Um Mundial decisivo para o Brasil… e para Neymar

    Neste mês de junho, poucas equipas chegaram à Rússia com tanta pressão como a Seleção Brasileira. Desde a humilhante derrota por 7-1 frente à Alemanha, no Mundial de 2014, a Canarinha ainda contou com duas saídas precoces da Copa América (2016 e 2017), e o melhor que tem para mostrar é uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2016. Os rapazes com as vibrantes camisolas amarelas já estão habituados a ter os olhos postos neles; mas raramente têm os dedos apontados a si. Em 2018, mais que nunca, têm de se mostrar à altura do desafio. E no centro desta situação está um nome: Neymar da Silva Santos Júnior.

    O número 10 do Brasil foi dos poucos que não tiveram culpa naquela noite terrível de 8 de julho de 2014: isto porque não jogou, devido a lesão. Teria a história sido diferente com Neymar em campo? Nunca saberemos, mas dificilmente o extremo poderia ter feito alguma coisa para evitar as falhas defensivas dos seus colegas. É quase irónico que a sua lesão tenha sido na zona lombar, uma vez que, ao longo da competição, tinha, em grande parte, levado a sua equipa às costas.

    Em 2018, a situação é diferente. Na equipa já entraram jogadores que falam a mesma linguagem futebolística de Neymar: Coutinho, Roberto Firmino, Gabriel Jesus, entre outros. Aquele perfume que andou desaparecido há quatro anos voltou ao futebol brasileiro. Ainda assim, em Terras de Cristo Rei, as maiores expectativas estão inevitavelmente depositadas no craque do Paris Saint-Germain.

    Podemos dizer que Neymar está mais bem acompanhado neste Mundial
    Fonte: FIFA

    Aliás, a verba de 222 milhões de euros que o PSG pagou por Neymar no verão passado só aumentou esta pressão. Não é só na França que terá que justificar este preço; terá de o fazer também na Rússia.

    Para já, ainda está tudo em aberto para a Seleção Brasileira: o empate com a Suíça, embora desapontante, não comprometeu as esperanças da equipa. Mas o facto de o novo penteado de Neymar ter sido mais comentado do que o seu jogo espelha a forma como o extremo esteve apagado na partida. Não teve uma exibição propriamente má. Mas espera-se sempre mais de Neymar; espera-se sempre um rasgo de génio, uma finta impossível, um golo espantoso. E isso não surgiu, em parte devido à marcação cerrada – e dura – dos suíços. Neymar sofreu dez faltas naquele jogo, um recorde de infrações sofridas por um só jogador em partidas do Mundial

    Contra a Costa Rica, mostrou-se relutante em enfrentar um adversário no um para um. Começa a acusar a pressão, e isso ficou claro com a frustração que demonstrou ao longo do jogo, da qual o árbitro foi muitas vezes o alvo. O choro no final representa o alívio de um jogador que sabe perfeitamente o que se espera dele. O seu golo aos 97 minutos acaba por mascarar uma exibição que em pouco melhorou relativamente à anterior.

    Com o Brasil a um passo do apuramento para os oitavos de final, poderá ter mais tempo para provar que a equipa pode contar consigo para resolver um jogo. Ainda se pode assumir como a principal figura desta equipa.

    A medalha de ouro em 2016 serviu para matar alguns fantasmas, mas os adeptos brasileiros só pensam em ver os canarinhos a levantar o troféu no dia 15 de julho, em Moscovo. E, para chegar aí, terá de ser o seu número 10 a guiá-los à vitória.

    Foto de Capa: FIFA

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    Gonçalo Taborda
    Gonçalo Tabordahttp://www.bolanarede.pt
    O Gonçalo vem de Sacavém e está a tirar o curso de Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. Afirma que tem duas paixões na vida: futebol e escrita. Mas só conseguia fazer uma delas como deve ser, por isso decidiu juntar-se ao Bola na Rede.                                                                                                                                                 O O Gonçalo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.