Um Chelsea a dar os últimos cartuchos em busca de um lugar de acesso à Liga dos Campeões recebia um Liverpool ainda sob o efeito da êxtase que fora a passagem à final dessa mesma competição. De um lado havia Giroud e Hazard, do outro havia o trio mortífero de Salah, Mané e Firmino.
E o resultado foi um jogo… aborrecido. Os primeiros 30 minutos foram parcos no que toca a oportunidades de golo: destaque para uma confusão na grande área do Liverpool, onde, após cruzamento rasteiro de Moses, Bakayoko prepara o remate mas Giroud acaba por “roubar” a bola ao companheiro de equipa; na outra baliza, uma perda de bola de Kanté leva a contra ataque liderado por Mané, que ainda consegue um bom remate, mas Courtois defende. Após insistência, o senegalês volta a tentar o golo, mas o guardião belga segura com facilidade.
No geral, o Liverpool era quem estava mais confortável no jogo. Tinha assumido as rédeas da posse de bola, dominando o meio campo graças a uma exibição segura de James Milner e Wijnaldum, porém o Chelsea fechava-se muito bem lá atrás, anulando o trio atacante dos reds.
Mas aos 32 minutos, os blues, que haviam vindo a crescer no jogo, fizeram uma belíssima jogada: Bakayoko – que tantas críticas recebeu esta época – abre a defesa do Liverpool com um passe para o flanco direito, onde está Moses. O nigeriano bate Andrew Robertson no duelo individual, cruza e Giroud cabeceia para o canto esquerdo da baliza, não dando hipóteses a Karius. 1-0.
Com este golo, o Chelsea ganhou confiança: três minutos depois, Fàbregas aparece na área do Liverpool e remata cruzado a partir da direita, mas a bola acaba por ir para fora. A equipa de Antonio Conte parecia ter virado o rumo do jogo repentinamente.
Até ao fim da primeira parte, o Liverpool ainda voltou a encostar o Chelsea à sua grande área, mas acusou o tento de Giroud e pouco mais fez até ao regresso aos balneários.
Ao intervalo, nenhum dos treinadores sentiu a necessidade de fazer alterações.
Os blues entraram na segunda parte muito melhor, parecendo a equipa mais solta e criativa no ataque, com alguns toques absolutamente deliciosos de Hazard. O Liverpool tentava ser mais direto, mas a solidez defensiva do Chelsea mantinha-se. Salah, Mané e Firmino estavam a ser marcados na perfeição: apenas o senegalês tinha algum espaço, e era quando vinha atrás buscar jogo.
Aos 56 minutos, há um momento fantástico de Hazard: no meio de três defesas do Liverpool, consegue entrar na área a partir do flanco esquerdo e remata, para defesa apertada de Karius. No canto consequente, Antonio Rüdiger ainda marca com um cabeceamento, mas o golo é anulado por fora de jogo, que as repetições confirmam.
Até aos dez minutos finais, tivemos um jogo… aborrecido. Novamente. Os únicos da equipa dos reds que pareciam procurar ativamente o empate eram Mané, que nunca parou de correr e de tentar, com grande dificuldade, encontrar espaço, e Jürgen Klopp, que tirou Nathaniel Clyne e Andrew Robertson (dois defesas) para fazer entrar Jordan Henderson e Dominic Solanke (ex-Chelsea). Este último foi particularmente importante, já que o treinador alemão o fez entrar pelo seu porte físico e pela sua altura. Quer isto dizer que os últimos dez minutos do Liverpool se resumiram a cruzamentos para a área do Chelsea, onde Azpilicueta, Rüdiger e Cahill lidaram com os perigos de forma exímia.
Aos 79 minutos, Marcos Alonso quase deu a esta tarde em Stamford Bridge algo verdadeiramente memorável: Moses bate Milner no flanco direito, faz o cruzamento e o lateral esquerdo espanhol aparece ao segundo poste fazer um espetacular remate de primeira. A bola vai cruzada e passa a centímetros da baliza de Karius.
Infelizmente, não tivemos um dos golos do ano: tivemos um Chelsea à la época 2016/2017, que soube anular o ataque adversário e teve em Kanté um dínamo incansável; tivemos, também, um trio atacante do Liverpool anormalmente apagado, em grande parte devido à excelente cobertura dos defesas da equipa londrina, e talvez também em consequência da emoção vivida a meio da semana, com a passagem à final da Liga dos Campeões.
À entrada para a última jornada, o Chelsea mantém vivo o sonho de atingir o acesso à liga milionária, enquanto o Liverpool terá de esquecer essa mesma competição e focar-se na partida contra o Brighton se quiser manter a terceira posição.
Foto de capa: Chelsea FC