Exclusivo BnR: A nova vida de Ricardo Andrade

    Ricardo Andrade mudou de casa 27 vezes ao longo da sua carreira, mas isso não fez com que se desapegasse daquilo que o marcou. Entre Romário, Zico, Cacau, o Vietnam, Moreira de Cónegos (“O meu carro é verde por causa do Moreirense”) e Pinhal Novo, houve espaço para um meio de comunicação que ele privilegiou para dar conta das mais recentes movimentações do seu trajeto como jogador – o Bola na Rede.

    Falámos com o Ricardo à hora de almoço do último dia de maio. Sentimos um voz pesada, mas uma consciência leve, e pressentimos o que aí vinha – “estou-te ligando para te contar que vou abandonar a carreira”. Não por ter sido empurrado, claro, afinal a sua qualidade é bem conhecida dos três convites que teve para continuar o seu percurso como guardião, mas por ter decidido colocar um ponto final… irreversível, mesmo que lhe tenham chegado frases como “’Tá maluco? Você ainda tem muito para dar!”, afinal, para Ricardo “branco é branco e preto é preto, e não volto atrás”.

    Ricardo com as cores do seu primeiro (Japareguá) e último clubes (Pinhalnovense)
    Ricardo com as cores do seu primeiro (Japareguá) e último clubes (Pinhalnovense)

    Numa fase em que  ponderava os convites que teve, recebeu um que o ajudou a tomar a opção de descalçar as luvas, vindo do próprio Pinhalnovense. Pedro Santos [agora treinador principal] propôs-lhe, com o aval do investidor, continuar no clube, embora com outras funções. E ele aceitou – na próxima época, vai-se juntar “a Mauro Basto [treinador adjunto] e a Pedro Santos [treinador principal] na equipa técnica com a responsabilidade de treinar os guarda-redes da equipa sénior, bem como a da equipa júnior”.

    Mas não se ficará por aí. Isso seria pouco para abarcar a paixão que tem pela baliza e as saudades que vai ter de defender as redes – para além dos seniores e dos júniores, Ricardo Andrade vai “coordenar toda a formação dos ‘goleiros’” da equipa de Pinhal Novo.

    Luvas de Ricardo Andrade, com os nomes dos filhos - "É primordial agradecer à Uhlsport, que sempre acreditou que podia jogar na Primeira"
    Luvas de Ricardo Andrade, com os nomes dos filhos – “É primordial agradecer à Uhlsport, que sempre acreditou que podia jogar na Primeira”

    Ricardo Andrade deixa assim o futebol de campo com um legado longo e do qual se deve orgulhar. Afinal, nem todos os guarda-redes conseguiram ‘encravar’ o Sporting ao ponto de um dirigente (Augusto Inácio) lhe confessar – “só nos tramas, pá!”. Nem todos os guarda-redes foram capazes de segurar um penalti de Lima e nem todos os guarda-redes colaboraram com gente do gabarito de Zico ou Romário.

    Podia tentar ser arrogante na hora de saída, mas não conseguiria. Afinal, Ricardo é ‘gente boa’. É  ‘gente’ que atravessou um caminho de adversidades, e com as quais soube lidar graças aos ensinamentos da Sra. Ledir Ribeiro, sua mãe, que sempre lhe instigou a olhar para a frente. Ricardo é ‘gente’ leal, fiel e agradecida. É ‘gente’ que reconhece o papel do seus na sua longa carreira –  “o que estou fazendo hoje [parar de jogar], a minha esposa não me deixou fazer em 2009 e foi graças a ela que prolonguei a minha carreira por mais oito anos. É a grande responsável por ter vindo para Portugal. Com ela, tive dois filhos, e por eles acredito que posso fazer mais e melhor”.

    P.S.: Na próxima página segue uma nota de Ricardo Andrade aos fãs, adeptos, clubes e presidentes com quem se cruzou

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