Um leão embruxado

    Estamos muito próximos de mais um encontro europeu do Sporting, desta feita diante do Legia de Varsóvia, e ainda no rescaldo da traumatizante derrota da primeira jornada, diante do Real Madrid, isto num jogo em que os verde-e-brancos estiveram a ganhar por 1-0 até ao minuto 88, mas que acabariam por perder por 2-1, fruto dos golos tardios de Cristiano Ronaldo e Morata.

    É certo que, no futebol, não são raras as vezes em que um clube sofre reviravoltas ou perde nos momentos finais de um jogo, mas é igualmente verdade que, na história mais ou menos recente do Sporting, esta tem sido uma sina quase constante. Para tentarem contrapor este desígnio, é certo que muitos se lembrarão do tardio golo de Miguel Garcia, em Alkmaar, que valeu o apuramento para uma final da Taça UEFA; do autogolo de Wisgerhof, que valeu um dramático apuramento diante do Twente; ou mesmo do espectacular chapéu de Yannick Djaló, num histórico triunfo e consequente apuramento no recinto do Brondby (3-0).

    A verdade, contudo, é que esses são escassos momentos de felicidade para contraporem todas as desilusões que os adeptos verde-e-brancos têm sofrido, na Europa, em momentos em que tudo já parecia terminado. Rectas finais de pesadelo que quase fazem acreditar que o leão está embruxado quando joga em provas da UEFA.

    Prolongamentos que raramente correm bem

    Comecei a seguir futebol com maior atenção na longínqua época de 1989/90, quando Fernando Gomes, Luisinho, Douglas e Oceano eram algumas das principais figuras do Sporting, sendo que fiquei logo “avisado” de que jogos do Sporting que seguem para prolongamento acabam quase invariavelmente por redundar na eliminação dos verde-e-brancos.

    Miguel Garcia foi o protagonista de um raro prolongamento risonho Fonte: Sporting CP
    Miguel Garcia foi o protagonista de um raro prolongamento risonho
    Fonte: Sporting CP

    Nessa época, e logo na primeira eliminatória da Taça UEFA, foi o Nápoles a afastar o Sporting, isto no seguimento de dois jogos disputadíssimos e que terminaram sem golos, sendo que a eliminação verde-e-branca se deu nas grandes penalidades, isto apesar de Tomislav Ivkovic ter conseguido defender o disparo daquele que seria o melhor jogador do Mundo da altura, o argentino Diego Maradona.

    Desde essa data, e mesmo que exista o tal histórico apuramento de Alkmaar para contrapor, são incontáveis os jogos que o Sporting perdeu no tempo extra e tantas vezes com equipas que, à partida, seriam presa fácil para o leão, nomeadamente o Dínamo Bucareste (1991/92), Grasshoppers (1992/93), Casino Salzburgo (1993/94), Rapid Viena (1995/96), Partizan (2002/03), Halmstads (2005/06). Ou seja, desde 1989/90, o Sporting foi oito vezes a prolongamento em jogos europeus e apenas por uma vez seguiu em frente.

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    Ricardo Figueiredo
    Ricardo Figueiredohttp://www.bolanarede.pt
    Sportinguista sofredor desde que se conhece, a verdade é que isso nunca garantiu grande facciosismo, sendo que não tem qualquer problema em criticar o seu clube quando é caso disso, às vezes até com maior afinco do que com os rivais. A principal paixão, aliás, sempre foi o futebol no seu contexto mais generalizado, acabando por ser sintomático que tenha começado a ler jornais desportivos logo que aprendeu a ler. Quanto ao ídolo de infância, esse será e corre o risco o de ser sempre o Krassimir Balakov, internacional búlgaro que lhe ofereceu a alcunha de “Bala” até hoje. Ricardo admite que ser jornalista desportivo foi um sonho de miúdo que conseguiu concretizar e o que mais o estimula na área passa pela análise de jogos e jogadores, nomeadamente os que ainda estão no futebol de formação ou naqueles campeonatos menos mediáticos e que pensa sempre que ninguém vê como o japonês, sul-coreano ou israelita..                                                                                                                                                 O Ricardo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.