Revista do Mundial’2014 – Grécia

    cab irão mundial'2014

    No último Campeonato do Mundo na África do Sul, a Grécia qualificou-se, ganhou apenas um jogo e foi prontamente eliminada da competição na primeira ronda. E, no entanto, foi a equipa grega com mais sucesso em fases finais da história dos Mundiais. Desde que participa em fases finais de campeonatos do mundo, a Grécia nunca se conseguiu impôr. Em 1994, na sua primeira aparição, não marcou um único golo e perdeu os três jogos na fase de grupos, tendo registado um goal average de 10-0. Desde sempre, a Grécia nunca teve grandes estrelas no seu plantel, mas, mesmo assim, conseguiu ganhar o Campeonato Europeu de 2004, batendo o anfitrião, Portugal, por 2 vezes. Esta equipa, hoje em dia, é ainda muito forte a nível defensivo e até convém relembrar as palavras do selecionador alemão, Joachim Löw, antes de defrontar os gregos, em que afirmava que enfrentar a seleção de Fernando Santos era como “comer pedra”.

    A Grécia estará no grupo C do campeonato com a Costa do Marfim, Colômbia e Japão, sendo provavelmente o mais equilibrado de todos. O estilo defensivo  dos gregos poderá mesmo vir a ser determinante para seguir em frente para as fases a eliminar da competição, nas quais poderá encontrar a Itália ou a Inglaterra, seleções essas que não devem meter medo à equipa da Grécia. Os gregos estão bem classificados no ranking da FIFA e o seu lugar no top-10 de seleções só foi alcançado graças a muito trabalho e muitas vitórias.

    Para o treinador da Grécia, Fernando Santos, que irá abandonar a equipa no final do campeonato, a meta é muito clara: “O primeiro objetivo é passar a fase de grupos. Depois logo se verá“, referiu o técnico português, que, em 2012, levou a Grécia aos quartos-de-final do Campeonato Europeu: “Não vamos ao Brasil passar férias. Esta é a nossa terceira aparição num campeonato do mundo e queremos seguir em frente pela primeira vez“.

    O experiente treinador português, quando anunciou os 23 convocados para o Brasil, apresentou algumas surpresas no lote de escolhidos. Desde logo nas escolhas do médio Panayiotis Tachtsidis e do guarda-redes Panayiotis Glykos, em detrimento de nomes como o avançado Stefanos Athanasiadis e o defesa Avraam Papadopoulos. E fez ainda questão de realçar a importância de jogadores experientes como Loukas Vyntra e Kostas Katsouranis.

    Os outros 5 membros retirados da primeira lista de 30 pré-convocados, para além de Athanasiadis e Avraam Papadopoulos foram Alexandros Tzorvas, Nikos Karabelas, Costas Fortounis, Dimitris Papadopoulos e Nikos Karelis. Para além destas ausências, por lesão, Fernando Santos ficou ainda privado de utilizar o defesa central do Schalke 04 Kyriakos Papadopoulos, devido a lesão. 

    OS CONVOCADOS

    Guarda-Redes – Orestis Karnezis (Granada), Panayiotis Glykos (PAOK) e Stefanos Kapino (Panathinaikos)

    Defesas – Costas Manolas, Jose Holebas (both Olympiakos), Sokratis Papastathopoulos (Borussia Dortmund), Vangelis Moras (Verona), Giorgos Tzavellas (PAOK), Loukas Vyntra (Levante) e Vassilis Torosidis (Roma).

    Médios – Alexandros Tziolis (Kayserispor), Andreas Samaris, Yiannis Maniatis (both Olympiakos), Costas Katsouranis (PAOK), Giorgos Karagounis (Fulham), Panayiotis Tachtsidis (Torino), Yiannis Fetfatzidis (Genoa), Lazaros Christodoulopoulos e Panayiotis Kone (ambos do Bolonha)

    Avançados – Dimitris Salpingidis (PAOK), Giorgos Samaras (Celtic), Costas Mitroglou (Fulham) e Fanis Gekas (Konyaspor).

    A ESTRELA

    Kostas Mitroglou Fonte: london24.com
    Kostas Mitroglou
    Fonte: london24.com

    O avançado do Fulham Kostas Mitroglou, apelidade carinhosamente pelos adeptos como “Mitrogoal”, é a grande figura da equipa. Marcou 3 dos 4 golos da Grécia frente à Roménia, no playoff de apuramento, e, antes de se ter transferido para o Fulham, era o homem-golo do Olympiakos.

    O “Pistolero” marcou 41 golos em 84 presenças pela equipa grega e tornou-se no primeiro jogador da Grécia a marcar um hat-trick na Liga dos Campeões, em outubro de 2013, frente ao Anderlecht. Na temporada de 2013-2014 marcou 17 golos em 19 presenças pelo Olympiakos, ajudando-os a sagrarem-se campeões novamente.

    Mitroglou assinou um contrato de 4 anos e meio com o Fulham, em janeiro deste ano, numa verba de aproximadamente 12 milhões de euros. No então, e infelizmente para o jogador, sofreu um grave lesão no joelho, que lhe tem limitado as presenças na equipa inglesa.

