BnR: Que pontes é que a ADESL tem com o mundo do desporto profissional?
GR: Temos algumas pontes. Mas não a nível de clubes, porque não cabe a nós fazer essa relação com clubes. Cabe a nós, isso sim, fazer a relação com as instituições de Ensino Superior, associações regionais (Associação de Futebol ou de Basquetebol de Lisboa, por exemplo) e todas as estruturas a nível de Lisboa. É colaborar com elas e fazer o melhor para cada atleta, ou seja, facilitar o processo de inscrição e o processo de participação. No fundo é ter atenção a todas essas envolvências, para que não haja assimetrias tão grandes entre o desporto universitário e o desporto praticado com um clube profissional.
BnR: Seria exequível em Portugal tornar o desporto universitário numa espécie de introdução ao desporto profissional, como se faz já em alguns países (drafts na NBA, por exemplo)?
GR: Sim, já temos alguns exemplos disso em Portugal, como a parceria da Universidade do Minho com o Sporting de Braga. Mas não me parece que seja esse o caminho que a ADESL quer ter. Queremos ter uma competição forte e coesa, mas o nosso interesse principal será sempre a questão de aumentar o número de atletas participantes nos campeonatos. Queremos que Lisboa, com os 150 mil estudantes que tem, possa ter não só 3500 atletas, mas muitos mais a praticar desporto. Porque afinal de contas a vida saudável de um atleta e de um estudante faz toda a diferença na sua vida profissional.
BnR: Podes dar-nos alguns casos de sucesso de atletas que tenham começado no meio universitário?
GR: Consigo dizer alguns atletas que praticaram e praticam algumas modalidade, mas que não começaram cá. Temos o caso da Josephine [Filipe], da AEFMH [Faculdade de Motricidade Humana], que esteve agora nas universíadas e que pratica basquetebol feminino, por exemplo. Também temos alguns atletas que não só representam Portugal, como as suas escolas nos campeonatos de Lisboa, o que dá prestígio à competição. A isto juntam-se alguns atletas que não estão num patamar tão alto, mas que representam também alguns clubes a nível nacional, primeiras ligas e tudo mais.
BnR: O que esperar das fases finais?
GR: Espero umas fases finais diferentes, que marquem os atletas que participam nelas. Estamos a falar de um apuramento para os nacionais, de um consagrar de campeão de Lisboa, e queremos dar uma perspetiva e uma realidade aos atletas completamente diferente daquilo que houve nos outros anos. Queremos que seja uma coisa competitiva e, para além, disso muito interessante para os atletas.
BnR: Resumidamente, como é organizado o modelo da competição?
GR: Conforme o número de equipas que houver em cada modalidade, há duas ou três equipas que descem nas diferentes competições. Já para os apuramentos para as fases finais, são sempre as quatro primeiras equipas de cada competição a disputar essa etapa. A partir daí o primeiro classificado joga com o quarto e o segundo classificado com o terceiro as meias-finais. Depois há a grande final e um jogo de terceiro e quarto lugar. Desses, consoante o número de equipas que participarão, a FADU envia-nos quantas equipas se apuram para os nacionais. Depois existem também os europeus e mundiais, onde vai quem vence os nacionais. É uma escadinha, por assim dizer. Começa aqui no Estádio Universitário de Lisboa, se forem equipas de cá, até chegar a altos patamares. Por exemplo, os Europeus este ano serão disputados em Coimbra, em Julho.
BnR: Quem são os favoritos este ano?
GR: Favoritos não posso dizer. Mas existem algumas equipas que se destacam pela qualidade coletiva e individual. Mas como isto é uma final, como o próprio nome diz, fases finais são sempre incertas. Podemos ter aqueles quebra-cabeças como o Caldas na Taça de Portugal, que acabou por surpreender e está neste momento na meia-final. Por isso não há favoritos e não há equipas que sejam predestinadas a ganhar. Claro que há equipas que estão mais fortes que outras, é um facto. Mas não há propriamente favoritos.