O novo número um nacional – Entrevista Diogo Schaefer

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    Diogo Schaefer largou o ténis para se dedicar aos estudos mas a paixão pelo desporto falou mais alto: entrou no mundo do Padel e, neste momento, ocupa o número um do ranking nacional da modalidade. Ao Bola na Rede confirmou a ambição de continuar em grande forma e partilhou a certeza de que o Padel está em Portugal para ficar.

    Bola na Rede: Começaste por jogar Ténis de competição e é sempre interessante perceber o porquê da mudança. Quando foi o teu primeiro contacto com o Padel? O que te fez deixar o Ténis e enveredar pelo Padel? O que te cativou? O que mais gostas no Padel que o Ténis não oferece?

    Diogo Schaefer: É verdade. Joguei ténis quando era novo e comecei muito cedo. A mudança foi um processo natural. No ano seguinte a ter jogado o Estoril Open, optei por seguir os estudos e “largar” a competição. O primeiro contacto com o Padel foi no Lisboa Racket Centre. Foi o primeiro clube a ter campos de Padel e como sempre estive presente na vida do clube, jogava na brincadeira. É um desporto muito giro e muito fácil de começar, o que me levou a evoluir rapidamente e como sempre tive o instinto de competir, foi fácil cativar-me e começar a fazer uns torneios com os meus amigos. A grande vantagem do Padel em relação ao ténis é sem duvida a vertente social que o desporto oferece.

    BnR: Sentes muita diferença, em termos de ritmo de jogo, do Ténis para o Padel?

    DS: Sim, sem duvida. Ténis é um desporto mais rápido e na minha opinião mais intenso. São dinâmicas diferentes até porque o Padel é sempre jogado a pares o que faz com que nem sempre sejamos solicitados durante um ponto. Os estímulos são diferentes, assim como a movimentação, a táctica e a componente técnica e física. São muito diferentes.

    BnR: A que achas que se deve o brutal crescimento que a modalidade teve e está a ter em Portugal? Achas que tem a ver com o facto de não ser uma modalidade difícil de começar a praticar? Ou com a dimensão de convívio que permite?

    DS: O Padel, em Portugal, cresce de uma forma incrível. Não me recordo de uma febre tão grande com nenhum outro desporto nos tempos recentes. É uma modalidade viciante. Fácil de aprender e em pouco tempo qualquer pessoa consegue divertir-se dentro de um campo sem ajuda de um professor ou grande performance física. Penso que é o grande segredo do Padel. A sua facilidade (inicial). Assim como a componente social. Permite jogar com amigos, família, colegas de trabalho, com diferentes idades e até níveis de jogo distintos que continuamos a passar bons momentos dentro do campo. É uma característica singular do Padel. Por fim, tudo o que foi criado à volta da modalidade. Os torneios, os convívios, os eventos, os níveis. Tudo faz com que o Padel continue a crescer sem sinais de paragem. Muito pelo contrário: hoje em dia, todos já ouvimos falar e praticamente todos já tiveram com uma raquete na mão.

    O jogador português ocupa, actualmente, a primeira posição do ranking nacional Fonte: Diogo Schaefer
    O jogador português ocupa, actualmente, a primeira posição do ranking nacional
    Fonte: Diogo Schaefer

    BnR: Estás num grande momento da tua carreira, a nível nacional. Ocupas, actualmente, o número dois do ranking, apenas atrás do Diogo Rocha. Sentes que é possível, neste momento e tendo em conta o também grande nível de jogo que o número um apresenta, alcançar o primeiro posto? É um objectivo a curto prazo?

    DS: No momento em que respondo a esta entrevista, já ocupo o número um nacional. Já em Setembro tinha alcançado essa marca: o topo do ranking nacional. Com a actualização dos pontos, regressei a número um. Não vivo em função de rankings, nem me tira o sono, mas é um reconhecimento de todo o esforço que tenho feito. Muitos e muitos treinos e horas dedicadas a uma causa. Ao ver estes resultados, deixa-me orgulhoso assim como às pessoas que me rodeiam. Fico contente pelos meus alunos, pelo meu clube Lisboa Racket Centre, pelo Benfica, família e os patrocinadores que me apoiam em todos os momentos. Sem eles, nada disto seria possível e deixa-me feliz poder retribuir todo o apoio com resultados. Mas isto não fica aqui – Quero mais! [N.D.R: Quando a entrevista foi feita, o número um era ainda ocupado por Diogo Rocha]

    BnR: A nível internacional, ocupas a 252ª posição do ranking WPT, numa modalidade que é, ainda, bastante dominada pelos jogadores argentinos e espanhóis, dada a tradição da modalidade nestes países. Sentes que Portugal, a longo prazo, poderá vir a figurar em lugares mais altos do ranking WPT?

    DS: Sem duvida. Já estou a projectar a próxima época e quero voltar ao circuito mundial. Este ano, por vários motivos, apostei mais a nível nacional e cumpri com todos os objetivos a que me tinha proposto. Agora é tempo de traçar novas metas. Já estive melhor colocado (top 120) mas chegar ao top 100 é uma vontade que tenho. Espero reunir todos os apoios para que possa apostar a 100%.

    BnR: Quais são os teus principais objectivos para o que resta da temporada, nacional e internacionalmente?

