Bruno Miguel Borges Fernandes. Começou a dar os primeiros pontapés na bola no campo do Pasteleira, clube histórico da cidade do Porto, com o qual o Boavista sempre manteve estreitas relações. Integrou os axadrezados e por lá permaneceu até aos 18 anos, altura em que Itália o chamou, passando despercebido ao radar de qualquer um dos grandes de Portugal.
A Udinese recrutou-o na Serie B e fez três épocas de grande nível no principal escalão transalpino. Este ano cumpre um empréstimo à Sampdoria, iniciando a aventura de forma algo irregular, mas onde parece já ter ganho o seu espaço, com a titularidade em nove dos últimos dez jogos. Leva já 4 golos no Calcio e serve muitas vezes de bandeja Quagliarela, Muriel e companhia.
Quem não está desatento são os selecionadores das equipas jovens de Portugal, que o têm aproveitado ao máximo e onde já chegou a capitão dos sub-21, atestando da sua enorme maturidade. 22 anos de puro talento, talvez raça e classe sejam duas palavras que o definam bem. Atuando como médio ofensivo, não deixa de vir recuperar bolas ao seu meio campo, para depois a partir das alas ou do centro criar desequilíbrios nas defesas contrárias.
Arrisca imenso no último passe e é senhor de um pontapé forte e colocado, que aplica muitas vezes depois de diagonais para o centro do terreno, bem como nas bolas paradas que cobra de forma exímia. Pergunto-me como é que este talento passou despercebido às centenas de ‘scoutings’ e coisas parecidas que abundam por este país fora, ao serviço de vários clubes de maior dimensão.
Se mantiver a regularidade e o nível apresentados até agora, será alvo de cobiça por parte de clubes mais sonantes na Serie A ou de qualquer outro campeonato de top da Europa. Seria interessante vê-lo evoluir pelo nosso campeonato, pois traria mais magia, irreverência e qualidade a qualquer um dos três grandes de Portugal. Porém, penso já ser difícil fazê-lo voltar ao país que o viu nascer para o futebol, pelo menos por agora.
Num artigo recente, coloquei-o às portas da seleção A. Não só pelo que tem feito na serie A, mas também pela grande preponderância que tem ganho nos sub-21 e na seleção olímpica. Está na linha de jogadores como Bernardo Silva, João Mário ou Raphael Guerreiro, mas ainda não atingiu a notoriedade e o reconhecimento em Portugal de que estes já gozam. Mas Fernando Santos estará certamente atento e na renovação que já leva em marcha aparecerá o nome de Bruno Fernandes muito em breve, se nada de extraordinário acontecer.
Foto de capa: Bruno Fernandes