Campeão assim? Não é preciso…

    camisolasberrantes

    No rescaldo daquelas que foram as reacções ao meu último texto, parco pedaço de letras que abordava a triste isenção da direcção do Benfica face às atitudes de uma claque que a mesma tem apoiado há já quase uma década, vejo-me hoje obrigado a expor aqui o óbvio ainda antes de vos escrever o que quer que seja: esta é só a minha opinião. O Bola na Rede é um sítio onde cronistas com muita, pouca ou nenhuma importância dedicam horas da sua vida a escrever sobre aquilo que lhes apetece, informando-se mais ou menos bem sobre o assunto aí em causa. Não representamos nenhumas cores, quaisquer bandeiras, nem andamos aqui, como as gentes do Norte dizem, em autos de fé. O que eu escrevo no meu espaço – “Camisolas Berrantes” – é escrito porque eu quero, porque eu sinto que preciso de o escrever e porque não há qualquer alma superior a controlar, censurar ou orientar qualquer que seja o conteúdo que trago semanalmente para os vossos olhos lerem. Não devo nem nunca hei-de dever nada a ninguém, nesta esfera desportiva, e é essa isenção que pinta o meu sentido de oportunidade e que incomoda, ao que parece (!), muito boa gente. Prossigamos, contudo, que hoje volto a trazer polémica para a mesa. Fica, desde já, o “aviso” para os de estômago mais sensível.

    O Benfica segue em primeiro, com quatro pontos de avanço sobre o segundo lugar – o rival Porto –, e parece ser cada vez mais o conjunto capaz de conseguir conquistar esta época de 2014/2015. Não pratica um futebol bonito, não entra em todos os jogos com a intensidade de outros tempos e não tem sequer aquele plantel assustador ou cheio de força que às vezes é necessário para se isolar e se manter na liderança durante jornadas e jornadas a fio. Porque é que isso acontece então? Ora, porque, apesar de tudo o descrito acima, o Benfica consegue ser a equipa mais consistente, mais interessante, mais disponível e mais (bem) trabalhada do campeonato português.

    A dupla de centrais mais completa do futebol português Fonte: Sport Lisboa e Benfica
    A dupla de centrais mais completa do futebol português
    Fonte: Sport Lisboa e Benfica

    No entanto, se formos justos, se gostarmos de bola e se quisermos o bem do futebol português, conseguimos ainda encontrar outro motivo para o Benfica estar a quatro saudáveis pontos do Porto: a arbitragem. Estive a analisar TODOS os jogos do campeão nacional para a liga e, como benfiquista limpo e exigente, chego à triste conclusão de que os árbitros que vão estando presentes nos encontros do Benfica não têm a capacidade (profissional, emocional ou racional) para arbitrar tais jogos. O porquê não vos sei dizer. Não acredito sequer que o futebol português vá estando podre. Acredito, isso sim, que quem pode fazer pressão – e o termo que quero aplicar é mesmo só e só este: “pressão” – está a fazê-la e está a fazê-la ao mais alto nível. Tem sido claro que em todos os jogos em que há decisões difíceis de tomar…essas são tomadas, na sua grande maioria, a favor do Benfica. Não tenho como desmentir este facto. Porque é isso mesmo: um facto. E os factos não se discutem. Explicam-se.

    Explicam-se porque não sou de escrever sem uma rede de salvação. Não sou de cozinhar realidades para os outros comerem, muito menos quando há em todas as facções tantos e tantos enjoadinhos, como vamos tendo o desprazer de conhecer cada vez que lhes pomos algo de mais picante no prato. Mas nem é só por isso que os factos devem ser explicados! É porque os benfiquistas devem ter o prazer de dizer, sem se engasgarem, “epá, eu cá acho que o Benfica segue com mérito no primeiro lugar, deve ser campeão…mas não precisa destas arbitragens desastrosas e que consequentemente vão pondo em causa o seu caminho na luta pelo título”. O Benfica tem o que é necessário para anular, com maior ou menor dificuldade, qualquer uma das outras 17 equipas que por cá jogam. Tem é de o continuar a provar em campo. E isso é impossível quando factores externos e inalienáveis cedem sucessivamente à quase-tentação de “ajudar” o clube maior quando o mesmo compete contra clubes menores. O maior prejudicado das arbitragens é, por isso mesmo, o Benfica.

    Eliseu, numa clara troca de papéis, sendo ele o responsável por alguns dos penálties contra o Benfica Fonte: Sport Lisboa e Benfica
    Eliseu, numa clara troca de papéis, sendo ele o responsável por alguns dos penálties contra o Benfica
    Fonte: Sport Lisboa e Benfica

    O Benfica que entra em campo e entra demasiado descontraído e sem vontade porque sabe que, mais tarde ou mais cedo, o golo vai entrar. Legal ou ilegalmente! E isto tanto tem de verdade como tem de ridículo. Como benfiquista doente que sou, não posso deixar de exigir que algo (senão tudo) mude nesse sentido. Não posso deixar de exigir que quem claramente anda a puxar os seus cordelinhos deixe de o fazer para que este não seja o típico campeonato à Porto. Para que não haja dúvidas de que o ar que se respira no norte não é o mesmo que se respira em Lisboa. Para nós é irrespirável. Para outros nem tanto.

