Campeonatos Nacionais Universitários 2014

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    Foi na passada semana, entre os dias 7 e 12 de Abril, que a Maia, Cidade Europeia do Desporto 2014, acolheu as fases finais concentradas dos Campeonatos Nacionais Universitários. Depois de, em 2013, a maior festa do Desporto Universitário ter tido como sede a cidade da Covilhã, foi o norte do país o albergue de seis dias de intensa competição, organizada em parceria pela Federação Académica do Porto e pelo município da Maia.

    Oito modalidades, 12 pavilhões/estádios e cerca de 2000 estudantes-atletas compuseram o cartaz dos CNU’s 2014. Com uma enorme mobilização a nível nacional – estiveram presentes Academias e Faculdades de todo o país – e depois de dezenas de jogos da fase de grupos e subsequentes fases eliminatórias, os primeiros títulos começaram a ser atribuídos ao terceiro dia de competição.

    O Bola na Rede esteve presente nos CNU’s 2014, na Maia
    O Bola na Rede esteve presente nos CNU’s 2014, na Maia

    Competição e Títulos

    Na disciplina de Hóquei em Patins Masculino, a final foi disputada entre a AEFMH e a U. Porto, na qual os “motricitários” foram mais fortes (8-2), garantindo o título de Campeões, com a medalha de bronze a ser arrebatada pela Universidade Nova de Lisboa (depois de vencer o IPLeiria por 5-2). Já no tocante ao Basquetebol Feminino, reeditou-se a final do ano transacto, entre IPPorto e AAUAveiro – depois de um intenso e renhido jogo, o IPP levou a melhor, tornando-se Campeão Universitário, com o placard final a registar 61-54, sendo o último lugar do pódio ocupado pela AAUMinho depois da vitória (56-46) sobre a AEFMH.

    É certo que, se os primeiros dias de Competição são encarados de forma mais relaxada e descontraída, com o aproximar das grandes decisões, a carga emotiva também aumenta – de todo em todo, se há coisa de que o Desporto Universitário em geral se pode orgulhar é do ambiente salutar que sempre se observa entre atletas e instituições. Porém, no desporto só um pode vencer… E foi ao quarto dia de CNU’s que o maior número de finais teve lugar.

    No Rugby 7 Masculino, a vitória pertenceu à Universidade Nova de Lisboa, com o restante pódio a ser ocupado pela U.Porto (segunda) e AACoimbra (terceira). Já na vertente feminina, e com um quadro competitivo diverso (grupo único composto por cinco equipas), depois da desqualificação da AACoimbra – campeã em título –, o título foi conquistado pela U.Porto, com a AAUMinho a terminar no segundo posto.

    No mesmo dia, também o Voleibol conheceu os seus Campeões Universitários – as finais acabaram por ser um pouco desequilibradas, com o título a sorrir, no Masculino, ao IPPorto (3-0 sobre a AEFEP, permitindo-lhe renovar o título conquistado no passado ano), com a AEFADEUP a terminar no terceiro lugar. Por sua vez, no Feminino, a AAUMinho não conseguiu revalidar o ceptro, perdendo na final por claros 3-0 diante da AEFADEUP, com a AEFEUP a levar para casa a medalha de bronze. Neste contexto, destaque para a clara supremacia das equipas do Norte do país em qualquer dos géneros.

    Com a vitória diante da AEFEP, o IPPorto renovou o título no Voleibol Masculino
    Com a vitória diante da AEFEP, o IPPorto renovou o título no Voleibol Masculino

    Trocando a bola e retirando a rede, o Andebol viu os seus Campeões Universitários renovarem os respectivos títulos. Na casa-mãe dos CNU’s, no Pavilhão Municipal da Maia, na vertente feminina, o IPLeiria sagrou-se Bicampeão Nacional Universitário, vencendo o conjunto da U.Porto por apenas um golo de diferença, num resultado justo mas muito saboroso (20-19). O pódio fechou com a equipa da casa, a AEISMAI. O maior feito estaria para chegar de seguida… No Masculino, a AAUMinho, pela sexta vez consecutiva (!), levou o título para casa, depois de bater a AEISMAI de forma clara por 35-22, com a medalha de bronze a ficar na posse da AEISEP, fruto de uma vitória sobre o Técnico (28-24).

