Revista do Mundial’2014 – Equador

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    Do outro lado do Atlântico, banhada pelo Pacífico, uma pequena nação acredita que a passagem à próxima fase do Mundial é difícil, sim… mas possível. A selecção do Equador vai marcar presença no Brasil depois de Reinaldo Rueda – o responsável pela qualificação das Honduras para o Mundial de 2010 – ter liderado Caicedo e companhia naquela foi apenas a terceira qualificação da história equatoriana para o Mundial da FIFA. Chegar até aqui foi já um feito, mas agora quer-se mais.

    Inserido no grupo E, o Equador terá de enfrentar de enfrentar França, Suíça e – guess what – Honduras para garantir o seu lugar ao sol e passar à próxima fase. A tarefa não se adivinha fácil e o primeiro jogo, contra a Suíça, em Brasília, será determinante para as ambições da selecção do Equador. A equipa, bastante inexperiente na competição mas com alguns jogadores interessantes, terá de se voltar eventualmente para o nome mais sonante do futebol equatoriano – Antonio Valencia. Com o extremo do Manchester United ao seu melhor nível e alguma disciplina táctica, o conjunto veloz do Equador poderá mesmo surpreender e carimbar a passagem à próxima fase.

    Num grupo que muitos dizem ter sido feito de propósito para a França passar – deixo ao critério do leitor a importância do factor Platini – a selecção do Equador terá inúmeras dificuldades, mas a passagem é mais do que uma mera ilusão ou um sonho. Honduras será, à partida, um oponente fácil, e, ainda que a Suíça tenha conseguido uma classificação exemplar, não há qualquer garantia de que consiga manter o mesmo nível na fase final do Mundial. Por fim, há a selecção francesa, com aquele que é de longe o melhor conjunto do grupo, mas com a pressão de vencer toda do seu lado – convém não esquecer as prestações deploráveis que fez nas últimas competições de selecções, em particular no Mundial de 2010.

    Pessoalmente, acredito que tudo dependerá da forma como o Equador se vai apresentar logo na primeira partida diante da Suíça. Com muito esforço e alguma sorte à mistura, o Equador pode mesmo passar o grupo e seguir em frente. À partida, não se perspectiva um percurso longo para a equipa neste Mundial – resta ver se Caicedo… ou tarde.

    OS CONVOCADOS

    Guarda-redes – Maximo Banguera (Barcelona-Equador), Adrian Bone (El Nacional) e Alexander Dominguez (LDU).

    Defesas – Gabriel Achilier (Emelec), Walter Ayovi (Pachuca), Oscar Bagui (Emelec), Frickson Erazo (Flamengo), Jorge Guagua (Emelec), Juan Carlos Paredes (Barcelona-Equador) e Cristian Ramirez (Fortuna Dusseldorf).

    Médios – Segundo Castillo (Al Hilal), Carlos Gruezo (Estugarda), Renato Ibarra (Vitesse), Fidel Martinez (Tijuana), Cristian Noboa (Dinamo Moscovo), Pedro Quinonez (Emelec), Luis Saritama (Barcelona-Equador) e Antonio Valencia (Manchester United).

    Avançados – Jaime Ayovi (Tijuana), Felipe Caicedo (Al-Jazira), Jefferson Montero (Morelia), Joao Rojas (Cruz Azul), Enner Valencia (Pachuca) e Armando Wila (Universidad Catolica).

    A ESTRELA

    Antonio Valencia Fonte: lainfo.es
    Antonio Valencia
    Fonte: lainfo.es

    Aos 28 anos de idade, Antonio Valencia é sem qualquer dúvida o nome mais sonante da equipa equatoriana. Tendo não só a qualidade mas também a experiência que tanto falta aos seus conterrâneos, chega ao Mundial com a responsabilidade de impor o seu jogo nos palcos brasileiros. Esta última época do Manchester United foi um flop de proporções épicas, com a equipa a ressentir-se tremendamente da saída do histórico Sir Alex Ferguson. Ainda assim, Valencia tem de estar ao seu melhor nível no Brasil para que o Equador possa fazer uma boa prestação.