    DS: A nível nacional, o Campeonato Nacional que se disputa no meu clube, o Lisboa Racket Centre. Quero jogar bem “em casa”, assim como vencer as restantes etapas do circuito em que vou participar. A nível internacional, quero estar presente no Campeonato da Europa e ajudar o meu País a conseguir o melhor resultado possível. De referir que o Europeu é jogado em Portugal, no final do ano.

    BnR: Achas que a aposta dos clubes grandes, como é o caso do Sporting e Benfica, é uma força extra para o Padel nacional? Sabemos que é uma modalidade em grande crescimento, em Portugal, mas certamente esta adesão dos grandes clubes ao Padel trará mais visibilidade à modalidade…

    DS: Acima de tudo bem trazer visibilidade e promoção a um desporto que ainda é recente. Credibilidade igualmente. São grandes instituições e trás algum prestígio ao Padel ter clubes com forte tradição nas modalidades associados à modalidade. É um orgulho enorme para mim, ser atleta do Sport Lisboa e Benfica.

    BnR: Quem são as tuas maiores referências no circuito mundial?

    DS: Certamente não será surpresa nenhuma dizer que aprendo a ver o Bela, Pablo Lima, Juan Martín Diaz, Sanyo e tantos outros que nos fazem querer treinar mais e melhor. Para isso, é preciso ir treinar para perto deles.

    Diogo Schaefer representa agora o Benfica, no Padel Fonte: Diogo Schaefer
    Diogo Schaefer representa agora o SL Benfica, no Padel
    Fonte: Diogo Schaefer

    BnR: Na tua opinião, o crescimento que o Padel está a ter em Portugal é indicador de que a modalidade se vai implantar no país ou pode ser apenas uma moda?

    DS: O Padel veio para ficar. É mais que uma moda, é uma certeza. Prova disso é o número de clubes, o número de praticantes, o número de filiados, de norte a sul de Portugal. Como referi anteriormente, não acredito que o crescimento pare tão cedo. Ainda há muito para fazer e trabalhar.

    BnR: Este ano contamos com dois torneios do circuito mundial em solo nacional: a segunda edição do Lisboa Challenger, em maio, e o Portugal Padel Masters, em Setembro. É um reconhecimento para o Padel português?

    DS: Quero acreditar que sim. São grandes provas, grandes eventos que são muito importantes e um privilégio que se realizem no nosso país. Temos de aproveitar. É uma oportunidade para os praticantes em Portugal verem de perto os melhores do mundo. Mas é sempre importante referir que já tínhamos tido provas WPT em Portugal – em 2013 e 2014, o  Open WPT no Racket e em 2016 e 2017, também tivemos mais eventos WPT.

    BnR: Perdeste na segunda ronda da pré-prévia do Portugal Padel Masters, ao lado do Francisco Neves, frente à dupla Ignacio Otero/Javier Martínez Vázquez. O que correu mal? Esperavas um resultado melhor?

    DS: Não se trata de correr mal. Vínhamos com pouco ritmo competitivo (a nível internacional naturalmente) e sabíamos que tínhamos de estar ao nosso melhor. Primeiro jogo exemplar e segundo jogo muito parecido onde estivemos sempre por cima no primeiro set, inclusive a servir para fechar o mesmo. Mas o Padel é assim. Por vezes vira. Mas tivemos óptimas sensações e ficámos contentes da forma como jogámos e foi uma ocasião para treinar para o Campeonato Nacional.

    BnR: O Padel tem, em Portugal, uma grande adesão a nível de praticantes, mas não conseguiu ainda conquistar, entre o público, a popularidade desejada para uma modalidade com este potencial de crescimento. O que pode ser feito para levar mais pessoas a ver Padel? Os torneios e a modalidade em si precisam de maior divulgação?

    DS: Uma melhor projecção resultante de um trabalho mais profissional ao nível da comunicação e gestão dos clubes também. Ainda é visto como uma novidade e aspectos importantes são deixados de lado. A comunicação é tudo nos dias que correm. Eu bem sei que integrei uma equipa na minha própria agência de publicidade. As marcas precisam de entrar com mais força também. São elas que fazem mexer o mercado. É uma tema extenso.

    O português não chegou tão longe como gostaria no Portugal Padel Masters Fonte: Diogo Schaefer
    O português não chegou tão longe como gostaria no Portugal Padel Masters
    Fonte: Diogo Schaefer

    BnR: Ainda neste campo, esperavas um melhor desempenho dos jogadores portugueses?

    DS: Sinceramente, penso que está ajustado ao nível de empenho que existe em Portugal. No meu caso, adorava ter os apoios necessários para ir treinar e jogar para Espanha.

    BnR: Para terminar: num jogo de sonho, podes escolher à tua vontade, a nível nacional ou mundial, um par e dois adversários, quem seriam?

    DS: Eu e Juan Martín contra Bela e Lima. Ganhávamos seguramente.

    Foto de Capa: Diogo Schaefer

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    Francisca Carvalho
    Francisca Carvalhohttp://www.bolanarede.pt
    Aos 20 anos, a Francisca gosta de dar pontapés na bola, mas evita os pontapés na gramática. É uma confessa adepta do Sporting e grande fã de desporto, em especial futebol e ténis, embora não saiba o suficiente para escrever sobre qualquer um deles.                                                                                                                                                 A Francisca não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.