    Vamos portanto à exposição, muito sucinta, daqueles que vão sendo os erros de arbitragem a favor dos de encarnado: em 22 jogos disputados, há pelo menos 11 partidas que ficaram manchadas por decisões duvidosas. Desses 11 jogos, há quatro em que as mesmas, muito provavelmente, terão sido decisivas alterando o saudável rumo do jogo e, em consequência, o resultado final (a favor do Benfica). Tudo isto é muito ténue e questionável. É por isso que este é um texto de opinião e nada mais do que isso. Eu acredito solenemente que em todos os casos que vou agora expor, o Benfica acabou beneficiado. Há quem não acredite. Mais uma vez: vale o que vale. Acho somente que vale muito expor a verdade como ela é.

    Refiro que nem pretendo abordar o jogo contra o Rio Ave, em que há aquele tão discutido fora-de-jogo que até é bem assinalado, mas que demonstra somente que quando é para decidir para o lado do Benfica não há dúvidas, nem pretendo comentar a derrota em Paços de Ferreira, que é feita pela equipa de arbitragem, dando um pénalti podre ao Benfica e um pénalti muito duvidoso aos castores.

    Vamos, agora sim, jornada a jornada:

    4.ª JORNADA – Setúbal 0-5 Benfica

    Dois erros contra o Setúbal – NÃO DECISIVO

    • MINUTO 18 – Fora-de-jogo que dava golo e o empate ao Setúbal;
    • MINUTO 78 – Pénalti por marcar, com Samaris a derrubar o jogador do Setúbal que, em grande velocidade, entrava na área do Benfica.

    5.ª JORNADA – Benfica 3-1 Moreirense

    Um erro contra o Moreirense – NÃO DECISIVO

    • MINUTO 81 – Pénalti duvidoso sobre Lima que o árbitro assinala sem grandes dúvidas.

    6.ª JORNADA – Estoril 2-3 Benfica

    Um erro contra o Estoril – DECISIVO

    • MINUTO 10 – Pénalti por marcar num lance em que Jardel, de forma um pouco ingénua, salta para cima de um jogador do Estoril acabando por empurrar o mesmo para o chão.

    10.ª JORNADA – Nacional 1-2 Benfica

    Um erro contra o Nacional – DECISIVO

    • MINUTO 69 – Fora-de-jogo extremamente mal marcado, num lance que isolaria Marco Matias. O Benfica ganhava por somente um golo de diferença.
    O lance que afastou o Nacional do empate na Luz
    O lance que afastou o Nacional do empate na Choupana

    11.ª JORNADA – Académica 0-2 Benfica

    Um erro contra a Académica – NÃO DECISIVO

    • MINUTO 45 – Golo de Luisão em fora-de-jogo, num lance de bola parada (!), que vem matar o jogo.

    12.ª JORNADA – Benfica 3-0 Belenenses

    Um possível erro contra o Belenenses – NÃO DECISIVO

    • MINUTO 68 – Pénalti convertido por Enzo Pérez depois de uma falta aparentemente inexistente sobre o mesmo. O jogo estava 1-0, o que veio complicar as contas do Belenenses.

    14.ª JORNADA – Benfica 1-0 Gil Vicente

    Um erro contra o Gil Vicente – DECISIVO

    • MINUTO 30 – Talisca isola Maxi Pereira que está quase dois metros para lá da posição do último defesa do Gil. O uruguaio acerta no poste e aparece depois Gaitán para a emenda. O 10 do Benfica faz o único da partida numa jogada (claramente) precedida de fora-de-jogo.

    15.ª JORNADA – Penafiel 0-3 Benfica

    Um possível erro contra o Penafiel – NÃO DECISIVO

    • MINUTO 65 – Tony é expulso sem grande necessidade, vendo o segundo amarelo num lance em que Jonas estava ainda no meio-campo do Benfica não havendo sequer uma chance clara de contra-ataque. O Benfica ganhava por uma bola na altura.

    22.ª JORNADA – Moreirense 1-3 Benfica

    Dois possíveis erros contra o Moreirense – DECISIVO

    • MINUTO 57 – É atribuído um canto ao Benfica num lance em que é Salvio quem coloca a bola para lá da linha de fundo. Não havendo também qualquer pénalti a registar nesse mesmo lance, o Benfica aproveita para fazer a igualdade com uma cabeçada de Luisão;
    • MINUTO 67 – Há outro (possível) erro também contra o Moreirense: aos 67 minutos, Danielson parece ser derrubado dentro da grande área e, já no chão, sem estar sequer a proteger a bola, Eliseu dá-lhe uma joelhada na nuca. O árbitro nada assinala.

    Não façamos contas porque isso não faz sentido. Muito menos fará sentido atirar o habitual “então e aquele fora-de-jogo do Montero?” ou mesmo “e o vermelho que ficou por mostrar ao Jackson?!”. Meus caros, eu só vejo o que ao Benfica diz respeito. E seria fantástico se todos os restantes benfiquistas conseguissem fazer o mesmo. Caso contrário, a caixa de comentários está abaixo. Tentem só, desta vez, demonstrar alguma classe. Afinal, não deixamos de representar o melhor e maior clube do Mundo. Vamos dar-nos ao respeito.

    O Benfica merece um campeonato como os que este senhor viu Fonte: Sport Lisboa e Benfica
    O Benfica merece um campeonato como os que este senhor viu
    Fonte: Sport Lisboa e Benfica

    Foto de Capa: Sport Lisboa e Benfica

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