Após a Volta a Portugal, a temporada ciclística nacional praticamente termina. Sem provas de relevo internas e pouca vontade e disponibilidade financeira para correr no estrangeiro, não há segundas hipóteses para os que falharam nem oportunidades para aproveitar a boa forma dos que brilharam na Grandíssima.
Este cenário atesta bem que, apesar das melhorias dos últimos anos, o panorama do ciclismo português continua frágil e a precisar de um maior investimento, já que um calendário anual com competição apenas entre fevereiro e agosto é manifestamente curto para dar ao pelotão os quilómetros necessários para que este consiga evoluir e subir de nível.
Assim, restam os circuitos de final de temporada para admirar os ciclistas e equipas lusas na ressaca da Volta. Tratam-se de provas com parca importância mediática e de curta extensão que assentam, como o nome revela, em circuitos locais, em parte à imagem dos criteriums que se realizam no norte da Europa, mas com maior espírito competitivo.
Ainda durante a Volta, deu-se o Circuito da Curia, apenas para Sub23, em que a Miranda – Mortágua dominou, fazendo a dobradinha com Jorge Magalhães a vencer à frente do campeão nacional Sub23, Francisco Campos.
Já com os Elites em prova, o Circuito do Bombarral viu João Matias aproveitar a boa forma da Volta para vencer. No dia seguinte, foi Domingos Gonçalves a levantar os braços no Circuito de S. Bernardo.
Luís Gomes, que na Volta esteve na discussão da classificação da Juventude, venceu em Navarros num circuito mais acidentado. Na Póvoa da Galega, foi outro jovem que levou a vitória, o prodígio da pista Ivo Oliveira, que representa a equipa americana Axeon.
No fim de semana do término da “Rota dos Circuitos” tivemos dois repetentes, João Matias ganhou na Malveira e Ivo Oliveira na Moita.
Os circuitos propiciam um tipo de ciclismo diferente, mais animado, ofensivo e próximo do público, não há dúvida de que são uma mais valia e uma forma apropriada de encerrar a época em festa, mas deixam a nu o quão curto é o calendário nacional. Talvez seja tempo de se trabalhar no sentido de criar mais competitividade e avançar para a existência de uma ou duas provas marcantes no período pós-Volta.
Foto de Capa: Rádio Popular Boavista
Artigo revisto por: Francisca Carvalho