    Foi no penúltimo dia de competição que as finais mais aguardadas surgiram. Tanto no Pavilhão do Formigueiro (Basquetebol Masculino) como no Pavilhão Municipal da Maia, sede das finais (masculina e feminina) do Futsal, registaram-se assistências bastante interessantes e um público caloroso no apoio às suas equipas.

    Mais ao lado, no Estádio Municipal de Gondim, o Desporto-Rei (apenas na vertente masculina) viu AACoimbra e AAUMinho lutarem pelo título. O favoritismo da turma do Minho confirmou-se, e a vitória por 2-1 (com golos de Rui Silva e Pedro Oliveira) diante da congénere conimbricense (tento de Pedro Marques) permitiu-lhe tornar-se Bicampeã Nacional Universitária de Futebol de 11, sendo que a medalha de bronze foi levada para casa pela AAU Beira Interior, depois da vitória sobre o Técnico (1-0, golo de Rafael Abreu).

    A AAUM foi mais forte no Futebol de 11, revalidando o título
    A AAUM foi mais forte no Futebol de 11, revalidando o título

    Voltando às modalidades indoor, a tarde de sexta-feira dos CNU’s dividiu-se entre as finais do Basquetebol Masculino e do Futsal.

    No Basquetebol, o primeiro jogo do dia opôs AEFEUP e AAUAveiro na disputa pelo último lugar do pódio. Os engenheiros foram mais felizes e, depois de estarem a vencer durante todo o encontro, acabaram por confirmar a medalha de bronze com o resultado final de 69-63. Disputada duas horas depois, a grande final colocou frente a frente a AAUMinho e AEFADEUP. A equipa minhota, com outros argumentos, esteve sempre por cima do jogo, atingindo mesmo uma diferença no marcador de mais de 10 pontos. Porém, os desportistas, numa enorme demonstração de crer, fizeram uma ponta final de jogo de grande categoria, dando, inclusive, a sensação de que poderiam reverter o rumo dos acontecimentos. De qualquer forma, a AAUMinho soube ser inteligente, gerindo a partida de maneira a garantir o título de Campeã Nacional Universitária, algo que ficou carimbado com o resultado final de 67-59.

    No Pavilhão Municipal da Maia e no Futsal, quem reinou foram as equipas da AACoimbra. Porém, antes disso, na vertente feminina, a AAUM garantiu o terceiro lugar depois de uma vitória muito suada diante do IPLeiria (3-2), com Cátia Morgado em destaque fruto de um bis. Por sua vez, a grande final foi disputada entre a AACoimbra e a AAÉvora. A AAC entrou melhor no jogo e, aos cinco minutos, viu a sua jogadora Sara Fatia colocar a equipa em vantagem. Ainda assim, nos primeiros 10 minutos de jogo, a AAE criava mais perigo em bolas longas do que propriamente a AAC, que, já em vantagem, trocava a bola no meio campo adversário mas nunca tentava o remate, acabando por sofrer vários contra-ataques. A segunda metade da primeira parte já foi diferente, com a guarda-redes da equipa de Évora a fazer algumas defesas difíceis, mantendo as suas companheiras na luta pelo empate. Antes do apito para o intervalo, houve ainda tempo para um remate potente que esbarrou no poste direito, de novo da autoria de Sara Fatia: uma grande oportunidade (não concretizada) para a AAC partir com uma vantagem de dois golos para a segunda parte. No reatar da partida, as bases do jogo não se alteraram, e a AAC continuou a trocar a bola de uma maneira muito precisa. Com o avançar do tempo, chegou a altura de as atletas de Évora apostarem tudo e instalarem-se no meio campo adversário, mas a verdade é que o último passe nunca saiu. Foi sem surpresa que a AAC chegou ao golo já perto do fim, através de um contra-ataque letal, com Sofia Regadas a sentenciar o jogo, fixando um 2-0 justíssimo.

