrer penálti. Esse lance foi concretizado pelo nosso capitão, que em boa hora voltou à nossa equipa. Depois disso, o jogo desenrolou-se no meio campo, poucas vezes bem jogado, em que as equipas apenas criavam perigo em contra-ataque devido a perdas de bola do adversário.
No final da primeira parte, o Benfica ainda teve dois lances (que seriam um, uma vez que assinalando-se o primeiro não teria havido o segundo) quase consecutivos na área leonina em que se queixavam da existência de faltas para penálti, que efectivamente existiram e deveriam ter sido assinaladas pelo árbitro Artur Soares Dias (não considero o de William merecedor de marcação de falta).
Foto de Capa: Directivo Ultras XXI