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O RESCALDO
Se há coisa a que este Mundial nos tem habituado é a grandes jogos. E mesmo um Coreia do Sul vs Argélia, que ao início pode não despertar interesse, faz jus à qualidade que este Mundial tem tido.
Depois de uma derrota contra a Bélgica, com uma exibição bastante positiva, era tempo de os argelinos mostrarem que o bom jogo na primeira jornada não tinha sido por acaso. Halilhodzic apostou num 11 mais ofensivo, com Slimani a ser titular, depois de ter começado o jogo contra a Bélgica no banco. Também Halliche foi titular.
Do outro lado, a Coreia do Sul queria distanciar-se da Argélia e Rússia, isto depois de saber que os russos tinham perdido frente à Bélgica. Com as duas equipas a terem chances de se isolar no segundo lugar, estava em perspectiva um grande jogo.
E tal como muitas outras selecções, a Argélia mostrou que só na teoria era a equipa mais fraca do grupo. Que grande primeira parte dos argelinos. Slimani, melhor jogador argelino de 2013, deu o mote para aqueles que seriam uns 45 minutos fantásticos das Raposas do Deserto. O primeiro golo do sportinguista foi aos 25 minutos e era o culminar de uma entrada forte por parte dos africanos. Ainda se festejava o primeiro golo e outro “português” marcava o segundo. Halliche, o “estudante” da Académica, marcava após um canto, aproveitando uma saída em falso do guarda-redes coreano. A surpresa estava à porta, mais uma. Com mais um golo, de Djabou, a Argélia destruía a Coreia do Sul e ia para o intervalo com a vitória quase no bolso. Resultado justíssimo. A Argélia anulou por completo a Coreia do Sul. Para se ter ideia, os coreanos não fizeram nenhum remate à baliza. Forte, pressionante, nunca deixou os asiáticos respirarem. Demérito também para estes, que, nas poucas oportunidades que a defesa argelina permitiu, nunca conseguiram tirar aproveitamento, sem saber o que fazer com a bola no processo ofensivo.
Com um 3-0, muitos pensariam que a segunda parte seria de controlo da Argélia face a uma Coreia que não tinha mostrado argumentos na primeira parte para dar a volta ao resultado. Enganaram-se. Logo aos 50 minutos, a Coreia reduziu para 3-1, num grande trabalho de Heung Min-son, e voltava a colocar os coreanos na luta. Nunca desistiram, voltaram a acreditar. Rais deixou de ser espectador no jogo para ter de intervir, mas a frieza argelina voltava a colocar os africanos mais calmos. Brahimi, após assistência de Slimani, marcava o quarto golo e fazia da Argélia a primeira selecção africana a marcar quatro golos num jogo do Mundial. Mas nem com este golo a Coreia desistiu. O maior elogio que se pode dar a esta selecção foi o facto de nunca ter baixado os braços. Completamente diferentes da primeira parte, os coreanos eram agora uma equipa mais agressiva. Chegaram ao segundo golo, por Já-Cheol Koo, e foram atrás do 4-3. O jogo manteve-se vivo, com a Coreia a arriscar tudo e a Argélia a jogar na expectativa, aproveitando os espaços que os coreanos deixavam na defesa.
O resultado final diz tudo. Um grande jogo, mais um. Este Mundial está a ser fantástico em termos de futebol. Uma Argélia que entrou com tudo, e uma Coreia que acordou na segunda parte e nunca desistiu. Mérito para a Argélia, que meteu em sentido os asiáticos desde o primeiro minuto, mas há que louvar a entrega dos jogadores da Coreia do Sul na segunda parte. A Argélia parte em vantagem para a última jornada: tem três pontos, tem cinco golos marcados e depende de si própria para passar. A Coreia do Sul terá de fazer contas e depender de outros para passar, mas joga frente a uma Bélgica já qualificada.
Quem não esteve tão bem como os jogadores foi o árbitro. Depois dos erros no México vs Camarões, com dois golos anulados para os mexicanos, agora foram dois penáltis, um para cada lado, por marcar. José Pinheiro Borda já foi considerado o melhor árbitro sul-americano, era um dos favoritos a apitar a final, mas a sua prestação até agora tem estado abaixo do esperado.
A Figura:
Slimani – Marcou e fez duas assistências. Foi uma dor de cabeça para os defesas sul-coreanos. É, claramente, a figura desta equipa.
O Fora-de-Jogo:
Defesa coreana – Hoje foi um dia não para a defesa da Coreia do Sul, principalmente para os centrais. Os quatro golos demonstram a passividade desta defesa, que hoje nunca se encontrou.