O Passado Também Chuta: Luís Suarez, o arquiteto

    o passado tambem chuta

    Luís Suarez Miramontes é um patrício da pintora surrealista Maruja Mallo e do destacado membro da Geração do 98 Valle-Inclán. A Galiza dos mistérios e das bruxas é terra de luz e de génios. Luís Suarez nasceu na cidade da Corunha, bem perto do mítico fim do mundo que todos os povos queriam conhecer. Sendo menino, as ruas e os areais viram como um menino espigado fazia com uma bola o que lhe apetecia. Rapidamente, um clube de futebol chamado Fabril, ligado a uma indústria, o enrolou nas suas filas. O grande clube da cidade, Desportivo da Corunha, não demorou muito tempo a querê-lo entre os seus. Cresceu fulgurantemente; um espião do Barcelona começou a namorá-lo. Em 1954, já estava no Barcelona. Chegara a uma equipa cheia de glamour. Ladislao Kubala era a sua estrela mais poderosa. Suarez teve de lutar contra os ciúmes e as estrelas. Finalmente, instalou-se como valor superlativo da equipa. Os títulos e as chamadas à seleção começaram a acontecer.

    A Espanha de Luís Suarez: campeã da Europa / Fonte: fichadojogo.wordpress.com
    A Espanha de Luís Suarez: campeã da Europa / Fonte: fichadojogo.wordpress.com

    Mas, se no terreno corria um mago da bola, no banco sentou-se um mago da motivação e da estratégia: Helénio Herrera. O Barcelona derrotou no campeonato o mítico Real Madrid de Alfredo Di Stéfano. La Saeta Rubia, admirado com este novo talento, batizou-o “O Arquiteto”. Começara a década de 1960 e o Barcelona jogou a final da Taça de Europa contra o Benfica. O Benfica dos Costa Pereira, Germano e José Águas derrotou-os na final de Berna. Helénio Herrera partiu para Milão. O Internazionale queria atacar o trono futebolístico. Passado um ano, o Inter desembarcou em Barcelona para levar a pérola galega. O lendário HH queria-o para que arquitetasse a sua equipa. O dinheiro que os italianos postaram na mesa abriu todas as portas e janelas de Barcelona e Espanha, o equivalente da época a 200 mil euros. Luís Suarez foi premiado com a Bota de Ouro. A lenda do melhor jogador espanhol de todos os tempos não estava mais além, ainda, do seu começo. Itália maravilhou-se com o seu sentido posicional, com a sua técnica, com o seu poder físico.

    O Arquiteto era a inteligência em movimento sobre um terreno de jogo. O Inter recheara-se de excelentes futebolistas: Mazzola, Corso, Jairzinho, e tantos outros ajudaram Luís Suarez a construir aquela orquestra que arrasou em Itália e na Europa. Este galego, meio bruxo, meio génio, não deixou de andar no topo dos jogadores mais valiosos da Europa. Ganhou tudo o que se poderia ganhar a nível de clubes e foi peça principal com a Seleção espanhola que ganhou o primeiro, e durante muitos anos o único, campeonato da Europa.

    O arquiteto Luisito Suarez em ação / Fonte: argentinean-network.com
    O arquiteto Luisito Suarez em ação / Fonte: argentinean-network.com

    O grande rival do Inter, o Milão, tinha nas suas filas o menino de ouro: Rivera. Os duelos entre estas duas equipas e entre os dois craques determinantes ainda perduram na memória coletiva do calcio. Foram tão memoráveis como os duelos entre o Sporting e o Benfica do tempo do Eusébio e do Hilário, onde aparecia o pequeno Simões a sentar toda a defesa do Sporting. Suarez percorria todo o campo; era um jogador total. Posicionava-se na defesa, cortava, avançava, passava ou lançava e tinha uma definição fantástica a trinta-quarenta metros. Era um centrocampista que marcava muitos golos e golos bonitos e espetaculares. Retirou-se com 37 anos, no Sampdoria.

    Espanha não voltou a ter um jogador igual. Mais tarde, o Real Madrid teve um centrocampista também mágico, mas, entre umas coisas e outras, não atingiu o clímax futebolístico de Luís Suarez. Também, há bem pouco tempo, o mesmo Real Madrid teve um jogador com uma magia especialíssima: Guti. No entanto, devido à sua lenda boémia ou ao temor dos treinadores, se excetuarmos Shuster, ninguém lhe entregou a batuta da equipa. Luís Suarez continua a viver na sua terra adotiva, Itália. Por isso, talvez seja pouco recordado em Espanha, mas este país jamais pariu outro jogador igual. E a Galiza foi o seu berço.

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