Loucura (do) Mundial

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    Existe um frenesim no ar. Os passarinhos cantam mais alto, os bichinhos de conta pululam e as flores crescem. É um cenário de primavera perfeito. Até o calor está a ajudar a que esta época simpática surja ainda mais cedo.

    Não obstante este bonito quadro, é de outra coisa que as pessoas mais querem falar. O maior acontecimento desportivo do planeta: o Campeonato do Mundo de Futebol. Os campeonatos nacionais e internacionais ainda não acabaram, mas mesmo assim já se sente aquela vibração de uma Copa; ou não estivesse uma já aí à porta.

    Dei por mim imerso nesta doideira e resolvi voltar aos tempos de menino. Colecionismo! Agora todos querem os seus crominhos e figurinhas do Mundial para mais tarde recordar e mostrar aos amigos, filhos, netos, ao papagaio, sei lá. Falei disto a um amigo e ele também disse que fazia. Só que pelo computador. E eu: “como é que é?”. Agora parece que dá para fazer de um modo mais “amigo do ambiente” (embora um computador ligado possa poluir mais do que um bocadinho de papel). Retorqui que essa forma não tinha piada. A piada de abrir a saqueta. Trocar os repetidos. Colar. Enfim. Um manancial de rituais.

    Um dos autocolantes mais raros… Fonte: relvado.sapo.pt
    Um dos autocolantes mais raros…
    Fonte: relvado.sapo.pt

    Quando adquiri a caderneta dos autocolantes da Copa, pensei que nunca mais acabaria a coleção. Enganei-me. Felizmente no meu bairro existem várias papelarias. Mas não foi numa papelaria que engendrei um esquema que por ora vos passo a contar. Então, eu precisava urgentemente de saciar o vício dos cromos. Passei por três jornaleiros e disseram que estavam todos esgotados. Ao chegar a casa, lembrei-me de que havia por ali um quiosquezinho. Um quiosque daqueles que se não estivermos atentos nem percebemos que é um posto de venda de informação e entretenimento, visto ter tamanha publicidade envolta na armadura cinzenta. Quando fui efetuar o ato de compra, o senhor, muito simpático e traquinas, deu-me um molhinho de cromos já abertos e disse para eu tirar aqueles que não tinha, porque assim não havia erro. Paguei o correspondente a 20 figurinhas e fui embora. Pensei cá para mim: “afinal ainda há gente com olho para isto”. Para o sujeito esta coleção está a ser fácil. Ele abre as encomendas todas. Parece-lhe que só faltam uns 10, penso eu. Para mim também vai correr de vento em popa. Agora não me importo de andar mais um pouquinho para a esquina do lado, de modo a obter os tão famigerados autocolantes. Aqueles que conseguir não serão repetidos. Pode é faltar dinheiro, mas isso já é outra questão.

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    Daniel Melo
    Daniel Melohttp://www.bolanarede.pt
    O Daniel Melo é por vezes leitor, por vezes crítico. Armado em intelectual cinéfilo com laivos artísticos. Jornalista quando quer. O desporto é mais uma das muitas escapatórias para o submundo. A sua lápide terá escrita a seguinte frase: "Aqui jaz um rapaz que tinha jeito para tudo, mas que nunca fez nada".                                                                                                                                                 O Daniel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.