    Sara Fatia (AACoimbra) esteve em destaque durante a final, ajudando a sua equipa a vencer a congénere de Évora
    Sara Fatia (AACoimbra) esteve em destaque durante a final, ajudando a sua equipa a vencer a congénere de Évora

    Se a AACoimbra tinha demonstrado toda a sua qualidade no género feminino, o mesmo sucedeu na final masculina. Jogando contra a equipa da casa, a AEISMAI, os atletas conimbricenses viram-se a perder por duas bolas a zero mas, fazendo uso do quinto elemento, conseguiram voltar à partida, que, diga-se, foi imensamente disputada e com um número anormal de bolas nos ferros. Com um empate a dois no final do tempo regulamentar, o jogo foi para prolongamento. Aí, a AAC adiantou-se pela primeira vez no marcador (em mais um golo consequência de estar a jogar com o quinto elemento), ainda que a AEISMAI tenha respondido de forma certeira na transformação de uma grande penalidade, fixando o 3-3 final. O recurso às grandes penalidades foi inevitável e a AAC acabou por ser mais feliz – depois de uma tremenda eficácia de ambas as equipas na conversão dos primeiros cinco penalties, a AEISMAI acabou por falhar, fruto de uma boa defesa do keeper da AAC, João Bersch. Nesse momento ficou consumado o título da turma de Coimbra (muito graças ao hattrick do número dois da equipa, Júlio), algo que já não acontecia desde 2008/2009.

    Já a luta pelo bronze terminou com a vitória do IPViseu sobre a AEFEUP por 3-1. A equipa de Viseu trocou sempre muito melhor a bola, jogando pela certa e atacando com critério, ao contrário da AEFEUP, que, provavelmente por ter estado sempre em desvantagem, correu bastante mas nem sempre da melhor forma. De facto, tratou-se de um jogo interessante, com algumas oportunidades para as duas equipas, mas com o IPV sempre por cima. Aliás, não fosse o guarda-redes dos portuenses fazer a diferença, evitando várias vezes o golo e mantendo sempre a equipa na luta, e o resultado poderia ter sido mais desnivelado. Nota final para a presença nas bancadas, desde o primeiro dia, de Jorge Braz, seleccionador nacional de futsal, certamente a pensar na convocatória para o próximo Campeonato do Mundo Universitário, a realizar em Málaga, Espanha.

    O pódio do Futsal Masculino
    O pódio do Futsal Masculino

    O último dia dos CNUs foi dedicado, por inteiro, ao Corfebol. Com todos os jogos a terem como palco o Pavilhão Municipal da Maia e disputados numa lógica de equipas mistas, a final colocou frente-a-frente a AEISCAL e a AEIST. Num jogo que se adivinhava equilibrado, o Técnico acabou por ser muito superior, vencendo por 7-1 e conquistando o título. Para além da AEISCAL no segundo posto, o pódio completou-se com a presença da Universidade Nova de Lisboa (venceu a AAUMinho por 2-0) – as equipas provenientes de Lisboa mostraram, assim, que nesta disciplina estão um patamar acima de todos os seus restantes opositores.

    quadro cnu

    Os CNU’s vistos de dentro

    Os CNU’s são o evento desportivo-académico por excelência. Mais do que isso, são competições de estudantes para estudantes. Neste quadro, perceber a dimensão de que este evento se reveste para quem nele participa é algo, quiçá, tão importante quanto as classificações finais (já expostas acima).