    Relativamente ao seu desempenho na seleção, Mitroglou tem sido aposta regular de Fernando Santos até hoje, muito embora só tenha conseguido marcar um golo na fase de grupos (o que se deve em grande parte ao esquema algo conservador do treinador português). No entanto, o avançado do Fulham é muito importante a segurar a bola e a fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque da Grécia.

    Desde 2009, altura em que se estreou pela Grécia, Mitroglou já somou 28 internacionalizações, tendo feito o gosto ao pé por 8 vezes. E, numa equipa tão direcionada para o coletivo, Mitroglou tem sido um dos elementos mais consistentes no plantel.

    O TREINADOR

    Fernando Santos Fonte: Getty Images
    Fernando Santos
    Fonte: Getty Images

    O treinador português Fernando Santos transformou uma equipa condenada, que vivia do sucesso alcançado no Europeu de 2004, numa seleção coesa e de presenças habituais nas fases finais das competições de seleções. Desde 2010, quando pegou na equipa, Santos tem um registo positivo impressionante de 24 vitórias, 13 empates e apenas 5 derrotas, sendo que dois desses desaires foram em jogos amigáveis em que usou jogadores mais jovens e inexperientes.

    Fernando Santos esteve, inclusivamente, invicto nos primeiros 15 meses enquanto selecionador, feito que lhe permitiu qualificar-se facilmente para o Euro’2012 (onde perdeu, como já foi referido, para a Alemanha nos quartos-de-final).

    O treinador português tem feito a sua carreira entre Portugal e a Grécia, tendo já passado por vários clubes como o FC Porto, Benfica, Sporting, AEK, Panathinaikos e PAOK de Salónica.

    Apesar de não ter muitos títulos na sua carreira, Fernando Santos ficou conhecido na Grécia por salvar equipas que estavam em graves dificuldades financeiras e desportivas. O mesmo se aplicou ao seu trabalho na seleção grega, em que pegou na equipa, depois da fraca campanha no Mundial’2010 e colocou-a a jogar bom futebol e a ter resultados positivos.

    Ele conseguiu manter o estilo sólido a nível defensivo do seu antecessor, Otto Rehhagel, mas imprimiu na equipa algumas mudanças inovadoras e ao seu estilo, como o investimento em jovens de qualidade e que já mereciam uma oportunidade, bem como a aposta recorrente em 3 avançados. Os fãs adoram-no e ele adora os gregos.

    “Nunca senti nada assim. Os gregos acolheram-me como um deles”, referiu Fernando Santos, logo após a qualificação para o Mundial. Os jogadores festejaram com ele, ele chorou e falou para a comunicação social, em grego, pela primeira vez. 

    O ESQUEMA TÁTICO

    11 grécia

    Apesar de Fernando Santos alterar o alinhamento da equipa durante certos jogos, o 4-3-3 é o seu esquema tático preferido, tal como a titularidade de Orestis Karnezis entre os postes e todo o setor defensivo. No meio-campo, sim, é que residem as principais dúvidas.

    Kostas Katsouranis e o médio Yannis Maniatis aparecem como favoritos para ocupar duas das três posições disponíveis no centro do terreno. A outra vaga é talvez a maior incógnita, pese embora o facto de Alexandros Tziolis levar alguma vantagem em relação ao experiente Karagounis e a Andreas Samaris.

    Na frente de ataque, Dimitris Salpingidis foi um dos principais responsáveis pelo vitória da Grécia no playoff frente à Roménia, a par do já referido Kostas Mitroglou. E, claro, é impossível imaginar esta equipa da grécia sem o poderoso Yorgos Samaras. 

    O PONTO FORTE

    Provavelmente nenhuma outra equipa do Mundial apresenta um espírito coletivo tão forte quanto o da Grécia. Desde 2004, quando levantou o troféu, que a Grécia consegue aliar uma defesa sólida e um grupo de jogadores bastante disciplinados, que funcionam como uma máquina perfeitamente oleada e em ótimas condições.

    A defesa continua muito forte e nem o estilo de jogo mais aventureiro de Fernando Santos, em relação a Otto Renhagel, fez cair essa característica. Na qualificação para o Mundial’2014, a Grécia apenas sofreu 4 golos na fase de grupo, apesar de ter implementado um sistema de rotatividade na sua defesa por 4 ocasiões. E três desses golos foram sofridos na derrota com a Bósnia (3-1), o que quer dizer que a Grécia sofreu apenas um golo nos outros 9 jogos. No entanto, é necessário que a equipa saiba balancear melhor a sua defesa com um ataque mortífero, de modo a ter condições para ultrapassar a fase de grupos.

    O PONTO FRACO

    Num grupo que inclui a Colômbia, Japão e a Costa do Marfim, a defesa da Grécia terá a sua quota parte de trabalho normal para cumprir e tentar, ao mesmo tempo, explorar as melhores ocasiões para marcar. A grande dificuldade desta equipa é mesmo a falta de uma filosofia atacante, que dificultará bastante a tarefa dos gregos para vencer os encontros. A maior esperança da Grécia é mesmo contar com uma defesa forte e um Mitroglou recuperado e em boa forma física.

     

    Artigo traduzido por Mário Cagica Oliveira

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