Alemanha 4-0 Portugal: os abutres e os pardalinhos

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    O RESCALDO

    Vou começar esta análise com as palavras que se impõem para o que resta deste Campeonato do Mundo: Levantar e cabeça e corrigir os erros que nos atraiçoaram neste primeiro jogo. Numa competição com esta dimensão e importância não pode haver tempo para lamentações, críticas fáceis e rebaixamentos desnecessários. Há mais jogos por realizar e uma qualificação por disputar.

    Analisar esta derrota de Portugal é, neste momento, um exercício inglório. De entre tantos desastres que marcaram a derrota portuguesa hoje frente à Alemanha, é difícil encontrar uma explicação lógica para tanta apatia e inibição num grupo de jogadores que tem o privilégio de disputar um Mundial de futebol. Quatro golos sofridos, outros tantos por sofrer, expulsões e lesões, e a maior derrota de uma selecção nacional em fases finais.

    Quem viu os primeiros minutos deste Portugal vs Alemanha, disputado na Arena Fonte Nova, em Salvador, dificilmente imaginaria um desfecho tão penoso para a selecção portuguesa, dada a acutilância ofensiva dos portugueses nos primeiros minutos de jogo. A explorar a velocidade de Ronaldo e Nani, Portugal até criou algum perigo à defesa alemã composta por quatro defesas centrais. Os receios de Joachim Low, técnico da Alemanha, relacionados com o explosivo contra-ataque português, pareciam fazer sentido nos instantes inicias da partida, mas rapidamente se dissiparam.

    Cronologicamente, o minuto 11 marca por completo um jogo que se previa, à partida, equilibrado, mas que revelou um massacre de alemães a português, ou melhor, de abutres a pardalinhos. Este momento corresponde ao primeiro golo da selecção alemã, o primeiro dos três apontados por Thomas Muller. Depois de uma péssima abordagem ao lance de João Pereira, Muller ganhou posição na área e o defesa do Valência agarrou o avançado do Bayern. Penalty bem assinalado, 1-0 para a Alemanha e comando de jogo para a Mannschaft.

    Com a vantagem no marcador, a bola passou a rolar somente entre os homens que vestiam o branco da Alemanha e Portugal não mais voltou a encontrar-se em campo. Kroos, Khedira, Ozil e Gotze engoliram os centros campistas portugueses e passaram a controlar todo o ritmo da partida. O segundo golo da Alemanha acabou por aparecer com a naturalidade que o controlo alemão auspiciava e a cabeçada de Hummels, por entre os centrais portugueses, foi a machadada final nas aspirações português nesta tarde. Seguiu-se a expulsão ridícula de Pepe que, após agressão a Muller, deixou Portugal completamente perdido em campo, decorridos apenas 30 minutos de jogo.  E pouco tempo depois, quando parecia que as coisas não podiam piorar, eis que surge um terceiro golo alemão, a castigar mais um erro defensivo português.

    A segunda parte, como diz (e bem) Paulo Bento, dificilmente poderia ter outra história. Com um homem a menos, e contra uma poderosíssima e confiante selecçâo alemã, Portugal limitou-se a esperar pelo final do jogo, mesmo tendo que continuar a ser engolida pelo metodismo e qualidade dos germânicos. Do lado nacional, não havia força para mais nada, senão lutar pela honra das quinas e esperar que Ronaldo trouxesse algum brio ou brilho à exibição portuguesa. O capitão tentou, mas, e à imagem dos seus colegas, foi sempre inconsequente.

    Antes do final do jogo, o pesadelo lustitano conheceu mais dois tristes episódios. A lesão de Fábio Coentrão é um duro golpe para a equipa neste Mundial e o facto de tratar de uma mazela com alguma gravidade relega para segundo plano o quatro golo alemão, apontado por Muller, o melhor do alemães.

    Com dois jogos para disputar,  a nau portuguesa nesta aventura brasileira ainda não está afundada, mas para chegar a bom porto tem que mudar alguns timoneiros. Hugo Almeida não pode ser o ponta-de-lança de Portugal neste Mundial, Éder parece ser a opção mais acertada, e William Carvalho e Ruben Amorim merecem o seu lugar no onze nacional. Sem Pepe e, aparentemente, Coentrão para os próximos jogos,  Neto e André Almeida são as opções mais viáveis para os substituir.

    Muller apontou um hat-trick  Fonte: Eurosport
    Muller apontou um hat-trick
    Fonte: Eurosport

    A Figura

    Thomas Muller: O avançado do Bayern fez três golos numa fase final de um Mundial e esse feito está ao alcance de poucos. Foi ágil, astuto e perspicaz nos golos que apontou e um perigo constante para a defesa português. Até esteve na origem na expulsão de Pepe.

    O Fora-de-Jogo

    Portugal: Num mundial de futebol, não se pode aceitar tamanha apatia e distracção  de uma equipa que tem milhões de olhos em cima. Demasiados erros defensivos, e um amadorismo inadmissível. Há muito a melhorar, mas também há matéria para isso. Vamos ter crença e esperança nos nossos jogaodores.

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    João Pedro Óca
    João Pedro Ócahttp://www.bolanarede.pt
    O João Pedro Óca é um alentejano a fazer o gosta mais em Lisboa: jornalismo, sobretudo desportivo, na TVI e na CNN Portugal. Além disso, ainda dá uma perninha como narrador na Eleven.