Benevento Calcio: Um ponto na memória do futebol

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    Creio que o futebol, na sua génese caótica, surpreende-nos tantas vezes com histórias intra-jogo que se perpetuam e que mais parece fazer deste jogo que tanto amamos uma modalidade com guião.

    Mas não tem. Ele é mesmo assim: uma paixão tão forte nesta realidade mortal que nos faz transportar para terrenos da transcendência, do sonho.

    A história sobre a qual organizo estes parágrafos é protagonizada pelo Benevento. Não é gloriosa, longe disso. Todavia, estou certo que nunca mais sairá das nossas memórias de amantes do ‘Calcio’.

    Sim, ‘calcio’, porque esta história se passou em Itália e quem está a ler este artigo de certeza sabe do que vou falar.

    Eis o momento, a imagem, o minuto e o segundo eternizado na memória futebolística Fonte: Benevento Calcio
    Eis o momento, a imagem, o minuto e o segundo eternizado na memória futebolística
    Fonte: Benevento Calcio

    Benevento é uma província italiana da região sul. É lá que reside o Benevento Calcio que, de 2015/2016 a 2017/2018, trepou da 3ª divisão para a Serie A italiana, estreando-se no principal escalão transalpino pela primeira vez na sua história.

    Os “Stregoni” (feiticeiros), como se pode verificar pela referência no seu emblema, entraram para a história também pelos piores motivos, pois nas primeiras 14 jornadas do presente campeonato, não conseguiu somar qualquer ponto.

    Pelo meio, o treinador Marco Baroni e o diretor desportivo Salvatore di Somma foram despedidos, em finais de outubro. Chegou Roberto de Zerbi, 38 anos, para orientar a equipa.

    9 das 14 derrotas haviam sido pela margem mínima, portanto o primeiro ponto já tinha estado perto.

    No último domingo, o Benevento recebia o milionário AC Milan, na estreia do ‘allenatore’ Gattuso no banco ‘rossoneri’. O jogo era no Municipal Ciro Vigorito. Corria o minuto 95, o Benevento perdia por 2-1, Catani, médio da equipa da casa, bateu um livre para a área, lá dentro estava quase todos os jogadores e uma última esperança. Ela chegou num voo de guarda-redes, mas para cabecear. E ela entrou!

    Ela entrou e foi o ‘portiere’ Alberto Brignoli que deu o primeiro ponto à sua equipa. Para sempre ficará a imagem de toda a equipa a correr atrás do eufórico homem de luvas com os braços abertos.

    Esta história não é protagonizada pelas grandes estrelas nem pelos melhores do mundo, mas ajudam a bendizer a sedução do nosso futebol universal. O Benevento até pode nunca mais pontuar, mas este ponto nunca será esquecido.

     Foto de capa: Benevento Calcio

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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    Rúben Tavares
    Rúben Tavareshttp://www.bolanarede.pt
    O futebol foi a primeira paixão da infância, no seu estado mais selvagem e pueril. Paixão desnuda. Hoje não deixou de ser paixão, mas é mais madura, aliada a outras paixões de outras idades: a literatura, as ciências sociais, as ciências humanas.                                                                                                                                                 O Rúben escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.