“O Ciclismo é um desporto de drogados”, todos nós já ouvimos ou lemos isto pelo menos uma vez na vida. No dia 13 de dezembro, o mundo desportivo acordou com a bomba de que Chris Froome teria sido apanhado com doping na Vuelta. Ou seja, o melhor ciclista da atualidade de provas de três semanas foi apanhado nas malhas do doping, um assunto tão recorrente no Ciclismo e que, agora, está também em voga com a Rússia e o seu escândalo desportivo.
Não sei se Froome usa doping ou não, só a contra análise o vai provar, mas acredito que tal aconteça. Os rumores eram muitos e a Sky é vista por muitos como a nova US Postal, equipa de Lance Armstrong, que todos sabemos como acabou.
No entanto, não acredito que “o Ciclismo é um desporto de drogados” – todos os desportos o são, mas só o Ciclismo tem real interesse em averiguar quem usa doping, e não é preciso recuar muito para termos provas do que escrevo.
A Operacion Puerto foi um dos maiores escândalos de doping de sempre, apanhando muitos ciclistas como Ivan Basso e Alejandro Valverde, mas também Michele Scarponi, Tyler Hamilton ou Óscar Sevilla, além de outros ciclistas já retirados na altura, como Jan Ullrich. Os portugueses Nuno Ribeiro e Sérgio Paulinho também foram apanhados no escândalo.
Mas por que estou a falar neste caso de doping para defender o Ciclismo? Porque enquanto o Ciclismo quis investigar tudo e todos os nomes falados no caso, outras modalidades preferiram deixar passar os casos, como o Ténis, que quis abafar um possível caso de doping de Rafael Nadal, através do Ministro do Desporto espanhol; no Futebol, Eufemiano Fuentes, um dos médicos envolvidos no escândalo, confirmou que trabalhou com Real Madrid FC, FC Barcelona, Real Bétis e Valência CF. No Atletismo, o médico também foi associado a vários atletas de topo espanhol, assim como no Boxe, com um boxeur espanhol e outro francês importantes no meio.
Ou seja, temos cinco modalidades com atletas ou clubes envolvidos, mas só no Ciclismo existiu coragem para culpar os ‘drogados’. No Futebol, abafou-se o caso o máximo possível, com o médico a dizer por várias vezes que foi ameaçado de morte por elementos dos clubes visados, caso não viesse desmentir o que tinha dito antes.