    Acusado de ser irregular, mas com atributos de ser o típico jogador “abre-latas” quando está nos seus dias, Valencia terá mesmo de ter vários dias assim para liderar a selecção equatoriana em busca de algo mais. O capitão do Equador terá de servir os atacantes, impor uma pressão defensiva constante, desequilibrar nas alas e ainda construir jogo. Num conjunto que tem na velocidade a sua maior arma, Valencia terá pela frente três jogos de muito esforço e não se pode dar ao luxo de falhar nos momentos cruciais se quiser sonhar em ir mais longe. As expectativas são baixas, o que pode dar-lhe a liberdade que precisa para mostrar no Brasil aquilo que verdadeiramente vale. Até porque o Mundial é uma oportunidade de ouro para mostrar aos críticos que, não obstante os falhanços clubísticos da última temporada, “Santo Antonio” ainda não se acabou.

    O TREINADOR

    Reinaldo Rueda Fonte: latri.ec
    Reinaldo Rueda
    Fonte: latri.ec

    Depois de três anos à frente da modesta selecção das Honduras em que conseguiu a verdadeira proeza da qualificação para o Mundial de 2010, o treinador colombiano Reinaldo Rueda prepara-se para mais um grande desafio, desta vez ao leme da selecção do Equador. Rueda e a sua equipa foram invencíveis a jogar em casa – sete vitórias e um empate em Quito – mas sofreram bastante nas deslocações, com evidente destaque para a pesada derrota em Buenos Aires por quatro bolas a zero.

    As excelentes prestações caseiras valeram ao técnico a qualificação para o Mundial, que a equipa dedicou de imediato ao ex-companheiro Christian “Chucho” Benítez (o avançado faleceu no ano passado vitima de um ataque cardíaco). O jogador estará certamente no imaginário dos equatorianos quando a bola começar a rolar no Brasil. Rueda é um treinador com provas dadas a nível de selecção, e o seu casamento com o Equador tem tudo para ser feliz. Ainda que a selecção das Honduras não tenha marcado qualquer golo no Mundial de 2010, o agora treinador do Equador já demonstrou que lida bem com a posição de underdog e pode voltar a surpreender.

    O ESQUEMA TÁTICO

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    O PONTO FORTE

    O trio ofensivo. Numa selecção em que a falta de qualidade em várias posições é um problema sério, o Equador terá de apostar num futebol rápido e agressivo com grande pendor atacante. Um meio-campo com experiência, ainda que não a este nível, terá de conseguir fazer chegar a bola aos três homens da frente – Antonio Valencia, Jefferson Montero e Caicedo – para que estes consigam criar desequilíbrios em lances individuais. O antigo ponta-de-lança do Sporting está, de resto, muito mais maduro do que quando passou por Portugal e terá de se fazer valer da sua imponência física e da capacidade de explosão para arrastar defesas e permitir entrar em combinações com os dois extremos. Ainda que o Equador alinhe frequentemente em 4- 4- 2, este trio de jogadores é o maior argumento da selecção para disputar pontos no grupo E do Mundial.

    O PONTO FRACO

    A defesa. Basta olhar para os nomes que compõem a defesa do Equador para perceber que por aqui não anda nenhum atleta de gabarito mundial. Ainda que rápidos e aguerridos, os jogadores defensivos do Equador são mesmo o calcanhar de Aquiles da equipa, que é demasiado permissiva na altura de defender e de pressionar o adversário. Além disso, o treinador Reinaldo Rueda parece ainda não ter decidido qual o conjunto defensivo que mais garantias lhe oferece, dado que experimentou vários alinhamentos diferentes nos jogos amigáveis e de qualificação. A defesa do Equador pode ter alguma experiência vinda de muitos anos de futebol, mas já se sabe que no mata-mata que é o Mundial não há margem para erros. Só com muita concentração, disciplina e entreajuda é que a defesa equatoriana se livrará de ficar em maus lençóis no Brasil.

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    Rui Miguel Pereira
    Rui Miguel Pereirahttp://www.bolanarede.pt
    O Rui jogou a trinco nas camadas jovens do União de Tomar, e reza a lenda que se fartava de fazer faltas. Muito mais moderado nos comentários, diz que quando teve a oportunidade de escrever sobre futebol e raparigas, não pensou duas vezes.                                                                                                                                                 O Rui não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.