Quando comecei a escrever este artigo, era suposto que fosse sobre se Froome deveria ou não ir ao Tour, dado que estava pendente contra ela um processo devido a um Resultado Analítico Adverso na última Vuelta. No entanto, a UCI anunciou esta manhã o arquivamento do caso, portanto, essa questão deixa de se colocar.
Ainda assim, considero positivo que se olhe para o caso dessa perspetiva e se comece por considerar se Froome deveria ou não correr o Tour caso ainda estivesse sob investigação. Os argumentos de quem era contra a sua participação baseiam-se em duas linhas de pensamento: tal era negativo para a imagem do desporto e os seus resultados estariam sujeitos a serem-lhe retirados.
Ora, eu próprio defendi numa fase inicial que o britânico não devia correr, por uma questão de ética, já que a confirmar-se a suspensão era injusto para os seus colegas de profissão. Além do mais, a imagem do ciclismo já está demasiado desgastada para levar com outra situação de ver resultados retirados a um grande ciclista. Imagine-se o que seria se Froome ganhasse o Tour e, no final, fosse suspenso e lhe retirassem a vitória.
No entanto, essa minha posição inicial muda de figura quando o caso se arraste sem qualquer decisão. Na verdade, foram nove meses até termos um veredito e não é justo pedir a um ciclista, que para todos os efeitos pode estar inocente, que perca uma época praticamente toda porque o sistema burocrático que o julga não trabalha de forma rápida o suficiente.
Froome ao ataque na etapa que causou a polémica
Convém também aqui acrescentar que, estando perante uma situação de um Resultado Analítico Adverso de uma substância especificada, Froome está protegido pelas regras anti-dopagem, que não suspendem provisoriamente, o que aconteceria se tivesse sido um controlo positivo de substância proibida.
Neste ponto em concreto, considero, então, que Froome teria o direito a correr, porque o direito a pedir-lhe que não o fizesse caduca quando se é incapaz de o julgar em tempo útil.