Em 2018, olhava para a busca por patrocínios da dupla portuguesa de Bruno e Hugo Magalhães para realizarem provas do Campeonato da Europa de Ralis (FIA ERC) e poderem sagrar-se campeões. Em 2020, a pandemia trazia um projeto muito interessante para Bruno Magalhães, que, apesar de saber que a Team Hyundai Portugal estava reduzida a um carro, iria lutar em duas frentes: o Europeu e o Campeonato de Portugal de Ralis (CPR). Infelizmente, a pandemia da COVID-19 deitou por terra o projeto europeu e Bruno focou-se apenas no CPR.
Em 2020, já com um título de campeão europeu vencido ao português em 2018, Alexey Lukyanuk encontra-se na mesma situação. O russo, que venceu duas das três rondas até agora realizadas no ERC, procura financiamento para terminar o campeonato, que promete animação, numa luta com Oliver Solberg.
By the way, this is the last event for which we have enough budget. Now we have a second round of searching for partners–Hungary is about a month away, during which we need to close the financial hole. So,if this doesn’t happen,there is a great chance of not going anywhere else pic.twitter.com/cdg4vs035f
— Alexey Lukyanuk (@AlexeyLukyanuk) October 1, 2020
Desta vez, a ronda portuguesa do europeu não foi à ilha de São Miguel, nos Açores, mas sim a Fafe, para o Rali Fafe/Montelongo. As especiais de terra vulcânica foram trocadas pelo asfalto continental, num rali extremamente difícil para todas as equipas, com as condições meteorológicas que se fizeram sentir.
A presença de Oliver Solberg atraia muita atenção, com o jovem piloto, filho do Campeão do Mundo de Rais de 2003, Peter Solberg, a trazer a Portugal o Volkswagen Polo GTI R5. Logo no shakedown, Solberg obrigou a trabalhos redobrados da equipa. Uma batida forte que danificou o carro alemão levou a noitada por parte dos mecânicos, mas, na manhã seguinte, a dupla seguia o seu caminho.
Infelizmente, não era o rali do jovem sueco. Um problema mecânico retirou-lhe da luta pela vitória. Quem mais beneficiou foi Lukyanuk, que controlou a seu belo prazer o rali.
Ainda assim, a carpete vermelha não estava completamente estendida para o russo. Um pião na penúltima especial e a luta pela vitória fazia-se a três no derradeiro troço. Numa autêntica tempestade, a chuva não deu tréguas, mas Lukyanuk, no seu estilo ‘flat out’, compensou o erro e não vacilou, vencendo mesmo o Rali Fafe/Montelongo.
São duas vitórias em três rondas em 2020. Se acho que o russo merecia estar num WRC3? Acho, mas aqui no Campeonato da Europa não está nada mal também. E só espero que quem tem o dinheiro possa ver isso, porque o russo merece continuar a sua caminhada e as lutas Lukyanuk/Solberg vão ser para se recordar daqui a um par de anos.
Nas hostes portuguesas, João Barros e Jorge Henriques foram os melhores em termos de posição à geral. A dupla do Citroën C3 R5 foi 13.º da geral, embora ainda ‘namoriscasse’ com o top 10. Já Aloísio Monteiro e Sancho Eiró (Skoda Fabia R5) terminaram o Rali de Fafe/Montelongo na 21º posição da geral. Manuel Pereira e Pedro Magalhães (Peugeot 208 R2) terminaram na 28º posição da geral.
Em termos de duas rodas motrizes, Pedro Almeida e Hugo Magalhães levaram o Peugeot 208 Rally4 ao pódio na categoria ERC3 Junior. O jovem Almeida, que este ano ‘deu um passo atrás’, está a trabalhar muito bem e acredito que vá colher os frutos brevemente.
Em estreia no Europeu, Mário Castro e Ricardo Cunha utilizaram o Ford Fiesta R2T na categoria ERC3. Infelizmente, problemas na máquina e algumas escolhas mais conservadoras de pneus resultaram no quinto lugar nesta categoria.
Foto de Capa: FIA ERC
Artigo revisto por Mariana Plácido