24 de agosto de 2014 foi a data em que Vincent Aboubakar assinou pelo FC Porto, com a esperança de ser uma boa sombra para Jackson Martínez.
Até aos dias de hoje, construiu-se uma história de altos e baixos de dragão ao peito, marcando 56 golos em 119 jogos. São números aceitáveis para um ponta de lança que só assumiu a titularidade na época 2015/2016 e 2017/2018. Mas quando se fala em Aboubakar, uma das palavras-chave que definem o camaronês é a irregularidade exibicional, uma vez que este jogador é capaz de levantar o estádio com as suas fintas e golos, ou levar ao desespero do público com uma finta a mais ou uma má execução.
O título deste artigo de opinião mostra-nos como em Vincent Aboubakar a infelicidade pagou-se caro… Mas que infelicidade foi essa?
Temos de recuar para a época transata (2018/2019), em que na fase inicial do campeonato, mais concretamente no jogo frente ao CD Tondela, o avançado camaronês sofreu uma rotura total do ligamento cruzado anterior e ligamento lateral interno do joelho esquerdo. Naturalmente, teve de ser operado e falhou praticamente o resto da época em que completou apenas onze jogos com um total de quatro golos. Era o início de uma grande infelicidade na carreira deste jogador que via este campeonato como a forma de se assumir pela segunda época consecutiva como um titular (quase absoluto) na equipa azul e branca.
O historial de lesões deste jogador também é extenso, mas uma como esta foi fatal nas suas ambições.
Apesar de na época de lesão este ter sido declarado como clinicamente apto pouco tempo antes do final do campeonato, é compreensível não ter sido utilizado por Sérgio Conceição, isto porque a equipa já tinha rotinas e o avançado dos dragões estava claramente com falta de ritmo competitivo. A somar a isto tudo, sofreu outra lesão no mês de maio em que esteve parado nove dias.
Avancemos agora para a análise da época atual e do momento de Aboubakar.
Apesar de o FC Porto ter adquirido o passe de Zé Luís para a frente de ataque, e ainda ter nas suas fileiras jogadores como Tiquinho Soares e Moussa Marega, é incompreensível a falta de oportunidades para Aboubakar que até agora só somou dois jogos na equipa principal (como suplente utilizado), e um ao serviço dos “bês” portistas. Pergunto-me como isto é possível numa frente de ataque que está sempre em rotatividade e numa equipa que não está no seu melhor momento de forma.
Desta forma, é mais que evidente que Aboubakar pagou muito caro a infelicidade que teve no início da época passada.
A prova de como este jogador está mais que apto para a competição deu-se com a sua presença na recente convocatória dos Camarões, em que foi titular frente à seleção do Ruanda e suplente utilizado com Cabo Verde.
Se me permitem a expressão, desde a longa lesão, a carreira deste jogador tem sido uma autêntica “bola de neve”, ou se preferirmos, um “calvário” …
Em cada jogo, há sempre uma esperança de ver este avançado pelo menos no banco de suplentes ou titular frente a equipas mais modestas como por exemplo o SC Coimbrões, mas não passa de uma esperança, uma vez que qualquer jogador se chega sempre à frente.
Por mais que isto custe aos adeptos do FC Porto e fãs de Aboubakar, se calhar a melhor opção é mesmo um empréstimo do avançado camaronês ou até uma venda. Nos últimos dias até se tem falado de uma possível venda ao Besiktas JK por uma verba a rondar os três milhões de euros.
O próprio jogador falou à comunicação social no final do encontro frente ao Ruanda, admitindo os tempos difíceis que tem passado no FC Porto e o facto de os treinadores, quiçá, terem medo de apostar nele para não se lesionar de novo.
É esta a “bola de neve” em que Aboubakar se encontra, e contra quem luta todos os dias que vai ao Olival.
O FC Porto volta a jogar hoje, a partir das 17h30, frente ao Vitória FC. Será que é desta que Aboubakar se volta a vestir de azul e branco? É esperar para ver.
Foto de capa: Instagram ” Vincent Aboubakar”
artigo revisto por: Ana Ferreira