Agradeçam ao Visconde

    Verde e Branco à Risca

    Portugal jogou na sexta-feira. Empatou com Israel quando tinha, obrigatoriamente, de vencer para manter viva a esperança de evitar os play-offs. Porém, e postas de lado todas as críticas (ingratas) a Rui Patrício e à selecção nacional propriamente dita, certo é que temos estado sempre presentes nas fases finais das competições internacionais, e para lá caminhamos, de novo. Penso que qualquer português crê na vitória frente ao Luxemburgo e na consequente vitória no play-off de apuramento para o Mundial. Estou certo de que todos nós acreditamos que vamos estar presentes no Brasil para mostrar, novamente, o poderio da selecção das quinas nas fases finais de campeonatos europeus e mundiais. Mas… e se o Sporting nunca tivesse existido? Teríamos toda esta confiança na qualidade da nossa selecção? Confuso? Passo a explicar:

    Comecemos pelo jogo de sexta-feira. Se o Sporting nunca tivesse existido, o nosso onze inicial (tendo por base a convocatória para este encontro) teria sido composto por: Anthony Lopes na baliza; na defesa com Pepe, Ricardo Costa a centrais, Sereno a lateral direito e Antunes a lateral esquerdo; no meio-campo teríamos Rúben Micael, Josué e Danny (provavelmente a “10”); no ataque contaríamos com Hugo Almeida, Nélson Oliveira e Éder. Teríamos empatado? Tenho muitas dúvidas. Teríamos vencido? Tenho mais dúvidas ainda. Mas porque é que Portugal alinharia com este onze inicial? Pela simples razão de que Rui Patrício, Beto, Cédric Soares, André Almeida (sim, pesquisem), Miguel Veloso, João Moutinho, Custódio, André Martins, Nani, Cristiano Ronaldo e Varela são produtos da formação do Sporting Clube de Portugal. Onze jogadores saídos da “cantera” de Alcochete! Poderão dizer-me que, não estando disponíveis estes jogadores que referi, seriam certamente chamados outros. Certo. Mas quem? William Carvalho? Adrien Silva? Bruma? Ricardo Quaresma? Wilson Eduardo? Pois é… as soluções naturais seriam também produto da Academia Sporting/Puma… Nada feito.

    Cristiano Ronaldo e Nani / Fonte: Rádio Renascença Online
    Cristiano Ronaldo e Nani / Fonte: Rádio Renascença Online

    Olhemos agora para a convocatória de Portugal para o último campeonato europeu, no qual tivemos uma brilhante prestação, apenas travada por uma ingrata derrota frente a “nuestros hermanos”. Se o Sporting nunca tivesse existido, o nosso onze base no Euro 2012 seria composto por: Eduardo; João Pereira, Ricardo Costa, Bruno Alves e Fábio Coentrão; Pepe, Raúl Meireles e Rúben Micael; Hélder Postiga, Hugo Almeida e Nélson Oliveira. Como? Simples: Rui Patrício, Beto, Miguel Veloso, Custódio, João Moutinho, Hugo Viana, Cristiano Ronaldo, Ricardo Quaresma, Nani e Silvestre Varela são produtos da formação leonina. Pois bem, com um onze sem todos estes craques teríamos chegado às meias-finais? Teríamos sequer conseguido o apuramento para o Euro 2012? Tenho sérias dúvidas. Sim… poderão contra-argumentar afirmando que sem estes jogadores teriam sido convocadas outras opções, mas se são boas opções porque não fizeram parte da convocatória? Obviamente porque não possuem metade da qualidade futebolística que todos estes “meninos de Alcochete” detêm.

    Poderão dizer-me que se o Sporting nunca tivesse existido, os outros dois grandes clubes de Portugal teriam formado outros grandes craques portugueses. Ok… então porque não o fazem?! Com toda a sinceridade, depois de Rui Costa não me lembro de nenhum super-jogador nacional (daqueles que levam o público a pagar bilhete para ir à bola) que tenha sido formado fora de Alvalade…

    Poderão dizer-me que se o Sporting nunca tivesse existido, outros clubes iriam pegar em todos estes talentos que tenho referido ao longo do meu discurso. No que toca a alguns deles, estou convicto de que não jogariam futebol hoje em dia (caso de Miguel Veloso, dispensado do Benfica por ser demasiado “rechonchudo”, ou de Bruma, descoberto nos confins da Guiné-Bissau); quanto a outros rapazes, acredito que pudessem ser futebolistas nos dias de hoje – porém, com toda a certeza, sem metade da qualidade com que foram revestidos pela única, e mundialmente reconhecida, excelência da formação Sporting. Naturalmente, viveriam na sombra de um sérvio ou colombiano desta vida…

    Não me deixam alternativa senão tornar a bater na mesma tecla: e se o Sporting nunca tivesse existido? E se os eternos “Cinco Violinos”, os craques Jordão, Futre, Figo ou Cristiano Ronaldo nunca tivessem existido? E se os dez/onze jogadores “made in Alcochete”, que habitualmente compõem a convocatória portuguesa, nunca tivessem sido formados como foram? Que Selecção Nacional teríamos? Quantos lugares abaixo estaríamos no ranking Fifa? Em quantas fases finais de competições internacionais teríamos estado presentes? Dá que pensar. Epá, olha… agradeçam ao Visconde.

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