Um ano depois da desilusão, North Carolina voltou ao topo

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    Podem guardar a imagem do ”Crying Jordan” na vossa pasta de memes por mais um ano. Desta vez Michael Jordan sorriu no fim, quando a universidade que representou enquanto jovem, North Carolina, levantou o troféu da NCAA. Os Tar Heels recusam-se a falar em redenção relativamente ao que aconteceu em 2016, mas não há como fugir: depois de uma final perdida ao som da buzina e bem ao jeito de um qualquer filme inspirador sobre uma equipa que supera as adversidades, North Carolina regressou à final do torneio universitário de basquetebol e conquistou o troféu. O jogo não foi bonito. Esteve a dois ou três apitos de ser um ensaio da banda musical escolar e contou com uma percentagem de lançamento digna de um jogo de sub-10.

    Mas recuemos um ano. Na primeira segunda-feira de abril de 2016, os Tar Heels recuperaram de uma desvantagem de seis pontos no último minuto e meio e empataram a final do torneio da NCAA a 4.7 segundos do fim, só para verem Kris Jenkins mostrar ao mundo o porquê de chamarem às eliminatórias desta competição, March Madness. Em cima da buzina, o triplo do extremo de Villanova encontrou a rede. Soltaram-se os confettis e a festa dos Wildcats, enquanto os jovens de North Carolina caminhavam, cabisbaixos, em direção ao balneário. O sonho do base Marcus Paige, que havia empatado a final antes do triplo de Jenkins, não se iria concretizar. Mas antes de sair da Universidade de North Carolina para o draft da NBA, Paige fez questão de indicar aos jogadores que voltariam depois do verão o que era esperado deles. Apenas oito equipas na história tinham regressado à final no ano seguinte a terem perdido. E nenhuma tinha levado um golpe tão grande nas suas aspirações como aquele que Jenkins desferiu nos Tar Heels…

    Entretanto, março chegava novamente e North Carolina ia de esperanças renovadas. Os jogadores não queriam falar de 2016, por muitas perguntas que os jornalistas lhes fizessem. Porém, todos sabiam o que significava aquele regresso à fase final do torneio da NCAA. Os Tar Heels foram fazendo o seu caminho, de vitória em vitória até aos quartos-de-final. E viram um fantasma desaparecer: Villanova era eliminado por Wisconsin. Mas os fantasmas não tinham desaparecido por completo e, nos quartos-de-final, os Tar Heels deixaram Kentucky recuperar de uma desvantagem de sete pontos no último minuto. A maioria das equipas teria desmoronado, mas não os Tar Heels. Com sete segundos para jogar, o treinador Roy Williams não pediu desconto de tempo como a maioria faria. Williams gosta de aproveitar o caos gerado nestas situações, Pinson avançou a bola e assistiu Luke Maye para o cesto da vitória. No dia seguinte, às oito da manhã, Luke apareceu na sua aula de contabilidade de gestão e foi recebido com uma ovação de pé pelos seus colegas. O seu lançamento tinha garantido uma viagem até Phoenix para a Final 4 no fim-de-semana.

    Mesmo lesionado, o base Joel Berry foi eleito o melhor em campo na final Fonte:  NPR
    Mesmo lesionado, o base Joel Berry foi eleito o melhor em campo na final
    Fonte: NPR

    Chegados a Phoenix, os Tar Heels defrontavam os Ducks de Oregon e pareciam bem encaminhados para a segunda final da NCAA em outros tantos anos. Até que os lançamentos pararam de cair novamente e outro pesadelo nos momentos finais do jogo se adivinhava. Com 5.8 segundos para jogar e com uma vantagem de um ponto, Kennedy Meeks, poste de North Carolina, falhou dois lances-livres. A maioria dos treinadores diria aos seus jogadores para recuarem para a defesa, mas não Roy Williams, treinador da equipa com mais ressaltos ofensivos na NCAA. Pinson assegurou o ressalto e entregou a Joel Berry, que falhou outros dois lances-livres. “Sem problema” – terá dito Kennedy Meeks, que no meio da confusão garantiu novo ressalto ofensivo e o regresso dos Tar Heels à final.

    Exatamente 364 dias depois daquele lançamento de Jenkins, North Carolina regressava ao palco principal do basquetebol universitário. E com Kris Jenkins mesmo atrás do banco da equipa que havia derrotado um ano antes. Não porque o jovem tivesse um estranho sentido de humor, mas sim para apoiar o seu irmão adotivo, o base dos Heels, Nate Britt. Numa partida mal jogada no Estádio Universitário de Phoenix, mais de 76 mil pessoas assistiram ao vivo a duas equipas combinarem para 34.8% de eficácia de lançamento. 44 faltas e 20 lances-livres falhados depois, as coisas não corriam bem para nenhum dos intervenientes em campo. Exceto Joel Berry, que depois de torcer ambos os tornozelos durante o torneio, apareceu, ainda com dores, para fazer 22 pontos e 6 assistências na partida. No entanto, os fantasmas continuavam a pairar sobre North Carolina. Ou talvez fosse só impressão nossa e os fantasmas nunca tivessem existido para começar. Porque com 26 segundos para jogar, Isaiah Hicks, que exatamente 364 dias antes não tinha conseguido desarmar o aquele fatídico triplo, atacou o cesto e colocou os Tar Heels a vencer por três pontos. Do outro lado, Kennedy Meeks desarmou o lançamento de Williams-Goss e Joel Berry assistiu Justin Jackson que, sozinho, garantiu a vitória com um afundanço. Desta vez os confettis eram para eles. As redes retiradas dos aros encontravam-se agora ao pescoço dos homens de North Carolina e os únicos que não duvidavam desta equipa eram aqueles que agora festejavam.

    O jogo foi paupérrimo e será para sempre lembrado pelos lançamentos falhados, as faltas e por quase se ter transformado numa maratona interminável, em grande parte patrocinada pelos homens do apito que se esqueceram que estavam a arbitrar miúdos dos 18 aos 22 anos. Mas para os Tar Heels, será um jogo para sempre lembrado como a redenção de uma equipa depois de uma das derrotas mais dolorosas da história da NCAA. Por muito que nenhum deles o queira admitir…

    Foto de Capa: athlonsports.com

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    António Pedro Dias
    António Pedro Diashttp://www.bolanarede.pt
    Tem 22 anos, é natural de Paços de Ferreira e adepto do SL Benfica. Desde muito pequeno que é adepto de futebol, desporto que praticou até aos 13 anos, altura em que percebeu que não tinha jeito para a coisa. Decidiu então experimentar o basquetebol e acabou por ser amor à primeira vista. Jogou até ao verão passado na Juventude Pacense e tem o Curso de Grau I de treinador de basquetebol desde os 19. O gosto pela NBA surgiu logo quando começou a jogar basquetebol e tem vindo a crescer desde então, com foco especial nos Miami Heat.                                                                                                                                                 O António escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.