    Francisco Viegas, aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, foi um dos muitos atletas-estudantes que estiveram presentes na Maia, em representação das suas cores. No seu caso em particular, os CNU’s 2014 significaram a possibilidade de representar a AAFDL na modalidade de Futebol de 11 a nível nacional. “Faríamos todos 1000 quilómetros se isso nos levasse aos CNU’s”, explicando que, para eles, em particular, “esta foi uma experiência diferente da de muitos, talvez, devido a vários factores que envolveram a equipa. Começámos a época desportivo-académica com muitas caras novas, assim como novos treinadores, mas, acima de tudo, quando o Campeonato (n.d.r.: competição a nível distrital que dá acesso aos CNU’s) começou o nosso objectivo era a manutenção e, no final, acabámos por realizar jogos míticos e por conseguir um apuramento para os CNU’s no minuto 92 do último jogo da fase regular.”

    A comitiva da AEFDL que se deslocou até à Maia
    A comitiva da AEFDL que se deslocou até à Maia

    Uma das questões que continuam a marcar os CNU’s é o facto de as Associações de Estudantes das Faculdades de Lisboa e Porto competirem de forma individual e não dentro de uma única Academia, como sucede nos restantes casos (a título de exemplo, AAUMinho, AACoimbra, AAÉvora).

    Para Francisco Viegas trata-se de uma questão menor, uma vez que “embora faça diferença, após a nossa participação deste ano pude constatar que, defrontando verdadeiras Academias ou não, a nossa equipa tem capacidade para, no futuro, voltar a chegar longe”. “Basta ver que ganhámos a uma Academia que tinha o dobro das condições e dos apoios que nós tínhamos e que acabou por chegar à final, enquanto uma equipa como a nossa passa por dificuldades várias, como jogadores a terem de colar fita adesiva para fazerem os números nas camisolas, por exemplo. Isso responde em parte quanto aos apoios que nos foram dados, mas entende-se que não se possa exigir muito. De qualquer forma, tivemos hotel e transporte para a faculdade, mas é certo que, comparado com outras equipas, sabe a pouco”, concluiu.

    A preparação de um evento desta envergadura, com a participação de perto de 2000 atletas, envolve sempre inúmeros cuidados e preocupações com toda a organização, logística e acompanhamento das equipas. Para Francisco Viegas, sobra o lamento de as competições serem realizadas num curto espaço de tempo, sendo que “a organização, pelo que me pareceu, valeu pelos mínimos”, algo contrariado por José Maria Monteiro, também ele presente nos CNUs, representando a AAUAlgarve em Futebol de 11. “Foi de louvar a excelente organização: gostei muito da forma como lidaram com tudo”, conta José, sobrando apenas o reparo em relação a alguma da comida que foi servida nas cantinas, algo corroborado por Francisco.

    Os juristas que representaram a AEFDL nos CNU’s 2014
    Os juristas que representaram a AEFDL nos CNU’s 2014

    Por fim, o atleta-estudante da FDL considera que o Desporto Universitário e, por inerência, os CNU’s são para ser levados cada vez mais a sério. Nas palavras de Francisco, a competição universitária “é um instrumento importantíssimo para a união académica e para o bem-estar na Faculdade. Este ano, na FDL, já se verificou uma mudança na tendência normal, algo que partiu da iniciativa de membros da equipa através de cartazes e via Facebook. Para o ano, assim vai continuar, porque o ambiente que se verifica nos jogos é fora do normal”.

    Pedro Carvalho, adepto atento dos CNU’s desde o primeiro dia, partilha do mesmo pensamento, crendo que “o desporto jovem e universitário está bem e recomenda-se” e que as equipas e os jovens que saíram vencedores destes intensos e festivos dias de competição na Maia “vão representar muito bem Portugal nas Universíadas”. A avaliar por aquilo a que o Bola na Rede teve oportunidade de assistir in loco, os CNU’s revelaram-se mais um evento de sucesso, quer em termos competitivos quer ao nível de toda a organização. No fundo, o presságio de que o futuro do Desporto Universitário em Portugal será risonho.

     

    Reportagem de Filipe Coelho e Telmo Soares Ribeiro

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